De novo, vamos falar de feminicídio - Jornal Fato
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De novo, vamos falar de feminicídio

A violência contra a mulher mais uma vez foi tema de debate esta semana no Dia Internacional de Não Violência à Mulher


A violência contra a mulher mais uma vez foi tema de debate esta semana no Dia Internacional de Não Violência à Mulher, lembrado no dia 25 de novembro. No mundo todo o assunto foi lembrado, tamanha a sua gravidade global.

E esse não é um problema das feministas, que são vistas por parcela da sociedade como desocupadas e mal amadas. É problema de toda a sociedade porque compromete a vida de todos, especialmente dos filhos, independente da idade. Atos de agressão e brutalidade afetam e destroem autoestima e sonhos.

Os filhos são as grandes vítimas. São relegados, tanto quanto as mulheres, à invisibilidade que faz sangrar eternamente feridas abertas na infância. Portanto, não dá cruzar os braços. Foi o caso da modelo paulista Amanda Carvalho, de 20 anos. Ela é apenas um entre milhões de casos mundo a fora e teve 57% do corpo tomado por cicatrizes e convive com as marcas da violência doméstica.

Seu pai ateou fogo no corpo de sua mãe em 2014 e a atingiu também. A mãe morreu 24 horas depois e ela carrega as grossas cicatrizes que não deixam apagar da história e da memória dia tão violento. Ela e as três irmãs são órfãs do feminicídio, como tantas outras crianças, adolescentes, jovens e adultos espalhadas mundo afora. No Brasil as estatísticas são alarmantes. O Espírito Santo está entre os primeiros no país em violência contra a mulher.

As mortes acontecem por questão de gênero e não podemos nos calar. Muitas vezes a submissão à violência física e psicológica se dá em função da dependência financeira. Seguem, mesmo que inconscientemente, um ditado que ouvi muito de minha avó. "Ruim com ele, pior sem ele". Afinal de contas, têm filhos, mesmo que com feridas enormes na alma, para criar.

Até quando seremos o quinto país que mais mata mulheres no mundo, em que a cada dois segundos uma mulher é agredida física ou verbalmente e 180 são estupradas por dia? É preciso dar um basta. Você pode ajudar nesta luta. Comece tirando mulheres e crianças vítimas de violência da invisibilidade a que foram condenadas desde sempre. Isso pode salvar muitas vidas.


Anete Lacerda Jornalista

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