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Estamos vivendo tempos difíceis, obscuros e indefinidos, seguindo num caminho sombrio e perigoso para o Brasil


Por Almir Forte

Estamos vivendo tempos difíceis, obscuros e indefinidos, seguindo num caminho sombrio e perigoso para o Brasil nesse início do século XXI. São tempos em que prevalece a lei do mais forte e mais rápido no gatilho. Já virou regra. Oitenta tiros. Violência naturalizada e institucionalizada. Aberrações aceitas e comemoradas por integrantes do governo, que permite o espancamento de mulheres, negros e pobres nas periferias das grandes cidades sem qualquer objeção.

Em São Paulo, uma mulher é agredida por três homens diante da Polícia Militar, por defender a frase "Lula Livre", em seguida é algemada e os agressores são deixados livres. No Rio de Janeiro, soldados do Exército fuzilam um automóvel com 80 tiros e matam o músico Evaldo Santos Rosa, fato que foi classificado apenas como um "incidente" pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro.

A segurança vai se transformando em mais um belo sonho de noite de verão, na verdade vai se transformando em uma noite de pesadelo eterno, em que o sol parece estar se escondendo, com medo de brilhar em mais um dia. Parece saber que apenas será testemunha de muitas tristezas, crueldades, injustiças e lágrimas daqueles que um dia acreditaram que a humanidade realmente existia.

E assim, o medo vai tomando conta da sociedade e se espalhando como fogo em palha seca, o desemprego atinge mais de 13 milhões de trabalhadores, segundo o IBGE. A miséria se aprofunda rapidamente e o subemprego é a única garantia que resta para aqueles que querem manter sua vida e a família com alguma dignidade, sem se comprometer com atividades ilícitas ou ilegais. E o tempo de contribuição para aposentadoria integral poderá ser de 49 anos. A maioria morrerá antes disso.

O presidente Jair Bolsonaro, sob a liderança de seus filhos, segue governando via twitter. Na realidade vai semeando o caos com tanta rapidez que deixa a sociedade perplexa à espera da próxima postagem, que na maioria das vezes são corrigidas logo em seguida, como se fosse uma simples brincadeira de adolescentes inebriados com os recursos ilimitados de seu novo Iphone.

Luta para entregar nossas reservas petrolíferas, nossa soberania, nossa independência e nossa democracia, destruir nossos direitos e conquistas sociais, sem contar que a maior e mais importante reserva natural do planeta, por sua magnífica biodiversidade, a floresta amazônica, está muito perto de ser doada como se fosse propriedade particular do governante de plantão, que declarou solenemente: "Quero explorar a região amazônica em parceria com os Estados Unidos". Complexo de cachorro vira-latas, com todo o respeito pelo cachorro.

Um país do tamanho e importância do Brasil, que segundo o Banco Mundial, está entre as dez maiores economias do mundo, não tem o direito de se comportar como uma colônia que vive de joelhos diante da metrópole, deve se dar o respeito, para poder ser respeitado entre seus parceiros comerciais, manter a dignidade, viver como uma nação independente num mundo globalizado que vai se tornando cada vez mais multipolar econômico e militarmente.

Esse deve ser o caminho. Apenas esse desgoverno ainda não descobriu.


Colunista

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