Minha Perdida Aldeia (*) - Jornal Fato
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Minha Perdida Aldeia (*)

O meu olhar cativa o momento de compreender aquelas alegres cores dos flamboaians


Por Milton Ximenes Lima

 

Do alto da montanha mais alta,

faço exercícios de contemplação...

No horizonte de muitos sóis,

descubro esplendores em azul

pincelando o céu sobre as serras,

abençoando envelhecidos caminhos

que aprisionam a minha terra.

O meu olhar cativa

o momento de compreender

aquelas alegres cores dos  flamboaians,

e a vaidade da  única acacieira

que teima em amarelecer

o rastro dos meus passos

na  íngreme e histórica  ladeira.

Pelas ruas,

incógnitos rostos  zombam das minhas lembranças

de semeador de saudades.

O rio, amendrontado e sem cor,

não mais murmura no  coração da grande aldeia...

À leste, a grande pedra, antes altaneira,

adormece e adoece,

porque os abrigos dos homens

se aproximam, de suave maneira,

já pisam seus verdes pés.

Por detrás, um frade e uma freira,

imagens também em pedra,

em solidária irmandade,

emprestam exemplos de fé

e lhe oferecem orações inúteis e sem idade

Muito depois do crepúsculo,

ao embalo da madrugada sem sonhos,

na janela do quarto imenso e sem alma

da hospedaria,

tento reconhecer

e recolher

as estrelas da minha infância:

elas me confidenciam eternas sabedorias,

me aconselham a partir

e não mais regressar,

porque o menino que fui

dissolveu-se  nos ventos de outras dimensões,

abraçado às  ruínas daquela  vida

do tempo anterior,

(imagens,  carícias e canções,

e algumas lágrimas escondidas),

da sua  cidade antiga e tão querida,

berço do primeiro poema de amor!

 

Premiada no Concurso de Poesias da UNIVAP - Universidade do Vale do Paraíba de 2007, em São José dos Campos, Estado de São Paulo.  Resultado divulgado em junho de 2008. Publicada na Revista da Academia Cachoeirense de Letras nº 21, Ano 2008. Publicada na página 11, Coluna "Poesia", de responsabilidade de Rosemary Lopes Pereira, Diretora e cronista, no Jornal O RADAR nº 2188, julho 2009, da Apucarana - Paraná. Formatada em p.p. por Terezinha Medeiros, prima residente em Vitória,ES, com fotografias minhas e dela.


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