De onde vem essa água tão pura? - Jornal Fato
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De onde vem essa água tão pura?

Sempre achei que, sobre boas pessoas, devemos falar, sempre, disse ao amigo. E onde estão?


Sempre achei que, sobre boas pessoas, devemos falar, sempre, disse ao amigo. E onde estão? Retrucou-me, ligeiro. Tereza! Exclamei, Tereza de Calcutá. Andei lendo sobre ela, lhe disse, e descobri que se originou de uma família abastada, na Albânia. Um dia, tal Francisco, abandonou tudo, e dedicou sua vida ao amparo, caridosamente, de outras vidas. Em seu esplendor de bondade, cuidou de leprosos e crianças. Tereza, flutuava acima do eixo longitudinal das religiões. Pairava como.um leve pluma, no.ar mais sutil das coisas boas. Não deixou apenas reflexões e mensagens. Não. Atitudes, sobretudo. Contei ao amigo sobre a memorável passagem de suas palavras, ensinando-nos que: "se você for bom, poderão trapaceá-lo e até ridicularizá-lo. Seja bom, assim mesmo". De onde vem essa água tão pura? O mundo e as pessoas, decerto, conheceram tantas fontes límpidas assim e, infelizmente, nada aprendeu. Continuamos a andar em círculos. Nós, e nossos umbigos. Decerto que o planeta jamais será povoado por tantas Terezas, e outros da mesma nobreza, mas pode melhorar, certamente, com nossos próprios passos. Podemos, sem dúvida, transformar o limão em limonada doce, e fazer da vida, junto aos outros, uma experiencia gloriosa. Precisamos entender, disse ao conclui a prosa; que cobrimos o globo, como uma enorme corrente, que devemos cuidar, para que não deixar que se desprenda, elo algum. Isto porque, nossa felicidade, é mais feliz, na felicidade de quem está ao lado. Aprendamos, deste modo, com Tereza, e sua humildade majestosa que, aquilo que acrescentarmos, além da conta, faltara para alguém, e pode ser partilhado. E se temos, então, o bastante, é isso que importa. Salvem todos os que amaram e amam. São esses que nos salvam, e nos redimem, arrematei.

 

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O meu riso, imenso, esticava-se feito um rio, pelas insinuantes rochas, de um curso caudaloso, durante as curvas de cada volta, ao longo de sua rota.

 

Agora, refletido no cotidiano, meu riso é estupido e lamento, molhado de pranto, que vai secando meu rio, junto com meus sonhos

 

Nem por isso, queria o poema colérico, ou a ira histérica, debruçada numa lágrima falsa.  Mais crianças, a me abraçarem. Feito aquilo que chamavam aurora, e era albergue, e agora virou miséria

 

Então, neste instante, espantam-me com seus andragios, as crianças, e suas murchas pétalas pálidas, incrustadas em carcaças esquálidas, subtraídas aos montes, com o corte da faca infame, que tudo consome.

 

Nada aparece tanto, para meus olhos, embaçados e rasos, quanto tais enganos, e o atraso dessas horas.

 

De repente, durante o dia, escurece e aparece um séquito de párias, perambulando, incessante, ao som de latas amassadas, com o destino das migalhas. Diante rigidez de quem fita o opróbrio, e nada faz, não se levanta, indo ao fundo do rio, onde, paralíticos, afogam-se nessas águas.

 

Nada entra pela porta, e tudo está a ferros, num quadrilátero aquático, de formas obliquas, no verso dos retratos magros, impressos nas palavras altas, dos jornais, tal uma cela rota, onde não há gritos, ou formas, a noticiar a infância olvidada.

 

E a pátria, de costas, eufórica, anuncia: venha, massa, o perigo não ronda as calçadas.

 

E além desse pobre vestígio, sobra a malta que se locupleta, e de nada se recorda, senão moedas, que também são esmolas, o bando joga aos porcos.

 

 


Giuseppe D'Etorres Advogado

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