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Escolhas?

Pareço-me geminiano na arte de fazer escolhas, corro delas e procuro o desvio mais próximo possível


Pareço-me geminiano na arte de fazer escolhas, corro delas e procuro o desvio mais próximo possível. Como sabemos se a escolha que fizemos foi a ideal? Se a escolha foi realmente a certa? Será que existem escolhas ruins? O que define uma escolha errada, se a vida nos joga em labirintos de dúvidas diariamente?

Acostumamos muitas vezes a não ter opções. Comemos sempre a mesma comida, pegamos sempre o mesmo ônibus, viajamos sempre para o mesmo destino, compramos roupa sempre na mesma loja, assim tornando um ciclo vicioso, porém natural, que não nos dá liberdade de opções.

Imagine, você ter dois casamentos de duas pessoas especiais em sua vida, de histórias e durabilidade de amizade diferentes, porém de mesma intensidade de afeto, e esses casamentos serem exatamente no mesmo dia e horário. Para piorar a situação, em cidades diferentes. Escolhas difíceis, meu caro.

Há também situações que você tenta se desdobrar em duas pessoas achando que pode imitar os filmes de sessão de tarde, estando em dois lugares ao mesmo tempo. Confesso, fracassei nessa missão recentemente, não consegui ser igual o super herói que a gente assiste na TV: uma inconveniente corrida de São Pedro, atrapalhou meu plano de semanas.

Aconteceu que fiquei preso no chá de panela de uma grande amiga e acabei não comparecendo ao lançamento intimista de uma amiga/futura escritora de sucesso, por fim a gente nem sempre agrada a todos, e fica aquele sentimento de frustração pessoal e social, que se bobear até engessa relações. Depois disso ando cabreiro, questionando-me se meus planos aventurescos de me dividir em dois ainda darão certo.

Falando nisso, acho que escolhas não devem ser misturadas com doses de pressão, tenho ranço de discursos carregados com ameaças subjetivas que tentam nos jogar num abismo de indecisões. É aquela questão: continuar no confiável ou apostar no novo duvidoso? Dúvidas, dúvidas e dúvidas.

Bom mesmo é ser criança né? Ter que decidir entre brincar de pique esconde ou alerta cor, entre copiar o dever de lápis ou à caneta, se brinca de chinelo ou descalço, escolhas gostosas e nostálgicas, que fizemos inúmeras vezes quando o fantasma da adultice ainda não nos perseguia.

Mas, ser adulto é isso pelo jeito. Constantemente rodeado de uma chuva pressionadora de escolhas e opções, no qual não temos para onde correr. Sabe? Ou vai, ou racha. E, sim, tem que ir de qualquer jeito. Acho que no fundo são as consequências das escolhas que nos fazem amadurecer, seja de uma forma prazerosa ou desastrosa, o que interessa é o modo como observemos essas consequências em nossas vidas.


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