Falta sol à humanidade - Jornal Fato
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Falta sol à humanidade

As pessoas estão transfiguradas


As pessoas estão transfiguradas. Mercê sabe-se lá por que, ou a humanidade sempre foi assim, e sempre ocultamos os fatos. Entretanto, hodiernamente, apavorados, temos acompanhado os noticiários, dando contas da miríade de bestialidades, como é de se ver, protagonizadas pela criatura, classificada como - humana. Disparates, impropérios e brutalidades, de toda natureza. Por um lado, vê-se o progresso tecnológico. De outro, o atraso humanístico. Desde a priscas eras, o ser humano desnaturou seu apreço pela gentileza e docilidade. Em tempos idos, cultivava-se a música e a literatura, em saraus épicos. As pessoas respeitavam a si mesmas, e ao próximo. Havia uma fronteira, um limite, que hoje, inexiste. Não se trata de conservadorismo. Não. Mas, absoluto respeito e docilidade que, após milênios, o homem adquiriu tal compreensão. Muitos contribuíram para isso. Foram-se. Restou a vã ilusão de que armados nos defenderemos. De que? Do que? Nos exterminaremos, isto sim. O problema tem outras vertentes e raízes bem distantes de um patético decreto oficial.

Quando imaginamos plantar algo, o primeiro quesito é a terra, dependente do gênero que plantaremos. Adubo, sol e água. Falta sol à humanidade. Vivemos obscuramente chafurdados em influências rocambolescas e pérfidas. Aviltamos nossos valores. Decrescemos todos os nossos sensos, e apeamos da humanidade para viver, de modo banal, dias vulgares, em que a mente vagueia por péssimas solidões. Nos isolamos nos celulares. Nos afastamos nos contatos telefônicos. Abrimos mão da candura, e vamos assistir aos mesmos filmes sem enredo e patéticos, denominados de "filmes de ação". Abrimos mão do amor, na gênese de tudo. Da arte. Da poesia. E, então, à noite, estupefatos, vamos nos impressionar com a onda de barbárie, perfeitamente previsível, nestes tempos, em que aniquilamos o humanismo.

 

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Quem disse que elas, as coleópteras, voam entre elas às vezes acompanham-nas o poeta. Vão em guirlandas desmanchando-se, umas no outro.

 

Poeta, perceba, e desperta, a poesia voa, apesar de não ser borboleta. Sonha, cada poema, cada lirismo e tal como elas, as borboletas, quase sem peso, não descansa e voa, alçado pelos versos das amigas

 

E, então, diante do sol, diferente de Ícaro, a gigante estrela, inclina-se, mas não derrete suas formas, inteiras, e, nesse instante, acolhe os dois, abrindo as portas, para as borboletas e o poeta, no colo flamejante

 

Meu pulso entona, e tento ouvi-los. Tento sentir a vento que levantam quando voam. Um pulso, termina com as mãos rasas, e tal como os poemas ecoam a emoção, batendo suas asas

 

Então, retornam ao chão, borboletas e o poeta, arrastando nos alforjes, à noite, e luminosas esferas, plenas de plasma, acesas, param, diante do quadro que emoldura o ocaso, que se consuma, porquanto descansam, exaurindo o dia, para declarar, advinda a poesia!


Giuseppe D'Etorres Advogado

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