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De repente

É no de repente que a vida surge. E este acompanha-nos por toda nossa existência.


É no de repente que a vida surge. E este acompanha-nos por toda nossa existência.

Todos os dias acordamos e dormimos cheios de planos, de sonhos, de ansiedades e de desejos. Nesse aspecto todos somos iguais. O que muda? A intensidade das alegrias e das angustias pela vida experimentadas no tempo presente - no hoje. Afinal, o passado não mais votará e o futuro ninguém sabe qual o de repente que trará!

Assim, a vida segue seu rumo cotidiano em meio às suas superações diárias, mas, de repente, tudo pode mudar.

Nos últimos dias muitos "de repentes" provocaram tragédias nas vidas de inúmeras pessoas, quebrando a rotina e tirando a paz:

De repente, um acidente fatal;

De repente, um assalto e um filho morto para salvar a mãe;

De repente, vidas ceifadas covardemente;

De repente, mulheres vítimas de feminicídio por parte do "companheiro" ou vítimas, simplesmente, por serem mulheres;

De repente, um afogamento;

De repente, um infarto.

De repente, uma desumana maldada humana;

De repente, um adeus que jamais será dado; um segundo que não mais será consertado e um perdão que não mais será selado.

O sentimento de que: se eu tivesse me dedicado mais; se tivesse pensando antes; se eu tivesse amado mais; se tivesse..., não volta mais.

Mas também há o de repente que faz cruzar, pela primeira vez, o olhar dos apaixonados; que desperta o desejo de ajudar alguém que, por acaso ou destino, cruza nossos caminhos; o de repente que transforma pessoas comuns em anjos na vida de pessoas necessitadas.

Nos de repentes positivos da vida, somos presenteados com uma paz incalculável, posto que fomos criados para colaborar com a criação de Deus e não para destruí-la.

Nos de repentes trágicos, a vida se desmantela diante de nossos olhos e não mais podemos tocá-la; seu perfume se desfaz e sua cor se apaga de modo tão rápido e repentino que não conseguimos nos conter.

Apesar dos minutos que nos dão ou nos tiram a vida, permanecemos vivendo como se nada fosse mudar; como se tudo ao nosso redor fosse eterno e, num ciclo rotineiro, o mau humor se acentua, o desamor cresce, as pequenas e belas surpresas diárias da vida não são enxergadas.

É uma pena! Grande pena, que muitas vezes não saibamos viver a paz e a alegria que, diariamente, nos são entregues gratuitamente! É triste que, por vezes, só quando perdidas, por um de repente, conseguimos enxergar a graciosidade dos pequenos presentes corriqueiros que saltam aos nossos olhos obstruídos! É uma pena que, não raro, estejamos surdos (ou ocupados demais) quando somos chamados a ser "anjos" na vida dos que atravessam nossos caminhos! Pena!

Antes que tudo fuja de nosso controle e que o acaso nos alcance, que aprendamos a ser felizes e sensíveis ao próximo. E, se o acaso chegar - e se for devastador - que saibamos recomeçar.

Há um ditado que diz: o impossível ao homem, é possível a Deus. Assim, que deixemos, mesmo quando formos surpreendidos com "de repentes" que nos nocauteiam, Deus trazer diariamente os seus possíveis às nossas vidas.

 

Katiuscia Oliveira de Souza Marins


Katiuscia Marins Colunista/Jornal Fato Advogada e professora

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