Alegria, Alegria

Há quem diga que sou seca no trato com as pessoas

08/06/2018 10:36

Há quem diga que sou seca no trato com as pessoas. Que poderia ser mais efusiva, fazer mais festa, ser mais simpática, enfim. Chego a ficar envergonhada. Sempre achei que fosse educada e agradável o suficiente para honrar os ensinamentos dos meus pais.

E tenho certeza que amo intensamente, embora, pelo jeito, não saiba externar afeto. Principalmente se isso envolver muito contato físico. De fato sou arredia. E reconheço também que não sei fazer piadas e gracejos. Certamente não estou na lista preferencial de convidados. A exceção é a família,

E sou seletiva, mas talvez a timidez excessiva justifique ou seja mera desculpa. Quem sabe a seletividade tenha me empurrado à discrição?

Mas se sou seca, como dizem inclusive minhas filhas, percebo que não sou a única entre os amigos que se diferencia pelo silêncio, que pode ser interpretado como indiferença. Nunca é. Mas não sei ?chegar chegando?, como muitos fazem naturalmente.

E talvez por essa falta de jeito, tem uma coisa que amo de paixão: pessoas divertidas, cuja presença num simples encontro casual é capaz de arrancar gostosas gargalhadas. A vontade seria congelar o tempo e eternizar aqueles momentos, que fazem bem à alma e ao coração. Ou carregar essa pessoinha a tiracolo, para garantir a dose de alegria diária.

E mesmo não autorizada, cito duas pessoas especialmente divertidas que atravessaram meu caminho nos últimos tempos. A distância de milhares de quilômetros e o contato apenas virtual não impede que o meu professor de Direito Constitucional Ricardo Macau e a Professora de Direito Administrativo Patrícia Carla me arranquem gargalhadas durante as aulas.

Normal ou anormal (com todo o respeito), o Macau consegue imprimir sua irreverência e alegria em cada encontro. Sem arrogância, sem máscaras e sem a pretensão de ser melhor que ninguém. Pelo menos é o que parece.

A Professora Patrícia me atrai pelo sotaque, já que fui criada entre pessoas de todo o nordeste brasileiro, mas também por sua competência didática e alegria contagiante. Esses dois me fazem rir boa parte das aulas.

Se destacam por esse diferencial no meio de tantos professores excelentes. O Professor de Português João Bolognese é o melhor que já tive na matéria. Chego à conclusão que pessoas competentes, íntegras, de princípios, mas pouco convencionais, daquelas que chegam a ser chamadas de loucas, me encantam.

Se viver é perigoso, que cada minuto seja intenso. Que não percamos tempo com desimportâncias. Então alegria, alegria.