Dizem que Carlo, meu pai, foi-se. Se foi, haverá de voltar. Carlo apenas evoluiu e, eternamente, transformou-se em vento, e subiu seus degraus. Em algum momento, num quadrante do tempo cronológico retornará.

Virá, quiçá de navio, tal como veio da Itália, e se instalara na América austral, onde criara raízes e filhos. Onde semeara amigos e estórias, para contar mais tarde, aos seus, antes de subir e evoluir, novamente seus degraus. Com ele, uma porção de animais o seguirá.

Cães, gatos e pássaros, que tanto amava, até que finalmente, ao subir, se depararão com o paraíso, para existirem ao lado da inteligência suprema, que criou a todos, enquanto a fumaça do tabaco rói o ar, um aroma de amor cria o ambiente.

Vão-se as partes aparentes, apenas, mas ao contrário da ciência, não creio apenas no que vejo. Carlo foi cuidar do cão, que dormia entre suas pernas. Olhar as encostas verdes, do pequeno torrão de terras, onde sonhava com a vida repleta de plantas, árvores e frutas.

Não se irá nunca. Decerto. Não. Embora irão as medíocres moléstias que nos ofendem, com suas pretensões. Partir, um dia a mais, ira, finalmente, todo desamor, deixando este planeta plácido, livre para gloria do afeto. Permanência não é um estado exterior, nem, tampouco, material. Tudo que vale, pulsa por dentro, costurado por nossa esperança e crença de que nada acaba, quando parece terminar! 

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Soltei meu coração no ar.

Meu coração-pipa foi-se voou

Voou

Voou

Para longe de onde estou.

E a longa foice de tudo que havia, naquilo que ca dentro carregava, arrastou-se, seguindo o vento dos ventrículos.

De cada finíssima veia aberta.

De cada gaveta fechada

De cada sorriso não visto

De tudo em que acredito, na graça perfeita que existe em cada criatura, feito gravuras sagradas feitas em plagas remotas.

Meu coração voou do meu peito, deixando em mim sua presença imensa.