Genocídio da juventude negra - Jornal Fato
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Genocídio da juventude negra

O Brasil está matando seus jovens, notadamente os negros e moradores das periferias


O Brasil está matando seus jovens, notadamente os negros e moradores das periferias espalhadas Brasil afora em ações violentas de quem deveria zelar pela segurança pública. A Operação Pancadão é apenas mais uma que está aí para provar isto.

É preto, pobre e favelado, noves fora nada. Essa parece ser a conta que vem sendo feita pelos governantes de estados campeões no assassinato de jovens negros e negras, que perderam o direito de ir e vir. Dados do Atlas da Violência 2018 apontam que em dez anos, entre 2006 e 2016, o aumento de assassinato de negros foi de 23,3%.

É a desigualdade racial num país em que 71,5% das vítimas são negras ou pardas, com baixa escolaridade e não conseguiram concluir o ensino médio. Altos índices de violência que matam um jovem negro a cada 23 minutos, 63 por dia e 23 mil por ano.

É uma parcela vulnerável, num país em que cresce também o número de feminicídio. O Espírito Santo é um estado perigoso para as mulheres, especialmente as negras. Estatísticas comprovam que em 10 anos o feminicídio contra a mulher negra no Brasil cresceu 15,4%, índice 71% superior à de mulheres não negras, que também continuam sendo mortas por seus maridos, companheiros ou ex-companheiros.

Infelizmente não se percebe efetividade dos governos, em ações transversas que agreguem segurança pública, mas especialmente, e principalmente, educação, saúde e assistência social. Preferem a força que mata à transversalidade que protege e fortalece.  É preciso reconhecer o genocídio da juventude negra como um problema de Estado, sob o risco de vermos jovens continuarem sendo mortos nas ruas enquanto se divertem em bailes funk, como se todas as mazelas sociais e uso e tráfico de drogas se concentrasse nas periferias. 

A rua é do povo e precisa se tornar um lugar mais seguro para todos. Mas especialmente para aqueles que continuam sendo considerados cidadãos de segunda categoria e exterminados sem dó nem piedade, sob as bençãos do Estado. Genocídio com certeza.


Anete Lacerda Jornalista

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