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Fui à comemoração dos oitenta e dois anos de idade do Epiphânio Gasparini


Fui à comemoração dos oitenta e dois anos de idade do Epiphânio Gasparini. Mora em frente à catedral São Pedro, no centro da cidade de Cachoeiro de Itapemirim, bem perto do tradicional Caçadores Carnavalescos Clube que completará oitenta anos de Baile de Gala em 29 de junho de 2019. Epiphânio é uma pessoa do bem. Religioso ao extremo, pensa, como bom cristão, apenas, no bem estar da humanidade. Vai além na preocupação pela condição de vida nas comunidades. Fiel às suas convicções e aos amigos. Um fã incondicional do cantor e compositor cachoeirense Roberto Carlos. Roberto gravou, e eternizou, música e letra do Raul Sampaio, Meu pequeno Cachoeiro, hino oficial da nossa cidade. Epiphânio possui muitas virtudes. A polidez e a bondade são as que se destacam. Fazer o bem, talvez, seja seu lema, sem mesmo perceber que isso seja sua essência. Algo que flui naturalmente. E o bem, é o que possuímos de mais humano. A comemoração foi no apartamento.  O calor humano dos convidados se juntava ao da cidade. As pessoas se acomodavam e se sentiam à vontade, conversavam. Dos presentes recebidos, acho que ele gostou da imagem do "São José deitado" uma recomendação do Papa Francisco.

Logo, o Arnoldo chegou. Trazia um violão. Arnoldo já compôs, em seus oitenta e seis anos de vida, mais de duzentas canções. Eu, quando adolescente, ouvia através da voz de Wanderley Cardoso, na Jovem Guarda da década de 60/70: "Parece que eu sabia que hoje era o dia de tudo terminar. Pois logo notei, quando telefonei, no seu jeito de falar./ Só resta agora o adeus final.../ Pois amar demais foi o meu mal." Uma canção de muito sucesso na ocasião. Desconhecia a autoria até aquele instante. Arnoldo me contava de suas músicas e suas andanças pela Europa quando na juventude. Fiquei contente de saber de sua história. Ele me contava suas andanças. Foram vários países europeus com músicos brasileiros e locais. Realizou programa de rádio, um dos quadros foi a partir de um sonho. No sonho, encontrava-se na África. A vegetação rasteira, em um campo grande e bonito, pequenas árvores, uma leve brisa... De repente, o vento forte. Forte suficiente para agitar os ramos das árvores. As folhas eram carregadas pelo vento campo afora. Nesse instante, pegava o violão e iniciava a melodia, lembrava-se do Brasil. Sentia saudades. Como um homem em exílio. Ele conta que o quadro do programa ainda existe em países europeus. Bem atual, para os povos migrantes do mundo inteiro. Pessoas perdidas em países distantes, longe de sua pátria, perdidas como as folhas ao vento. Vagando sem direção.

Somos interrompidos pelo Alexandre. Epiphânio faria os agradecimentos aos presentes e em seguida o "parabéns prá você". Antes, porém, Arnoldo pega o violão e faz a homenagem ao amigo. Canta: "Meu querido, meu velho, meu amigo..." do Roberto e "Meu pequeno Cachoeiro" do Raul Sampaio. Com Epiphânio agradecido e emocionado cantamos o parabéns. Bem simples, mas diferente. Coisas que só se encontra em sábados, à noite, e chuvosa, de Cachoeiro de Itapemirim.

 

Sergio Damião Santana Moraes

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Sergio Damião Médico e cronista

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