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Criança em reflexão

Para o Estatuto da Criança e do Adolescente, criança é a pessoa com até 12 (doze) anos de idade incompletos


Para o Estatuto da Criança e do Adolescente, criança é a pessoa com até 12 (doze) anos de idade incompletos. Este indivíduo é considerado incapaz de responder por seus atos e necessita da integral proteção de todos.

Assim, quanto à efetivação dos direitos da criança e do adolescente, nos termos da lei, é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. Apesar disto, todos os dias, nos deparamos com crianças tendo muitos de seus direitos violados e com a omissão daqueles que os deveriam resguardar.

Sobre as crianças, também podemos refletir sobre o que se extrai do livro de Mateus, capítulo 19, versículo 14. Isto porque, esta passagem da bíblia cristã, revela o entendimento de Jesus Cristo, sobre os nossos pequenos cidadãos: "Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas".

No contexto bíblico em que a fala acima foi pronunciada, as pessoas impediam que as crianças se aproximassem de Jesus. Contudo, Ele exaltou as qualidades das crianças pois conhecia a pureza havida no coração delas. Isto em um momento histórico no qual as crianças e as mulheres não tinham, sequer, respeito, logo, ainda menos tinham proteção legal ou social. 

Esta semana foi comemorado o dia das crianças, mas todos os dias são delas. Seja uma data mercantil ou não, o fato é que, apesar de toda influência negativa que as crianças da geração atual têm sofrido em seu desenvolvimento psíquico social, elas ainda carregam em si um coração puro, capaz de perdoar e apto a recomeçar, pouco se importando se as quedas ou as frustrações lhes tentam parar. Igualmente, elas aceitam, sem reclamar, ser amadas na proporção que o amor lhes é ofertado, inclusive, aceitando, sem retrucar, o desamor que, por vezes, tristemente, lhes são lançados.

Nós adultos somos diferentes, que pena! Depois de uma decepção, temos dificuldade de perdoar e a confiança, para ser restaurada, depende de muitos significantes. Criança, não é assim. Em geral, elas ficam de mal, mas, no mesmo ímpeto da frustação, sem mesmo precisarem pedir perdão, apagam o passado e seguem em frente como se nada tivesse ocorrido.

Essa pureza infantil é tão bela e tão necessária em nossa sociedade que, porque perdeu a essência infantil, a todo instante, destila ódio e rancor.

Diante disso, às vezes, percebo-me a pensar: Como seria o mundo se os adultos mantivessem no peito o coração do tempo de criança? Teríamos tantas mortes violentas? Teríamos tanta ganância ou tanta opressão? E mais, qual a razão para que os corações, outrora puros, venham a se tornar tão amargos e egoístas?

Será que filósofo John Locke tinha razão em sua tese de tábula rasa pela qual explicava que o homem nasce como uma folha em branco que se preenche com a experiência? Se ele estivesse correto, diante do contexto social atual, cheio de violência e de indiferença, as experiências que temos lançado sobre nossas crianças estão sendo positivas ou negativas?

Nessa semana das crianças, que tanto têm a nos ensinar e que tanto nos alegram o coração com sua espontaneidade e pureza, que paremos um pouco para refletir acerca do respeito, ou não, aos seus direitos, bem como sobre as experiências que, lançadas sobre elas, irão influenciar no comportamento dos adultos de amanhã.

 

 

 

 

 

 

 

 


Katiuscia Marins Colunista/Jornal Fato Advogada e professora

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