Cadê você, amor? Onde se esconde? - Jornal Fato
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Cadê você, amor? Onde se esconde?

Por vezes, percebo-me a questionar: será que, se a ganância, o descaso e o ódio tivessem dado lugar ao AMOR


Tantas tragédias previsíveis, premeditadas e/ou improváveis nos têm atingido nos últimos meses. Dizem que todos já nascemos com um tempo pré-determinado e que, quando chega a hora - da morte - não há o que fazer, senão partir sem, por vezes, dizer adeus.

Confesso que até acredito nisso, mas, contraditoriamente, não consigo deixar de me perguntar se, por força do livre arbítrio, algumas idas não se anteciparam?

Por vezes, percebo-me a questionar: será que, se a ganância, o descaso e o ódio tivessem dado lugar ao AMOR, todos os que morreram em Brumadinho teriam infartado ou se acidentado no mesmo dia e hora? Será que os jogadores do flamengo teriam tido uma doença fulminante? Será que os estudantes e funcionários da Escola em Suzano teriam morrido no mesmo instante? Será que os mulçumanos ainda estariam vivos e orantes em Nova Zelândia ou os africanos em Mali? Será que tantas mulheres vítimas de feminícios teriam partido de modo tão ignorante? Será que todos no mundo poderiam professar livremente a sua fé nas doutrinas que propagam o bem? Será que os "Joãos de Deus" espalhados por ai abusariam da fé e da dor alheia?

Será que o destino está, realmente, escrito ou poderia ser evitado ou transformado com uma dose de Amor? E se vendesse Amor nas farmácias? Se fosse traficado Amor no lugar de armas e drogas, será que tantos meninos/meninas estariam morrendo de modo tão precoce? Se o Amor nos guiasse nos cuidados com o meio ambiente, seria melhor a vida dos que viriam depois de nós?

São tantos serás, tantas dúvidas, tantos porquês não respondidos, mas que, por falta de opção, temos que os empurrar "goela abaixo" sem respostas. Assim, nos acostumamos a viver com dores e arranhões em um mundo que nos foi entregue belo, mas que está sendo estragado por quem não o criou.

Em meio as dúvidas que jamais serão respondidas, passo a pensar no mundo se fosse repleto de Amor.

Ah, o Amor! Amor que dá nome a tantos sonetos; que faz o milagre acontecer; que faz o perdão acabar com a escuridão; que põe fim às guerras; que dá sentido à vida e que liberta almas antes aprisionadas a condutas destrutivas!

Ah, o amor! Onde está, por onde andava e por onde anda? Só o amor poderia evitar as tragédias previstas e ignoradas em nome do dinheiro. Só o amor poderia fazer o perdão acontecer e, com isso, dissolver o ódio que tantas vidas ceifa. Ah, o amor! Que saudade de você em um mundo cheio de tragédias anunciadas, premeditadas e inesperadas? Ah, o amor! Cadê você?

Quanta dor e sangue espalhados pelos ares porque o Amor se perdeu! O Amor se foi para algum lugar! Se foi para onde? Onde se esconde? E o Amor que ainda restou no mundo? Mudou de nome? Chama-se ganância, posse ou poder? Mas esse não é AMOR, é não sei o quê.

Assim, em meio a tantas dores e a tanto sangue inocente, ecoa na alma o grito: Cadê você? Cadê você Amor? O mundo precisa do Amor para voltar a ter paz! Onde se esconde, pois o mundo tem saudades...

 

Katiuscia Oliveira de Souza Marins

                 

 

 

 

                 

 

 


Katiuscia Marins Colunista/Jornal Fato Advogada e professora

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