Águas de março - Jornal Fato
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Águas de março


O mês de março, que finaliza nessa semana, é conhecido por suas chuvas; pelas águas que umedecem a terra, o que é necessário para que a vida nasça com suas várias formas, cores e cheiros. Durante todo o mês experimentamos as intempéries do ambiente natural: dias quentes findados com chuvas ora fracas ora fortes. Se é o mês mais chuvoso do ano? Não sei, mas que nele a chuva é uma realidade todos os anos, isso é incontestável.

Em vários dias do mês de março, chegamos aos nossos lares debaixo de chuva forte, mas, de repente, o céu ficava limpo e o dia seguinte nascia iluminado, renovado e recontando uma nova história cheia de luz que poderia ser encerrada com chuva ou não.

Numa noite dessas, após o cessar de uma forte e intensa chuva com trovões, olhei para o céu e contemplei estrelas. Pensei: como pode isso? Mal passou a chuva e as estrelas já se revelam brilhantes no céu, agora limpo e iluminado?

Tais instabilidades trouxeram confusões. Já não sabíamos se o guarda-chuva deveria ficar em casa, nas mãos ou na bolsa. Assim, por vezes, vi pessoas passando aperto. Isso porque o dia começava com sol irradiante, a sombrinha ficava em casa e, de repente, tinha início a chuva maçante, por vezes, branda e suave; por vezes agressiva e rápida, mas, de um ou de outro modo, pronta para banhar àqueles que, descuidados, não se preveniram contra as águas que teimam em cair nos meses de março.

Após o medo da seca que assolou nosso Estado em 2016, quando, de acordo com a Agência Estadual de Recursos Hídricos, o Espírito Santo atravessou a pior estiagem dos últimos 80 anos, fato que ocasionou a diminuição considerável das vazões dos rios, as águas que, neste mês, despencaram do céu trouxeram mais uma vez, junto de si, além de danos e tragédias em algumas regiões, conforto e esperança de dias melhores. Reacenderam a esperança de que a seca não nos alcançará jamais.

De toda sorte, ainda cientes das nossas obrigações contra o desperdício e ainda temerosos de que a seca se torne uma realidade algum dia, Tom Jobim, na década de 70, já cantava a importância desse mês caracterizado pela umidade e pela renovação da vida. Assim, ele revelava que "[...] são as águas de março fechando o verão, é promessa de vida em seu coração (música Águas de março - composta por Tom Jobim na década de 70).

Deste modo, em sendo as águas de março, apesar dos danos que, às vezes, com elas teimam em surgir, promessa de vida e, em findando esse mês com a Semana Santa, que nasça o mês de abril cheio de esperança, de vigor, de cor, de cheiro de alegria, de brilho e de paz em nossos corações. Que os meses vindouros tornem perpétua essa harmonia numa única e bela sintonia de amor, de esperança e de gratidão.


Dayane Hemerly Repórter Jornal Fato

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