E se fosse você? - Jornal Fato
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E se fosse você?

Lili, personagem principal, saltou das páginas do livro E se fosse você?


"Eu quero o seu livro. Essa menina sou eu. Essa é a minha história. E sou tão linda quanto ela. Autografa para mim". Fui surpreendida por uma mulher na Bienal do Rio com essas palavras. Não sei quem ela é, não conheço sua vida, mas percebi de cara que é uma negra empoderada.

As dificuldades, que em alguma parte do caminho devem tê-la limitado, não mais exercem poder sobre ela. Foi o primeiro autógrafo que dei. Pelo depoimento, e talvez pela emoção de ver que alguém se identificou com a história, estará sempre na minha memória.

Lili, personagem principal, saltou das páginas do livro E se fosse você?  E foi abraçar pessoas reais, com problemas comuns, cheias de dores e marcas provocadas pelo bulliyng, racismo e gordofobia.  Ecoou no coração daqueles que já sofreram, em alguma fase da vida, algum tipo de preconceito e discriminação por sua condição social, cor de pele, credo religioso, deficiência ou outra diferença qualquer que as afastou do padrão que se julga ideal.

Um parceiro da Colli Books que leu o livro também me contou a experiência. "Eu me arrepiei quando li. Eu fui gordo na infância. Vivia isolado porque ninguém me chamava para as brincadeiras. Era no máximo o goleiro. Então me identifiquei imediatamente com a personagem. Essa história é de muita gente que sofreu e agora se sente representada por Lili".

Preciso confessar que cada testemunho foi extremamente gratificante e prazeroso. Para mim a vida só faz sentido quando de alguma forma impactamos positivamente a vida de alguém. Seja através da convivência do dia a dia, ou das palavras, que muitas vezes vão onde nem imaginamos chegar.

Então, a Bienal do Rio foi intensa, valeu a pena e provocou emoções que nunca imaginei. Muito em função do feed back dos que estiveram no estande. Minha gratidão à Isa Colli, que me provocou a escrever para crianças, uma experiência nova e inimaginável. Sei que tenho muito a aprender. E não tenho dificuldade, que na vida sou eterna aprendiz.

Agradeço também a cada amigo que vibrou com esse livro como se fosse também autor. Ele é de todos vocês. É também daqueles que sonham, trabalham e vivem por um mundo onde haja amor abundante, paz e oportunidades iguais para pessoas de origens e histórias diferentes. Empatia é a palavra da vez. E se fosse você?


Anete Lacerda Jornalista

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