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Essência Humana

Leonardo Boff, em texto, afirmou: "O ser humano se constrói com suas relações sociais."


Leonardo Boff, em texto, afirmou: "O ser humano se constrói com suas relações sociais." Através da razão, dos conceitos morais, suas virtudes e regras de convivências. Mas, tenho a impressão, apesar de todas as evidências racionais, o ser humano caracteriza-se pela sua inquietude, levando a crer: a essência humana se faz em suas emoções. Suas decisões, mesmo as mais importantes, não são tomadas pela razão, e sim, em frações de segundos, em seus momentos mais emotivos. Somos impulsionados pelos nossos sentimentos, com aquilo que se encontra "à flor da pele". Isso nos faz sentir vivos e menos racionais. Por isso, nosso comportamento. Em nossas inquietudes deixamos de fazer as coisas óbvias, aquilo que conhecemos bem e como certas. Rubem Braga, em sua crônica, A Viajante: Com franqueza, não me animo a dizer que você não vá. Eu, que sempre andei no rumo de minhas venetas, e tantas vezes troquei o sossego de uma casa pelo assanhamento triste dos ventos da vagabundagem, eu não direi que fique. Em minhas andanças, eu quase nunca soube se estava fugindo de alguma coisa ou caçando outra. Você talvez esteja fugindo de si mesma, e a si mesma caçando; nesta brincadeira boba passamos todos, os inquietos, a maior parte da vida - e, nós (às vezes) estamos apenas quietos, vazios, parados, ficando. Assim estou eu... Boa viagem e passe bem. Minha ternura vagabunda e inútil, que se distribui por tanto lado; acompanha, pode estar certa, você.

Leonardo insiste: O ser humano é complexo em suas relações. Vivemos com a insatisfação. A incompletude (insatisfação) é uma característica do humano. Diz: Não se trata de um problema psicológico ou psiquiátrico, somos nós com nossa humanidade. Porém, grande parte da construção do humano se dá na sociedade. Depende, também, de um olhar para si mesmo, para o mundo, para o outro e para a totalidade. Escrevi em crônica, tempos atrás, em o Rio Itapemirim: Em nossas vidas imitamos o rio, assim como as pedras que dificultam a passagem das águas, possuímos as nossas intempéries, nossas dificuldades, incertezas e inseguranças. A diferença é que o rio segue sempre em direção ao mar, ele sabe aonde deve chegar. Na maioria das vezes, em nossas vidas, não sabemos para onde ir. E quando chegamos a algum lugar, não o reconhecemos. E passamos a desejar o novo.

A melhor forma de relação e formação social é a Democracia. Ela sempre estará em aberto, em formação, em evolução, como os seres humanos. São as relações dentro da Família; na Escola; na Comunidade e no Estado. Leonardo cita quatro pernas (como a base de uma mesa) para a Democracia: 1 - Participação: se fazer sujeito e cidadão; 2 - Igualdade: evoluindo para a Equidade - proporção adequada que cada um recebe por sua colaboração na construção do todo social; 3 - Diferenças: somos diferentes. Respeitar as potencialidades da própria pessoa, grupo e culturas; 4 - Subjetividade: comunicação com nossa interioridade e com o desejo do outro. A Democracia se completa com a inclusão da natureza - as quatro pernas necessitam apoiar-se no chão e na terra.

 

Sergio Damião Santana Moraes

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Sergio Damião Médico e cronista

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