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As memórias me movem. Mais do que paralisam. E acho que isso é bom


As memórias me movem. Mais do que paralisam. E acho que isso é bom. Não sei ao certo, mas creio mesmo que aromas, sabores, sons e lembranças que valem a pena reenergizam. Preenchem vazios e dão sentido à vida. Nos esperançam e fazem crer que podemos retomar histórias, mesmo que em outro contexto, e num grau de maturidade que nos permita fazer as mesmas escolhas ou decidir por outros sonhos e opções.

Com uma pitada, grande ou pequena, de experiência que nos permita acelerar ou colocar o pé no freio. Nada mais é novidade. Já vimos de tudo um pouco. Já choramos e sorrimos. Acertamos e erramos. Percorremos curvas e retas e sabemos exatamente em que parte do caminho é preciso parar para o pit stop.

Para os ajustes necessários para que superemos adversários, obstáculos e alcancemos a vitória. Para que vençamos nossos próprios medos. Nossas fragilidades e dúvidas. Memórias ruins, sei bem disso hoje, após a cicatrização das feridas, deixam boas lições. A gente aprende a não cometer os mesmos erros e a percorrer novas estradas, com outros olhares, nas mesmas ou em novas companhias. O importante é prosseguir, evitando as rotas de colisão.

Sim, porque se tem uma coisa que a gente não esquece são as besteiras feitas de cabeça quente, que trouxeram mais prejuízos que benefícios. E também são inesquecíveis as pessoas e circunstâncias pelas quais temos eterno motivo de gratidão. Mesmo que ninguém seja perfeito, porque todos somos humanos e falhos, há sempre o que agradecer.

Sou dessas. Ainda me lembro de pessoas com as quais trabalhei, de cores partidárias diferentes e opções políticas que não são as minhas, mas que fizeram parte da minha vida e com quem caminhei em boa parte da minha trajetória. Outras, aos contrário, são a menina dos olhos e agiram exatamente como eu agiria. Tenho muito orgulho delas. E da história que construímos juntos. De muito trabalho respeito e dedicação. Realmente sou movida pelas memórias. Especialmente pelas olfativas, gustativas e táteis. Coisa boa.

Dizem que quem gosta de passado é museu, mas as boas lembranças merecem sim, um lugar de destaque na prateleira reservada aos melhores afetos. Carinho faz bem à alma e ao coração. Melhora a cútis, como diria uma amiga. E dá sentido à vida.

Que os bons momentos do passado e do presente nos impulsionem na construção de novas memórias. Cheias de aventuras, expectativas e sonhos. Daquelas capazes de acelerar o coração. De ruborizar de emoção ao ouvir aquela música especial ou sentir aquele cheirinho de flor do jardim da infância. Que a vida nos surpreenda. Sempre, em qualquer tempo e em qualquer lugar. Nós merecemos esse mimo.


Anete Lacerda Jornalista

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