O Desemprego é Real em Cachoeiro - Jornal Fato
Artigos

O Desemprego é Real em Cachoeiro

Comento, agora, estatísticas oficiais do CAGED, órgão do Governo Federal, sobre emprego e desemprego em Cachoeiro


Comento, agora, estatísticas oficiais do CAGED, órgão do Governo Federal, sobre emprego e desemprego em Cachoeiro e emprego no Espírito Santo, coisa séria, sem falsos números. Há tempos fico de olho técnico nas estatísticas oficiais de emprego em Cachoeiro e Estado, sempre na esperança de que o emprego reapareça em Cachoeiro, sem ceder à demagogia ou ao desconhecimento. Anuncio: as recentes estatísticas oficiais de emprego não são boas para Cachoeiro. Antes do atual governo municipal, concordamos, era tragédia, mas não tem melhoras na atual administração - administração que se aproxima do fim, bom esclarecer.

Apanhando dados do CAGED, insisto, a partir de janeiro de 2017, posse do atual governo, até outubro deste ano, tudo continua na mesma. Bom método de apreciação de estatísticas não é só se firmar-se em dados que nos interessam diretamente (emprego em Cachoeiro, na atual administração municipal). Aprenda com Maquiavel e faça comparações. Com isso, acertarás mais, e não imaginarás ou inventarás mundos irreais que cairão sobre nossas cabeças, no futuro.

Com estatísticas do CAGED, de 2017 e 2018 (anos inteiros) e 2019 (até outubro), totalizando os últimos 34 meses, as conclusões vão abaixo. Para comparar, tomei por base a movimentação do emprego, nos 34 meses, em Cachoeiro e no Espírito Santo. Como Cachoeiro têm 5,20 % da população do Espírito Santo (208.972 habitantes em 4.018.650 no ES), basta aplicar o percentual sobre o total de acréscimo ou decréscimo de emprego em cada ano, no Estado, para saber se Cachoeiro empregou mais - ou menos - que nosso Estado, em determinado período - coisa de ginasial.

Na atual administração municipal (janeiro 2017/ outubro 2019) Cachoeiro perdeu 837 postos de trabalho. No mesmo período, no Espírito Santo, o emprego cresceu 35.700 postos. Aplicando-se 5,20 % sobre o aumento de empregos no Estado, em comparação com o Estado, teríamos que ter tido avanço de 1.856 empregos na cidade, mas como ficamos em menos 837 empregos, significa que nosso esforço, se é que houve esforço, deu em nada. 2.693 empregos perdidos em Cachoeiro, comparando com o Esp. Santo.

Não discuto, aqui, qual a influência do atual governo municipal no quadro do desemprego, apenas indico que o "crescimento" é negativo. E como vi loas lançadas sobre alguns, dizendo coisas sem base, vai aqui a verdade, em relação ao Espírito Santo: - estamos ficando para trás quanto ao emprego com CARTEIRA ASSINADA.

O mais, deixa prá lá... por enquanto.

 

Família Fabris - 140 anos de Brasil

Poucas famílias registram efemérides como essa: - exatamente no dia 21 de novembro de 1879, há 140 anos, Giovanni Batista Fabris, sua esposa Teresa Casagrande e seus filhos Andrea, Francesco, Maria Angela, Giovanni e Domenico embarcavam no porto de Gênova, egressos da província de Treviso, região do Vêneto, ao norte da Itália. Giovanni tinha 52 anos, e Teresa, 31, e "fugiam" dos problemas na economia e das guerras com países vizinhos, catástrofes que assolavam a Itália. No Brasil, tiveram os filhos Angelo, Antônio e Luiza.

A família fez escala no Rio de Janeiro, em 10/12/1879. Em 25 de dezembro do mesmo ano, Dia de Natal, desembarcaram no Porto de Itapemirim, de onde partiram para a Colônia de Rio Novo, passando a morar no Quarto Território daquela localidade.

Tempos depois, mudaram-se para São João de Alfredo Chaves, hoje Crubixá. Alguns dos filhos logo foram residir em Guiomar e Ipê-Açu. Conforme indicam seus familiares de hoje, mantiveram seus costumes, adaptados à nova Pátria, conservando forte religiosidade católica, ainda que o nome da família fosse sofrendo alterações, como "Fabres", "Fabre" e "Fabri".

A foto que ilustra a página, traz o filho de Giovanni e Teresa, o Domênico Fabris (Menegheto) ao lado da esposa Eugênia Fiorot e as filha Maria e Iolanda (no colo), em Ipê-Açu, em nossa região.

Que a saga dessa família prossiga trazendo exemplos para todos nós.

 

 

O QUADRO DA CASA VELHA

Hércules Silva

Existe na parede do meu quarto um quadro pendurado. Não fui eu quem o pendurou, e não me pergunte quem foi, porque se soubesse já teria me queixado com o tal.

Galhos secos e nenhuma árvore. Uma paisagem inóspita que não pode existir no mundo real. Terras devastadas.

A velha casa de um alguém só. 

Gaivotas voam em um céu sem cores em desalento com a vida inexistente no quadro.

Não fosse ter moldura tão perfeita, talvez jamais tivesse sido levado em conta.

Aquele quadro é uma peça de outro lugar perdido do universo. Não pode ser deste mundo.

Por que não há sequer um tom de azul no céu?

Somente a cerca em redor do casebre ainda persiste sem estar caindo ou em farrapos.

As pessoas já não moram mais neste lugar, tudo se perdeu na infelicidade do abandono mais constante e sem fim.

Para que este fim nunca pare, a vida encarrega-se de não lhe dar cabo e nem interferir nas tristezas deixadas pelo homem em marcas e rastros pelo mundo.

Nem posso imaginar-me sequer a caminhar por tais pardos lugares.

Perder-me-ia a pensar na vida de um homem que se finda numa construção em pedaços.

Um amor que passou, que talvez tenha algum dia ficado, uma dor que não se divide com ninguém. A traição que lhe fez, por si próprio, um miserável da mediocridade.

Não é a toa que sempre corre a água, mas o rio jamais volta para trás.

É que amigo o tempo não é de ninguém, e a verdade é que poucos são os que sabem disso.

Somente velho vou entender que aquele quadro não é um quadro.

A vida estava pendurada na parede do meu quarto.

(Hércules Silva é um jovem cronista cachoeirense, autor desta crônica mais que perfeita).


Higner Mansur Advogado, guardião da cultura cachoeirense e, atamente, vereador

Comentários