Chama que arde

20/05/2016 00:00

Creio que não há novidades a dizer sobre a passagem da tocha olímpica por Cachoeiro. Tudo, contra e a favor, provavelmente já tenha sido dito.

 

Confesso que prefiro me deter na festa, nos espíritos desarmados, no espírito esportivo e na confraternização e alegria que o símbolo olímpico, mesmo que momentaneamente, provocou em cachoeirenses (ou não) que tomaram as ruas da cidade para vê-lo passar.

 

Estávamos precisando de descontração, bálsamo, união e convergência, e ao que parece, a tocha olímpica alcançou esse objetivo, levando ao esquecimento, por algumas horas, as diferenças partidárias e ideológicas, principalmente. Muita ordem, apesar das milhares de pessoas nas ruas.

 

A conduzí-la, pessoas simples, médicos, atletas, artistas, portadores de necessidades especiais, todos relevantes para a comunidade ou instituição que representavam. Todos importantes e queridos para Cachoeiro.

 

A aplaudir, pessoas de todas as idades, em perfeita harmonia, sugeriam a convivência de uma grande e harmônica família. Amor e tolerância. Diferenças que pareciam mesmo inexistentes. Não era ilusão de ótica. Eu realmente vi. A chama olímpica fez isso.

 

Alienação e catarse coletivas? Não sei. Sei que foi de fato histórico e parece ter valido muito a pena. Espero que outro evento nos una muitas outras vezes, de forma tão prazerosa. E que isso não demore décadas para acontecer novamente.

 

Inevitável lembrar dos primeiros cristãos, que tinham tudo em comum. E de quanto o sentimento de união e fraternidade tem feito falta nos dias atuais. Se tornou rotina a guerra de todos contra todos.

 

Os grandes perdedores, não é difícil de apontar. Qualquer um que não seja amigo do rei. E se "farinha pouca, meu pirão primeiro", a reflexão parte, com todo o respeito, para o lado espiritual. Ouso comparar a chama da tocha olímpica à chama do Espírito Santo de Deus. A olímpica provocou mudanças visíveis e muita euforia.

 

E a chama do Espírito Santo de Deus? Que diferença para o bem tem provocado por onde passa, a partir dos que se dizem representantes dos cristãos (evangélicos ou não) na vida pública?

 

E na vida de cada um de nós que veste a roupa de cristão, principalmente aos domingos e dias santos? Temos feito diferença? A chama do Espírito Santo tem aquecido corações através de nós? 

 

Temos provocado risos e festas coletivas por onde passamos? Sabemos, ou queremos partilhar? Até onde o que acontece com o outro é importante para nós? Há amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão e temperança? (os frutos do Espírito, segundo Gálatas 5:22).

 

Se as respostas são negativas, precisamos reativar essa chama espiritual. E guardar esse fogo com tanto zelo quanto é feito com o da tocha olímpica. Sermos guardiões dos princípios e valores espirituais mais autênticos. Daqueles que impulsionam para o bem e fazem diferença. 

 

Porque só isso será capaz de amenizar tanta beligerância que se viu até recentemente, e que parece longe de acabar. A tocha foi só uma trégua, infelizmente.