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Calor

Enquanto Telêmaco acomodava-se no pequeno banco


Enquanto Telêmaco acomodava-se no pequeno banco, eu via o frenesi dos carros. Buzinas. E o calor que fazia era de "fritar" o asfalto. Quebrássemos ovos, decerto, teríamos a refeição. Uffa! Irritou-se o amigo. Suportemos! Respondi-lhe. Melhor aqui que nas calotas polares, arrematei. Aliás, por falando nisso, sentenciei: percebeu, Telemaco, como andam "frias" as pessoas? Sim deveras, devolveu-me. Nada mais propicia sentimento algum. Não assistimos mais loucuras de amor. As flores sumiram e os carteiros apenas nos procuram para contas. Fizemos silêncio, um tanto Mais duro é perceber, conclui, que essa frieza toda não faz a menor diferença aos frios. A maioria desconsertou-se. Éramos humanos. Hoje, o que somos nós? Somatórios de anos bons para o cruel tempo presente que tratou de nos perverter, roubando emoções. Telemaco chateado avisa: quero tudo outra vez. Da mesma maneira tal como antes. Infelizmente, disse ao companheiro, não somos dotados de tais poderes e vivemos o fruto que apodreceu, de tão frio. Fria como a leitura que nenhuma manifestação desperta mesmo em gente mais erudita. Parece que se beliscarmos não doerá! Dói em mim esta certeza. Telemaco sorri e aponta pombos. Achávamos que a mesma tristeza se alastrava e a frieza das pessoas arde mais que calor. Bem por isso nos alevantamos do banco e em uníssono revelávamos a igualdade de opiniões: Deus salve calor, tanto quanto aos que o promovem n'almas. Os poetas. Filósofos. Atores. A arte com seus frutos. Que o calor seja contagioso e divinal para reimprimir doçura na vida das pessoas. Melhor, sentimentos e expressidade. Ai de nós sê o contrário. Estamos fadados à geleira de espírito? Espírito algum! Rimos, eu e Telemaco. Rimos de nós e da frieza coletiva, cujo destino, enfim, desconhecíamos. Somos quentes! Espantamos pássaros e seguimos o caminho, ao lado da gloriosa quentura, destas terras, entre vales, parte de alguns de nós. Na verdade, somos calor. Calor vivo. Humano. Sejamos!

 

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A música é toda menina

branca, negra, índia, colorida...

Despida

e basta estar ali

para roupas que vai vestindo

que a menina assimila com ritmo

dos trompetes derretendo  ouvidos

No delirante acorde.

palmas...palmas

e a guitarra  acode o âmago

E se insone o saxofone desperte a voz humana.

permutando paixão partida com riso da euforia

e a menina que  sorri  ensina a alma  da canção que caiba no coração

e canta o canto

exalando a nota

A clave soprana com a chave da porta que abre e alegra

Com festa suprema do contentamento

Belo, sentado ao lado dela

E a escuto música

menina divina que  inspira e respiro a poesia oculta no ouvido.


Giuseppe D'Etorres Advogado

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