90 Anos do Gênio Raul Sampaio - Jornal Fato
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90 Anos do Gênio Raul Sampaio

Emocionante. Foi assim, com a palavra emocionante, que defini e continuo a definir a homenagem que Cachoeiro de Itapemirim ? público e privado - prestou ao compositor Raul Sampaio


Emocionante.

Foi assim, com a palavra emocionante, que defini e continuo a definir a homenagem que Cachoeiro de Itapemirim - público e privado - prestou ao compositor Raul Sampaio, autor - entre tantas - das incomparáveis letra e música do "Meu Pequeno Cachoeiro", crônica de sua saída de Cachoeiro para chegar ao Rio de Janeiro, hino oficial da cidade.

Festa impecável para momento único, mostrando, ao vivo e amplamente iluminado, um Raul Sampaio absolutamente consciente do que fazia ali, na homenagem, e que fez durante toda sua vida espetacular, de exemplo, de persistência, juntadas à sua luz e especial qualidade.

Ali estavam, ao lado dele, o Teatro Rubem Braga repleto de público, cerca de 40 artistas da terra, entre jovens e mais antigos, homens, mulheres e crianças; gente de voz, gente dos instrumentos - todos cachoeirenses, registre-se, da mais alta qualidade e apuro musical.

Com todo o meu pretenso conhecimento das coisas culturais da cidade e do que acontece nela, não imaginava existir, por aqui, tanta quantidade de gente de qualidade na musica (isso também será matéria de observações e comentários mais à frente, quanto à contratação e apresentação deles em eventos oficiais ou não da cidade - mas isso é coisa para outra crônica, futura, cabendo registrar logo, que todos eles se apresentaram gratuitamente - era o tributo devido que todos ofereciam alegremente a Raul Sampaio).

Voltando a Raul, Raul Sampaio, Raul Sampaio Cocco. Não é qualquer um que, aos noventa anos de idade, seja objeto de homenagem tão justa e perfeita, homenagem ao gênio musical, ao mesmo tempo local e nacional. Não é qualquer cidade que pode fazer isso, com tanta simplicidade ao lado de tanta genialidade.

A experiência vivenciada no dia 4 de julho de 2018 haverá de ser sinal de esperança de que, na mixórdia que é hoje o Brasil, possamos sim, Cachoeiro, nossa terra, voltar às coisas boas que vivemos e vivenciamos nesse dia e nos dias do passado.

Não basta só viver por viver, há que se viver em profundidade, de forma que, após dormirmos, acordarmos com coração e memória vibrando de felicidade, como aconteceu comigo (e com tantos) no dia posterior á homenagem, ambos vibrando de verdade e dizendo para nós mesmos e para o mundo - "DOCE TERRA ONDE NASCI" (ainda que muitos, como eu, aqui não tenha nascido. Mas que importa isso - não nasci, mas escolhi aqui para viver, trabalhar e gozar das delícias (eventualmente, as dores) da vida).

Obrigado Raul Sampaio.

É sua arte quem abre as portas do mundo para Cachoeiro, que amamos tanto.

Salve Raul e seus 90 anos, e sua arte e sua genialidade.

 

Em Favor da Música dos maiores de 70 anos

Entre tantas entidades culturais da música, Cachoeiro tem três delas, particulares, que não têm nenhuma mancha na existência. Não só existem, como funcionam durante toda a vida (quase sempre com dificuldades financeiras). Todas elas estão acima de 70 anos de existência, cumulada com bons e leais serviços prestados à Cachoeiro inteiro. Não sei se existem outras com tanto tempo, e essas três, duvido não estejam no imaginário popular de qualquer dos mais de nossos 200 mil habitantes.

O Conservatório de Música de Cachoeiro foi fundado em 14 de abril de 1947 e seu funcionamento, que eu saiba, é ininterrupto. 71 anos de existência, levando a música principalmente às crianças e à juventude - Roberto Carlos Braga que o diga.

Já a Banda de Música 26 de julho, fundada nesse dia, 1933, portanto tem 85 anos, também de ótimos serviços prestados a Cachoeiro, às crianças e à juventude.

Por fim, a não ser que existam outras entidades de mais de 70 anos, temos a Lira de Ouro, com 101 anos de existência, fundada em 06 de novembro de 1917, com sede própria tal qual o Conservatório e a Banda 26 de julho. Também é responsável pela educação musical e pela apresentação em eventos públicos, durante todo tempo, e nem todos veem isso.

Todas ATIVAS, mas, por serem pobres e dedicadas à educação do povo, da criançada e da juventude, sem NENHUM interesse comercial, estão sempre em dificuldades. A contribuição do setor público e da sociedade, também, é próxima de ZERO, embora de vez em quando - raríssimo - exista.

Muitíssimas vezes ouvi dizer, dessas três entidades musico culturais, que elas são o que de melhor temos, não perseguem dinheiro ou elogios vazios, procuram, sim, abrilhantar festividades e comemorações públicas ou privadas da cidade, enquanto vão dando destino e qualidade de vida
à criançada e a seus dedicados membros.

Como vereador (é a primeira vez que falo aqui, como Vereador), pretendia apresentar projeto de lei para que essas entidades sem fins lucrativos, já com mais de setenta anos de produtiva existência, fossem reconhecidas legalmente como de utilidade pública, e amparadas não só pela legislação, como pela verba pública, sem necessidade de concorrerem a "chamamentos", como se faz, hoje, com empresas COMERCIAIS, ainda que sejam de cultura e de música.

Entidade cultural consolidada e histórica é uma coisa, empresa que visa lucro, é outra - o tratamento há de se diferente. Quero - exijo, se for permitido abusar - que as três entidades de mais de 70 anos de atividade profícua tenham o mesmo tratamento de entidades como a APAE, os hospitais sem fins lucrativos, a Escola Família e similares. A verba - qualquer que seja - deve ser anual, mediante apresentação das devidas contas no devido momento, e não transformá-las em pedintes, como hoje ocorre, e quase sempre não atendidas.

Nenhuma dessas outras entidades relacionadas entra em seleção prévia pública, e não devem entrar mesmo, afinal, são entidades sem fins lucrativos que prestam serviços públicos relevantes, equiparados, para fim de tratamento legal, com o serviço público exercido pelas três entidades a que me refiro - música e cultura. Ou eu estou errado?

Não sendo alçada do Vereador, vou fazer indicação ao Prefeito, sobre essa matéria. O Prefeito atual veio da atividade cultural, e a Secretária de Cultura, se fosse escolher dois dos melhores secretários da área, um, com certeza, será ela. Se temos tudo isso, por que não avançar?


Higner Mansur Advogado, guardião da cultura cachoeirense e, atamente, vereador

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