Alma poética - Jornal Fato
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Alma poética


Quando eu sair deste quarto sem sol,

ficarei bem.

Quando as marés passarem

e as ondas pararem de bater sobre minhas costas, provocando náuseas,

ficarei bem.

Quando as dores do mundo perderem suas forças,

ficarei bem.

Quando os espinhos se dissolverem de meu corpo e

as paredes não forem ásperas,

ficarei bem.

Quando meus olhos já não marejarem ao som da sua voz,

imponente e solitária,

ficarei bem.

Quando minhas veias não sobressaltarem à minha pele

e intervirem nas minhas mais tenras sensações,

ficarei bem.

Quando violentamente meu coração não se juntar à minha alma

e pulsar em minhas arestas,

ficarei bem.

Quando já puder escrever poemas sem palavras esquizofrênicas,

ficarei bem.

Quando sorrir sem estranhamento,

e eu lembrar dos seus cenários,

dos seus espaços em branco,

ficarei bem.

Quando minhas emoções não se contorcerem

e atearem fogo em minhas entranhas,

ficarei bem.

Quando sua presença resistir a tudo,

e o afeto pernoitar em meu espírito,

ficarei bem.

Quando seu mais bonito amor e coragem atravessarem aquela porta

e a poesia sair de suas mãos e escrever nossa história,

eu ficarei.

 

(De uma moça para um moço)


Dayane Hemerly Repórter Jornal Fato

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