As lições de Laudeir Frauches - Jornal Fato
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As lições de Laudeir Frauches

"Esteja preparado para os contratempos financeiros da vida"


Durante uma aula de economia do Brasil na faculdade me lembro que o professor Laudeir Frauches, no meio do nada, repentinamente emendou uma recomendação com mais ou menos essas palavras:

 

"Olha, quero dar uma orientação muito importante: na organização da vida financeira d'ocês, procurem construir uma reserva financeira que seja ao menos três vezes maior do que o valor do ordenado do mês. Isso é fundamental para a saúde de suas finanças."

 

Não sei quantos colegas de classe gravaram com tanta força aquela fala aleatória, assim, despretenciosa, talvez, que o professor Laudeir aplicou aquele dia, mas só sei dizer que aquele foi um ensinamento que definivamente encontrou espaço no meu subconsciente.

 

Não se tratava ali de nenhuma dica elaborada ou tecnicamente preparada com fórmulas econômicas dos homens de sucesso do mundo dos negócios, mas uma regrinha simples:

 

  • "Esteja preparado para os contratempos financeiros da vida."

Meio que sem querer ou talvez querendo, procurei levar essa regra pra mim e andar sempre aplicando essa lição.

 

Quando nos deparamos com momentos como os dias em que vivemos, vem a tona im perfil cabal do cidadão brasileiro:

 

O brasileiro comum geralmente vive despreparado financeiramente. Não existe plano b, plano c, plano d. Não existe fôlego para nada que saia da curva. Não há espaço pra manobras e os recursos disponíveis são extremamente racionados.

 

Existe uma distância muito tênue entre o equilibrio financeiro e o desequilíbrio das contas.

 

Talvez esse fator seja o que mais assusta quem empreende. Não é nem a ganância tão alardeada por quem acusa o pequeno empreendedor de querer voltar ao trampo. Mas a agonia terrível de não contar com um projeto alternativo, de um fôlego de vida que segure as coisas em caráter extraordinário em tempo maior.

 

Trabalhar no limite, na corda bamba é a rotina de muita gente que muitas vezes escolhe empreender não por opção, mas justamente por falta dela. Ai, surgem negócios embasados no improviso, sustentados a duras penas pela urgente carência que impele as pessoas a sairem da inércia. Nesse caso, surgem empreendimentos sem planos de negócios, sem crédito na praça, inaugurados na base do investimento de toda a grana disponível, sem capital de giro, sem planejamentos administrativos.

 

Me lembro, que desde pequeno assisto as notícias de tempos em tempos das passagens de furacões nos Estados Unidos, e como a população local preparava toda a casa para minimizar o riscos das casas serem levadas pelas tormentas: pregavam tapumes nas janelas e portas, isolavam tudo e sumiam para outros lugares onde ficavam por uma semana ou o tempo suficiente até a tempestade passar. Quando voltavam a necessidade da limpeza era trabalhosa, mas a casa estava de pé.

 

Quanto tempo nosso empresário aguenta sem provisionamento?

 

Estamos sendo postos a prova e esse teste não está sendo feito em tubos de ensaios. Acontece agora, na vida real.


Bruno Ramos Empreendendor Analista de Relações Internacionais graduado pela Universidade Vila Velha - UVV

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