Homenagem a, com orgulho, minha mãe: Anair Lovatti de Oliveira - Jornal Fato
Artigos

Homenagem a, com orgulho, minha mãe: Anair Lovatti de Oliveira

O que dizer dessa mulher?


Simples, amável e silenciosa. Agitada como ninguém, não faltavam roxos nas pernas, nos braços e nas coxas. Dizer não, não aprendeu. Mesmo cansada, sempre dizia SIM a quem pedia ajuda.

Enquanto criança, soube honrar os pais; enquanto mulher, soube amar a família, renunciar pelos filhos e pelos seus.

Enquanto irmã sempre esteve disposta a ouvir e a pacificar eventuais conflitos. Enquanto tia era aquela que sempre soube acolher e nunca reclamou porque todos moradores, do prédio familiar onde morava, tocavam sua campainha para que ela abrisse o portão de entrada.

Sabia perdoar como ninguém e, além disso, via qualidades nas pessoas que ninguém mais conseguia ver.

Nunca aprendeu a reclamar e enfrentou todos os desafios que a vida lhe impôs com o olhar voltado para o céu.

Por certo, muitas são as pessoas que têm bons testemunhos a dar acerca da Anair, com orgulho minha mãe. Mulher que, embora sempre tenha conhecido a Deus, em certo momento, descobriu um amor incondicional pelo Criador e passou a ter sede de conhecer sua Palavra.

Após ter em si despertado o genuíno amor por Deus, passou a se preocupar, além de ajudar nas necessidades passageiras, com a partilha do evangelho da salvação.

Vida fácil não teve, mas quem nessa vida tem?

Apesar disso, trazia em si uma certeza, o que foi ressaltado ao descobrir o câncer que, mais tarde, a levaria precocemente aos braços do Pai. Essa certeza foi a primeira coisa que, assim que teve o diagnóstico da doença, disse:

- "Deus é Deus, curando ou não, mas farei o possível para ser curada".

Assim, passaram-se cerca de 1 ano de 02 meses enfrentando um câncer que, em geral, mata com 06 meses. Após julho de 2018, quando foi diagnosticada, várias maravilhas aconteceram, seguem algumas:

  1. a) A casa dessa mulher de fé se tornou uma casa de oração, de louvor e de partilha da palavra de Deus;
  2. b) A família se uniu ainda mais, os filhos passaram a ver que a mãe, que antes cuidava sozinha, precisava de cuidados e, estar ao lado dela passou a ser o melhor presente de Deus;
  3. c) Mesmo assustada, a família passou a aprender sobre fé com o testemunho dessa mulher; alguns mudaram de lugar e/ou descobriram o prazer de se colocar na total dependência de Deus;
  4. d) A Igreja evangélica, de várias denominações, e a católica, se uniram em oração. Muitos que nem a conheciam, oraram por ela e cada oração chegou ao céu;
  5. e) Muitos dos que foram, por ela, orar, ao se despedirem, afirmaram que saiam fortalecidos na fé e consolados;

Poderia ficar narrando os detalhes da doença por laudas, poderia descrever que, a cada quimioterapia, uma veia se perdia pois era queimada pelo medicamento; poderia dizer que sentia enjoo, que a fraqueza física se tornou sua maior companheira, poderia falar que essa doença é cruel, mas, no meu coração, sobressaem os ensinamentos deixados por essa mulher tão amada, tão especial, tão querida, tão apaixonante, tão linda, tão abençoada, tão..., e, por fim, tão exemplo da total dependência de Deus, são eles:

  1. a) Deus é Deus curando ou não;
  2. b) O que vem para nós, não podemos fugir;
  3. c) Deus é merecedor de gratidão pois mesmo nas dificuldades, e principalmente nessas, é Ele quem nos sustenta e nos ajuda a levantar.

 

Pois é, assim viveu essa mãe, filha, irmã, esposa: cuidando, amando e servindo a Deus mesmo quando as forças físicas lhe faltavam.

O que dizer dessa mulher?

Que descansou... Que, se pudéssemos enxergar o mundo espiritual, no momento em que fechou os olhos para essa vida passageira, subiu feliz, ao lado de Jesus, para encontrar os fiéis que já se estabelecem no paraíso.

Deixou sofrimento? Não. Deixou saudade e, com ela, um pouco de tristeza, mas sobretudo, deixou a certeza de que "combateu o bom combate, de que acabou a carreira e guardou a fé". Por isso, sua família, que teve tempo para demonstrar o quanto ela era amada, permanece em paz, as vezes chorosa, mas firme no Senhor Jesus, único caminho que nos leva ao Pai, com quem Anair, desde o dia 12 de setembro de 2019 às 1h30, se encontra.

Assim, somos gratos pelos anos ao seu lado, mas, agora que sua missão se cumpriu, voltou ao Pai. Nós, filhos e familiares, permanecemos na gratidão e pedimos, apenas, que Deus nos dê a graça de nos mantermos féis até o fim, pois, assim, teremos a certeza de que, um dia, mataremos nossa saudade.

Amor eterno.

 

Katiuscia

18 de setembro de 2019

 

  

 


Katiuscia Marins Colunista/Jornal Fato Advogada e professora

Comentários