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Pronto, acabei de fazer meu Imposto de Renda; entreguei, tive imposto a pagar


Pronto, acabei de fazer meu Imposto de Renda; entreguei, tive imposto a pagar - não muito - aguentei quitar; parcela única. Enquanto preenchia as onze páginas da declaração, ia me lembrando de declarações passadas que fizera. Tantos as minhas, que as tenho em cópia, papel, até hoje, como a de colegas do Banco do Brasil, que confiavam no meu "taco", cabendo lembrar que eram uns trinta colegas e eu não cobrava nada deles. Nas duas últimas semanas do prazo final de entrega, eu virava as noites para entregar, datilografadas, as declarações de cada um. Era um prazer muito grande servir aos colegas, serviço gratuito, e virar noites não me incomodava nada.

Um dia danou-se. Estava eu na AABB, domingo de manhã, e acabara de fazer a última declaração, a do Juquinha (vamos inventar o nome) que estava justamente na minha mesa do clube. Falei que não dormira na noite passada e, ele, feliz, me diz: - "Mansur, tomei um porre ontem aqui na AABB e saí miando pelas três da madruga!!". Aí eu pensei: - "Filha da mãe, e eu acordado, fazendo seu imposto de renda de graça!".

Sem desconsiderar o colega, ruminei: - "nunca mais vou deixar de dormir para fazer declaração de Imposto de Renda de ninguém" - e foi isso que ocorreu. Não fiz mais.

Mas para recusar o "serviço" na declaração do ano seguinte, sendo todos amigos, tive que usar de artifício. A quantidade de declarações estava aumentando muito e eu já começava a ter dificuldade de preenchê-las todas. Foi quando um amigo - contador, Juca (nome inventado) - me chamou para ajudá-lo a fazer as declarações (pessoas físicas) de seus clientes (pessoas jurídicas). Estamos, ambos, no mesmo "buraco". Enquanto eu não cobrava pelo serviço aos amigos, os clientes do amigo não queriam pagar pelo preenchimento da declaração do IRPF, e ele achava que devia pagar - ele era contador da pessoa jurídica, não da pessoal física.

Juntou a fome com a vontade de comer.

Eu disse para meus colegas que eu estava trabalhando com o amigo Juca, para fazer declarações de renda dos clientes deles e cobrava meio salário mínimo por declaração, mas tinha que trabalhar com exclusividade para o Juca, a não ser que o colega pagasse o meio salário, a ser rachado com o contador. Com isso, perdi todos os meus "clientes". De seu lado, o contador Juca passou para seus clientes, pessoas jurídicas, que ele não mais faria declarações de IR de pessoas físicas - não dava tempo - mas ele tinha um especialista no assunto, um tal de Mansur, que só cobrava meio salário por declaração.

Dois problemas foram resolvidos. Fiz as declarações dos clientes do amigo por dois anos, até me deu uma renda boa. E não é que deixei de ter noites indormidas!

(Creio que nem preciso dizer que agimos, eu e Juca, dentro da maior legalidade, responsabilidade, honestidade, etc. ... e quem quiser que conte outra).

 

Árvore da Chuva

Em fins de maio do ano passado (23), a pedido, mandei uma muda da árvore da Praça dos Macacos, aqui em Cachoeiro, à cachoeirense Márcia Colombi Guidi. A árvore chama-se - no popular - "Árvore da Chuva".

Á árvore mãe da muda é aquela imensa árvore plantada há algumas décadas pelo Dr. Vicente de Paula Miranda. Fica frente à casa dele e ao lado do Restaurante Molinas, no Bairro Gilberto Machado. Tal muda foi plantada e cuidada pelo agrônomo José Arnaldo de Alencar, com quem estamos traçando nova distribuição delas, quando setembro chegar - e claro que, como sempre, com a colaboração do Dr. Vicente.

A árvore desta página é o resultado da muda encaminhada à Márcia. E a foto é de 13 de abril de 2019, menos de ano do seu plantio definitivo, já com 3,5 metros de altura.

Plantemos mais e falemos menos.

 

E o PDM? Continua a mesma...

Os procedimentos de modificações no PDM - Plano Diretor Municipal - de Cachoeiro, bem que mereciam melhor atenção do cidadão, vez que, a meu ver, as últimas quatro administrações municipais, a partir do governo do MDB, inclusive a atual, deixaram muito a desejar, desastrosas mesmo, e é por isso que todo o mundo reclama, em Cachoeiro, da falta de mobilidade urbana, das construções públicas e privadas irregulares, da invasão do Rio Itapemirim pelas mesmas obras irregulares e mais um monte de coisas secretas da Capital Secreta.

Em 11 de setembro do ano passado (que data forte, lembram-se!?) uma empresa do Rio Grande do Sul, a Latus Consultoria, ganhou concorrência para orientar tecnicamente os trabalhos de revisão do PDM de Cachoeiro, trabalhos que deveriam estar concluídos em outubro de 2016, ainda no governo passado - então, o Governo Casteglione e o Governo Vitor tem responsabilidades não cumpridas. O custo do serviço da Latus é de R$ 342.806,74 (mas não se assustem, breve será reajustado e, provavelmente, reajustado mais de uma vez).

Eu não sei e a cidade não sabe quem é a Latus. Você sabe, leitor? Parece que ela não tem endereço na cidade - ou alguém sabe o endereço dela ou, ao menos (embora não signifique nada) um telefone dela, com prefixo 028?

Até hoje não se tem notícia prática do trabalho dela. Sabe-se que há algum tempo fez reunião no plenário da Câmara Municipal, com pouca gente. Depois, 18 de março deste ano, fez a denominada "Primeira Audiência Pública" na Escola Zilma Coelho. Mas o caput da ata, publicada no site da Prefeitura, diz que a audiência foi na Sala de Reuniões da Semdurb, mas se não foi é como se fosse, vez que lá compareceram 135 pessoas, sendo que só da administração pública foram 78 (58%), mais 14 alunos (10%), convocados, creio, só porque são alunos e 43 outros cidadãos (só 32%), esses, provavelmente, em maioria absoluta interessados na maior liberalidade na legislação - nada contra, mas é por isso que o PDM de Cachoeiro é uma merda - não foca nas necessidades da população.

Já escrevi 126 artigos nos jornais e revistas de Cachoeiro sobre as mazelas do PDM; a maioria deles críticos, e pouco tenho a alterar; escritos desde 1990, há 29 anos. E ainda fico espantado como as coisas se repetem em nossa cidade. O Ministério Público já derrubou, de uma penada só, 21 leis absolutamente inconstitucionais, de mudanças na lei do PDM de Cachoeiro e eu não tenho dúvidas de que derrubará o arranjo legal que se anuncia.

Ou nossa cidade e cidadãos acordam, ou continuaremos a fazer o papel miserável de só criticar as más coisas públicas... depois de consolidadas, xingando os prefeitos que já foram e silenciando quanto ao que se faz nos dias que correm.

Quando já não tem conserto, não adianta reclamar e, nesse caso, a maior culpa é do nosso silêncio, quando não for da nossa covardia.


Higner Mansur Advogado, guardião da cultura cachoeirense e, atamente, vereador

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