Dias piores virão - Jornal Fato
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Dias piores virão

Definitivamente viramos estatística.


Definitivamente viramos estatística. E os números não mostram crescimento econômico, geração de emprego e renda, ampliação do saneamento básico ou a diminuição da violência contra a mulher.

O que se apresenta são 301.087 mortos em um ano de pandemia. Quantos quilômetros os corpos dos brasileiros mortos pelo coronavirus daria para preencher? Pergunta nefasta né? Mas sombrio mesmo é o crescimento do número de mortes diárias pela covid 19. Já ultrapassamos 3 mil vidas perdidas em 24 horas e temos uma média de 2.279 pessoas vítimas desse vírus que está dando de 10 x 0 nos brasileiros, especialmente nos que não podem se dar ao luxo de fazer isolamento social. Sabe aquele papo de que estamos todos no mesmo barco. Grande mentira. Estamos no mesmo mar. Uns, a maioria absoluta, à deriva, apoiados nos restos do náufragio, e outros em iates confortáveis, desfrutando de todo o conforto e tranquilidade destinado a poucos privilegiados que viram suas fortunas triplicarem e até quadruplicarem nesse ano trágico.

Então, para ficar bem claro o tamanho do estrago, hoje somos o primeiro país do mundo em número de mortos e já registramos 12.226.530 mil casos. Nas últimas 24 horas 90.504 choraram a perda de seus entes queridos. Fazendo uma analogia bem simples. Cachoeiro, Alegre, Atilio Vivácqua, Castelo e Presidente Kennedy seriam cidades fantasmas, pois foi o número de habitantes dessas cidades que morreram, alguns sem oxigênio, nessa pandemia.

Então, quando vemos que a lentidão no processo de vacinação ainda poderá dizimar milhares de brasileiros Brasil afora, lamentamos que ainda haja criminosos travestidos de cidadãos "de bem" que aglomeram e incentivam a aglomeração e a desobediência civil. A esses, tenho uma sugestão. Já que minimizam a letalidade do vírus e sacrificam a vida alheia, o mínimo que poderiam fazer seria assinar um documento público abrindo mão, em caso da falta de leitos, das vagas de UTI para si e seus familiares em benefício do próximo da fila. É constitucional? Não sei. Mas é preciso dar um basta em tanto populismo, egoísmo e irresponsabilidade.  Chega de virar estatística por causa da miopia dos que orbitam em volta do próprio umbigo em nome da economia e do interesse público. Infelizmente, dias piores virão.

 


Anete Lacerda Jornalista

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