O Café Nosso - Jornal Fato
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O Café Nosso


Talvez haja alguém que se espante ao começar esta ler a crônica, vendo, nela, fotos de dois estabelecimentos comerciais; mais propriamente, dois comércios de café e mais propriamente ainda, pois é ai que quero chegar: duas cafeterias especializadas em café de qualidade.

Digo isso, e quero dizer mais, porque quero manifestar a alegria de 27 anos, desde que o Café Mourads foi aberto, e a mesma alegria de 5 meses, desde quando o Café na Tuia abriu. Um no centrão de Cachoeiro, frente aos correios, ambiente mais que centenário; outro no Bairro Aeroporto, logo após o Parque de Exposição, quase frente ao SICOOB, bairro recente, dos que mais crescem na cidade.

Alimento o desejo de que o café volte à sua origem. Se aqui não tivessem chegado imigrantes e brasileiros vindos de Minas, do Rio, de São Paulo - plantadores de café, é possível que a cidade existisse, mas é certo que ela ainda não tivesse conquistado seu centenário. São os cafeicultores e o café que trouxeram vida para a região (Sul do Espírito Santo) e alavancaram nossa origem, crescimento, importância; e esse fato não pode passar em branco.

E a forma que fiz, minha parte, para não passar em branco, foi reunir proprietários e proprietárias de ambas as cafeterias, em ambiente de reconhecimento e companheirismo (não de concorrência, necessária, claro), de confraternização na cidade da qual não queremos e não vamos sair.

Quem me ajudou a chegar até aqui foi o Dr. José Paulo Jorge, amigo de inúmeros cafés matinais no Mourads e amigo que soube superar questões que outros não ousariam. Foi ele quem me despertou para o fato de que o café nosso é vendido em cafeterias do mundo inteiro. Além de nossas conversas em torno do café regional, ele me indicou programa de TV de brasileiros que visitam cafeterias do mundo inteiro. Foi num desses programas, madrugada indormida, que assisti, em Cafeteria de Melbourne, Austrália, a apresentação do café brasileiro, café das montanhas, montanhas do Caparaó que, num dia passado, havia tomado no Café da Tuia, Cachoeiro.

Não imaginara chegaríamos tão longe, que nosso café ultrapasse fronteiras tais e fizesse sucesso lá longe, outro lado do mundo, rendendo riqueza para todos, moradores do sul capixaba. Não por acaso, cafeicultores do Sul do Espírito Santo acabam de ser premiados, repercussão nacional e internacional: Muqui, Venda Nova, Dores do Rio Preto, Castelo, Caparaó, Caxixe e tantos que virão.

Espero que "minha" descoberta incentive-nos, tomadores de café, numa nova visão da região e que novas e tantas cafeterias se transformem para melhor. Espero, tenho certeza, mais que transformar, apareçam mais para nosso olhar, nosso paladar.

Que cada um pegue pelos braços um amigo cachoeirense, ou visitante que passe aqui, e o leve a uma das antigas, atuais ou novas cafeterias, para muito além do comércio, para o lado de mostrar qualidade e importância de nosso café (qualquer dia gostaria de falar dos nossos mármores e granitos). Por enquanto, sai um café ai, que ninguém é de ferro, nem o cronista. E aproveitem a culinária que vem junto com o café.

 


Higner Mansur Advogado, guardião da cultura cachoeirense e, atamente, vereador

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