Nossas Diferenças Pouco Importam - Jornal Fato
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Nossas Diferenças Pouco Importam

Ainda não tenho palavras para expressar o quanto esse espetáculo fez a diferença na minha vida


Luisa Campos Pitanga


Ainda não tenho palavras para expressar o quanto esse espetáculo fez a diferença na minha vida. Sou muito grata ao meu eterno professor Jeremias Schaydegger, por me proporcionar essa experiência de poder voltar aos palcos com um propósito tão bonito: a inclusão.

Além da minha felicidade em poder dançar com minha mãe e com a minha tia/avó Marisa (que veio de Belo Horizonte só para isso), tive oportunidade de conviver com pessoas incríveis que me ensinaram muito durante o período de ensaios.
Somos compostos por diferentes realidades, pontos de vistas, gostos, limitações... mas quando o objetivo era transmitir amor.
Aprendi muito com todos que conversei nos ensaios e espero levar vocês para a vida, obrigada por me receberem tão bem. 
Diferenças existem e precisam ser respeitadas, todos gostam de respeito e carinho, independente de que a condição dessa pessoa seja desconhecida para você.

Seja mais gentil com o "diferente", pois de pessoas cruéis o mundo já está cheio.

Faça o exercício de enxergar as pessoas além da aparência e eu tenho certeza que você conhecerá pessoas incríveis.

Pare de sentir pena ou estranheza e comece a perceber as qualidades de pessoas com deficiência, ou das pessoas no geral.

Converse com pessoas, tente entender a batalha delas ou apenas ouvir; pequenas atitudes são importantes.
Gostaria que todos tivessem essa oportunidade. Meu coração está repleto de alegria e minha cabeça muito mais aberta. A dança acolhe dançar cura.

 

Preconceito

Luisa Campos Pitanga
Nessa vida, infelizmente,  
Muita gente não me aceita pelo que sou. 
Hoje não podemos ser gay, negro ou deficiente,

Burro ou inteligente.
Não podemos ser diferentes! 
Julgam-nos sem saber, pois querem aparecer... 
Não procuram entender se estamos bem ou mal,

Para eles o bonito é ser igual. 
Então eu te digo: não tente ser igual.  
Ser diferente é legal!  
Seja você! Não tente esconder sua aparência e essência.  
Tenha orgulho de você! 
Mas esteja aberto para aprender. 
Comece a respeitar,  
Porque essas atitudes farão o mundo mudar!  
(Diz Mônica Campos Pitanga, mãe da poetisa: "Poesia escrita por minha filha, Luísa, inicio de 2017, após passar um ano bem difícil. Ao entrar na nova escola e ser acolhida pelos novos colegas, ela resolveu escrever sobre o que tinha vivido antes).

 

 

O Guardador de Imagens

Quando conheci Gil Gonçalves, nos inícios dos anos 1970, achei que era apenas mais um colega do Banco do Brasil que, cansado das viagens como Fiscal da CREAI, "descansava", colhendo propostas de crédito agrícola na agência de Cachoeiro.

Bem mais velho que eu, fomos travando, pouco a pouco, uma camaradagem que circulava ao redor das histórias que contava. Até que um dia, certamente julgando que eu já estava preparado, permitiu-me ver as fotos antigas que ajuntara com carinho e sob a maior segurança. Lembro-me do início. Por gestos que me pareciam involuntários e naturais, era proibido a mim e a qualquer outro tocar as fotografias. Pairava no ar um respeito sagrado por aquelas preciosidades. Que eu, e mais quem fosse, as visse nas mãos dele, já trêmulas, embora comandadas por um cérebro de prodigiosa memória que o acompanhou até o fim de seus dias.

Pois bem, foi essa proteção natural e involuntária de não deixar que tocassem as fotos e a sua memória fantástica, aliadas a um grande trabalho de pesquisa que nos permite, agora, ter em mãos essa maravilhosa coleção de fotos. Fotos que os seus herdeiros doam aos estudiosos e aos curiosos.

Gil Gonçalves, se o conheci bem, sempre quis uma coisa em primeiro lugar. Que seu trabalho de monge não se perdesse, que não se perdessem as fotografias que compõem este livro. Perdidas elas, perdida estaria parcela importante da nossa História, da história de Cachoeiro de Itapemirim.

Gil Gonçalves foi homem simples no ser, mas escondia na simplicidade um trabalho insuperável. Existem sim, mas são poucos, raríssimos, os homens capazes de fazer um trabalho de formiguinha, por vezes encarados como sem expressão, para vê-lo transformado, no correr dos anos, em obra monumental. Estas fotos, este livro, são a fotografia em corpo inteiro de Gil Gonçalves.

Queira Deus que sua obra, agora recolhida neste livro de imagens de um tempo que passou, seja farol consistente para tantas outras pessoas - crianças até e principalmente - que colecionam, ainda que por obrigação escolar, notícias, fotos ou qualquer coisa que amanhã se transforme em História.

Gil Gonçalves, posso dizer, já se sente recompensado pela homenagem de seus familiares. De D. Lysette, do Sandoval, da Lúcia, da Hilda e de seus netos. E, por que não dizer, do Sebastião Azeredo, genro e companheiro dos últimos anos.

De mim, digo que é uma das grandes honras de minha vida, senão a maior delas, poder ver publicado este livro e ter merecido a confiança de D. Lysette e dos seus, de prefaciá-lo juntamente com o Dr. Aylton Bermudes.

(Meu prefácio no livro de fotografias de Cachoeiro, de Gil Gonçalves. O livro foi publicado em 1999, está praticamente esgotado e merece nova edição - é a maior memória fotográfica de Cachoeiro. As fotos originais estão sob minha guarda e nem eu e nem a família de "Seo" Gil nos oporemos a nova edição digna de sua memória. Gil faleceu no dia 26 de agosto de 1996; depois de amanhã completam-se 23 anos de sua partida.)

 


Higner Mansur Advogado, guardião da cultura cachoeirense e, atamente, vereador

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