Conexão Mansur: Casinha de Livros - Jornal Fato
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Conexão Mansur: Casinha de Livros

Cultura ao alcance de todos no centro de Cachoeiro


- Ilustração: Zé Ricardo

 

Ronaldo Gonçalves (o Marreco) escreveu no facebook, em 07/agosto/2016:

"Ontem pela manhã, estávamos eu e Higner Mansur em frente ao Bernardino Monteiro quando vimos uma cena muito bonita: - uma moça chegou ao lado da Casinha de Livros "LIVRES LIVROS" e, com alguns livros nas mãos, começou a folhear um por um, como se despedisse deles. E em seguida, colocou todos na casinha que guarda os livros para que o povo os retire e leia.

Em seguida chega um garoto vendendo picolé e abre a casinha, apanha um livro e se senta no Banco da praça e passa a folheá-lo com muito interesse.

Gostei muito desta cena e aproveito para dar meus parabéns à Maria Elvira e suas amigas, que tiveram essa brilhante ideia da Casinha de Livros.

Foi muito legal mesmo olhar essa cena".

(O texto acima, conforme identificado, é do mais que grande amigo meu, Ronaldo Gonçalves, que já nos deixou e que o publicou no Facebook em 07 08 2016, pouco mais de dois meses após a inauguração da casinha do "LIVRES LIVROS" (31 de maio de 2016). E a casinha continua lá, modesta e cumprindo o seu especial dever.

A transcrição do texto é homenagem que presto a ele, Marreco, grande e eterno amigo, ao qual apenas acrescento o nome das pessoas também amigas dos livros e da leitura, que, ao lado de Maria Elvira, criaram e ajudaram a casinha LIVRES LIVROS da Praça Jerônimo Monteiro: - São elas - Raissa Martins (a baianinha que brilhantemente trouxe a ideia para Cachoeiro), Rosa Malena, Micheline, Flávio Carleti, Milena e, claro, o Denis e a Rayka, esta então uma criança de sete anos de idade, que depositou e pegou - em primeiro lugar - livros da casinha).

 

Prefeito Graciliano Ramos presta contas

"COMEÇOS - O principal, o que sem demora inicial, o de que dependiam todos os outros, segundo creio, foi estabelecer alguma ordem na administração.

Havia em Palmeira dos Índios inúmeros prefeitos: os cobradores de impostos, o Comandante do Destacamento, os soldados, outros que desejassem administrar. Cada pedaço do Município tinha a sua administração particular, com Prefeitos coronéis e Prefeitos inspetores de quarteirão. Os fiscais, esses resolviam questões de polícia e advogavam,

Para que semelhante anomalia desaparecesse, lutei com tenacidade e encontrei obstáculos dentro da Prefeitura e fora dela - dentro, uma resistência mole, suave, de algodão em rama; fora, uma campanha sorna, obliqua, carregada de bílis. Pensavam uns que tudo ia bem nas mãos do Nosso Senhor, que administra melhor do que todos nós; outros me davam três meses para levar um tiro".

Dos funcionários que encontrei em janeiro do ano passado restam poucos. Saíram os que faziam política e os que não faziam coisa nenhuma. Os atuais não se metem onde não são necessários, cumprem as suas obrigações e, sobretudo, não se enganam em contas. Devo muito a eles.

Não sei se a administração do Município é boa ou ruim. Talvez pudesse ser pior. (pág. 37/8)

Na conclusão de sua prestação de contas, diz Graciliano Ramos:

"Procurei sempre os caminhos mais curtos. Nas estradas que se abriram só há curvas onde as retas foram inteiramente impossíveis...

Certos indivíduos, não sei por que, imaginam que devem ser consultados; outros se julgam autoridades bastante para dizer aos contribuintes que não paguem impostos.

Não me entendi com esses... Há quem não compreenda que um ato administrativo seja isento de lucro pessoal.

Não favoreci ninguém. Devo ter cometido numerosos disparates. Todos os meus erros, porém, foram de inteligência, que é fraca.

Perdi vários amigos, ou indivíduos que possam ter semelhante nome.

Não me fizeram falta.

Há descontentamento. Se a minha estada na Prefeitura por estes dois anos dependesse de um plesbicito, talvez eu não obtivesse dez votos" (pág.45/6)...

(Assinado, Prefeito Graciliano Ramos, de Palmeira dos Índios - Alagoas, em 10 de janeiro de 1929).

(Este texto do escritor dos mais importantes do Brasil, Graciliano Ramos, que foi prefeito em Palmeira dos Índios - AL, retirei-o de seu livro "Relatórios", obra organizada por Mário Hélio Gomes de Lima e publicada pela Editora Record (o exemplar que possuo foi publicado em 1994).

Faço sugestão aos futuros candidatos a Prefeito de Cachoeiro e de nossa região, que queiram fazer um governo sério, a adquirir e ler esse livro capital, sério e verdadeiro. Uma grande lição ao administrador público. A preço bem barato, existem vários deles em oferta no site www.estantevirtual.com.br., NO FACE).

 

Mármore - Exemplo para Cachoeiro

 

 

Recebi do amigo cachoeirense, a quem respeito muito, por ele só pensar o bem para nossa cidade e região (refiro-me a Paulo Henrique Thiengo) a foto recente que ilustra esta página.

Trata-se de foto interna da Pousada Costa do Sol, da cidade de Mucuri - Bahia, a qual mostra duas imagens espetaculares. (uma): móveis de madeira fabricados artesanalmente e (duas) piso totalmente de pedaços de  mármore e granito que iriam para o lixo, mas que trazem uma riqueza visual e de proteção ao meio-ambiente, que nos deixa de boca aberta e esperançosos de que tal preocupação com a natureza (também) chegue até a nossa cidade e região.

Obrigado, Thiengo. Seu trabalho e responsabilidade um dia serão reconhecidos devidamente.

 

 


Higner Mansur Advogado, guardião da cultura cachoeirense e, atamente, vereador

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