Então é Natal - Jornal Fato
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Então é Natal

Amo o Natal. Novidade nenhuma até aí


Amo o Natal. Novidade nenhuma até aí. Mas odeio essa correria pelas compras, o ambiente superlotado em qualquer lugar que se vá, as horas intermináveis de espera para se fazer qualquer coisa, mesmo as corriqueiras e simples de todo dia.

Habitualmente já não sou frequentadora de shopping. Não é um ambiente que escolheria para

passar minhas horas de lazer. Cinema e praça de alimentação já são suficientes. Nada muito além disso. Mal faço as compras do mês. Geralmente compro pela internet exatamente para evitar a fadiga da pesquisa por preços de loja em loja e as ruas e comércios superlotados.

É por isso que às vezes revisito o passado, e me lembro, ainda pequenina, do entregador de leite deixando garrafas de vidro bem robustas e transparentes, que mostrava toda a brancura do produto, na porta de nossa casa. Ainda vou perguntar ao meu pai, que aos 83 anos surpreendentemente se lembra de pequenos detalhes, para saber se isso de fato acontecia, ou é falsa memória a partir de algum filme que assisti ou do relato de alguém.

Fato é que sou adepta dos serviços prestados em domicílio. Acho perfeito não ter que me deslocar, enfrentar o trânsito caótico para compras ou para a manicure e outros serviços. Ainda me lembro de uma cidadezinha, e isso não é falsa memória, em que se entregava em casa desde o pão até outros produtos das lojas e supermercados. Perfeito, eu diria.

Então, meu amor pelo Natal não está nas compras, tão comuns nessa época do ano. Reside na expectativa pela chegada dos irmãos, cunhadas e sobrinhos, que comparecem cada vez menos em função do trabalho. As crianças crescem e vão cuidar da própria vida e deixam um vazio enorme nesse período em que a alegria do encontro era garantida.

Vou me adaptando aos novos tempos, sabendo que os Natais nunca mais serão os mesmos, mas torcendo para que as agendas sejam sincronizadas para que consigamos novamente reunir a todos no período natalino. Cresceram, alçaram voos, mas não podem, ou não deveriam se esquecer do amor que reinava absoluto.

Creio que esses encontros são fundamentais para reenergizar. Acima de tudo, para lembrar que a família é, ou deveria ser, o bem mais precioso. Porto seguro, apesar de todas as diferenças que a pluralidade de temperamentos e personalidades proporciona.

Amo a família reunida, gosto de árvores e luzes do Natal na minha casa, nas ruas, nas fachadas, nas praças. Gosto de brilho constante nos olhos, na alma e no coração. E meu desejo é que haja brilho de sobra na vida daqueles que acreditam que a empatia é fundamental para a construção de um mundo melhor para todos. Que o cristianismo seja exercitado à exaustão em toda a sua essência de janeiro a janeiro.


Anete Lacerda Jornalista

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