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Ainda que brasileiro de nascimento, vem de longe o novo bispo de Cachoeiro (Arcebispo)


É bastante certo que algo muito importante acontecerá em Cachoeiro, no dia e a partir do dia 20 de março próximo, quando - às 9 horas da manhã - na Catedral de São Pedro, centro da cidade, ocorrerá a posse canônica de D. Luiz Fernando Lisboa, como bispo de Cachoeiro e região, sendo certo que, por ato do Papa Francisco, ele virá como Arcebispo (até onde eu sei, um degrau acima na hierarquia da Igreja Católica). Nunca vi isso, deve ter acontecido poucas vezes e por motivos justos e heroicos. 

Ainda que brasileiro de nascimento, vem de longe o novo bispo de Cachoeiro (Arcebispo). D. Luiz Fernando Lisboa vem de Moçambique (África), para onde fora levado para o bispado pelo atual Papa Francisco, o mesmo que o traz especificamente para a terra cachoeirense, que estava sem bispo há quase 30 meses. 

Se já não fosse pela importante e robusta atuação de D. Luiz em Moçambique, exercendo e comandando importante atividade social de proteção aos mais pobres, aumenta mais ainda essa importância, vez que ele parte para cá, depois de diálogos e encontros com o Papa Francisco - não é comum a gente ouvir isso.  

A atuação de D. Luiz Fernando Lisboa em Pemba e adjacências, em Moçambique, examinamos recentemente, é prenhe de lutas em favor dos menos favorecidos e não poderia ser de outra forma (se olharmos com justiça), vez que na África principalmente - e não só lá - ou se é "menos favorecido", ou se é "favorecido" - não tem meio termo ao menos socialmente em países onde a miséria acampa. 

D. Luiz não hesitou em ficar ao lado dos menos favorecidos, não por demagogia, mas por missão - o que lhe fez dizer e atuar no sentido de que o principal motivo dos conflitos é o econômico, correndo - diz-se por lá e em Roma - risco de vida. É missão igual à que assumiu e que lhe indicou dar tratamento decente e de cordial amizade aos seguidores da religião islâmica e outras.

É dele, bispo Luiz, agora arcebispo, esta frase que poucos têm coragem de dizer, quanto mais praticar: - "Não há conflito entre as religiões em Cabo Delgado, nem em Moçambique. Líderes religiosos convivem muito bem, fazemos trabalhos juntos". 

E mais esta: - "Desde o tempo em que cheguei a Cabo Delgado, em Moçambique, no início de 2001, nunca ouvi falar que tivesse havido algum problema entre as religiões, seja ele desentendimento, guerra ou litígio. Pude experimentar na minha própria vivência do dia a dia quanto respeito há entre as religiões, não só entre os líderes maiores, mas também nas aldeias, com o povo". 

É a prova definitiva de que é alguém que tem missão religiosa e social e a cumpre; e nem chegou a Cachoeiro e já começa a dar bons exemplos. 

Para fechar esta crônica esperançosa, nada melhor do que uma outra frase do próprio D. Luiz Fernando Lisboa, que será alegremente recebido em nossa cidade e região em 20 de março próximo. Diz ele, num noticioso da CNBB, do dia 2 do corrente março: 

- "Eu fiquei em Moçambique por 20 anos e agora volto para o Brasil; tenho que reaprender muita coisa, mas penso que posso partilhar a experiência que trago e posso animar muitos a realizarem essa mesma experiência: ir ao encontro das pessoas e daqueles que mais precisam. Assim como tenho para aprender, também tenho para partilhar". 

Seja bem-vindo D. Luiz.


Higner Mansur Advogado, guardião da cultura cachoeirense e, atamente, vereador

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