Coleguinha tóxico de cada dia - Jornal Fato
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Coleguinha tóxico de cada dia

Dia desses lembrei de uma colega de trabalho muito querida que falava todos os dias que eu era uma pessoa muito doce


Dia desses lembrei de uma colega de trabalho muito querida que falava todos os dias que eu era uma pessoa muito doce. Quem me conhece bem, bem mesmo, sabe que não é assim. Digamos que eu seja, no máximo, agridoce. Nesse processo evolutivo que é a vida, aprendo a ser melhor a cada dia. E nisso de falar o que penso e não me segurar diante de uma situação de injustiça e desrespeito, sei que há uma linha tênue com muitas outras coisas, que todos os dias procuro não esquecer. Mas se a doçura a que essa minha amiga se referia era bondade e perdão, sim. Eu sou uma pessoa com um coração gigante e com a mania de perdoar, tentar esquecer ou simplesmente deixar pra lá o mal que me fazem. Quase sempre. Mesmo porque uma hora a gente cansa de quem abusa da nossa capacidade de ser resiliente.

Mas a boa pessoa aqui não é uma otária. Deixar pra lá significa, muitas vezes, não remoer aquilo. Não é o mesmo que quem aprontou volte a ocupar lugar especial. A melhor amiga que fere não volta a ser a melhor amiga, mas também não vira inimiga. Não há uma guerra para vingar o mal. As coisas mudam e a vida segue sem o peso do rancor. Basicamente, é isso. Oferecer literalmente a outra face já me deixou com os dois lados do rosto em carne viva.

Ocorre que ser grosseiro não é característica. Já falei muito sobre isso e sobre as pessoas que dizem: "sou grosso(a) mesmo. É meu jeito". Meu conselho é: então que mude o jeito, porque isso não é traço de personalidade, mas falta de educação mesmo. Como não é característica ser desonesto, mentiroso, preconceituoso. É errado. Então ninguém é obrigado a aguentar patadas de uma pessoa que precisa apenas de autocontrole, autoconhecimento ou uma bela bronca mesmo. Quem te ofende de graça nada mais é que um ser humaninho tóxico que, para o seu próprio bem, deve ser colocado no banquinho do castigo por um tempo que pode ser até para sempre.

Não é exagero afirmar que permanecer por longos períodos perto de uma pessoa tóxica, e nesse grupo não incluo apenas as grosseiras mas também as que julgam, as falsas, as invejosas, as amarguradas e as ruins de tudo mesmo porque o mundo tá cheinho delas, deixa a gente desanimado, com sensação de cansaço, sono, impaciente e até dores de cabeça ou no corpo. A pessoa tóxica vai te cumprimentar com um abraço como se gostasse de você, mas não se assuste se isso te causar arrepios. Ela vai procurar, sutilmente ou não, tentar provar que você não é capaz de executar um trabalho ou um projeto e se alegrar se você for demitido. Se te ver interagindo, vai desejar que você seja tão vulnerável quanto ela. A pessoa tóxica vai te desmerecer e desmerecer quem está ao seu redor ou o carinho que as pessoas sentem por você. Vai sempre olhar para você e enxergar as piores coisas. E como nada para ela é o suficiente, vai falar para todo mundo sobre todos os defeitos que ela enxerga em você. Mas vou te contar um segredo: geralmente são tão doentes que não é nada pessoal. Elas são assim com outros também.

Todo mundo já passou por muita coisa. A vida não facilita para ninguém, e parece que com o tempo fica ainda mais difícil. Mas aproveite essa barra de tempos pandêmicos para entender de uma vez por todas que só devemos manter por perto quem é de verdade e do bem. É o tipo de gente que cura. Vamos deixar os tóxicos como lembrança apenas. Ou como alguém que não merece nosso tempo, nossa energia e nem nossa atenção. A gente deixa para lá porque, com certeza, a vida cuida do resto.

 

Paulinha Garruth


Paula Garruth Colunista

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