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O advogado e amigo, João Augusto Farias dos Santos, postou, nesta quinta-feira que ficou para trás, magnífica foto que ele tirou a partir de sua janela de escritório


O advogado e amigo, João Augusto Farias dos Santos, postou, nesta quinta-feira que ficou para trás, magnífica foto que ele tirou a partir de sua janela de escritório do Ed. Primus, centro de Cachoeiro. Foto de alta categoria profissional e beleza inusitada, como meu amigo leitor já viu e eu não preciso ficar repetindo sobre a qualidade dela.

É ver e se convencer, óbvio.

Interessante foi a justificativa do fotógrafo para tão belo resultado, tão belo efeito fotográfico. Disse-me ele, ao telefone; disse-me ele, eu evidentemente emocionado, que tal foto ocorrera de forma um tanto despojada, bem despojada. Apenas aproximou-se ele, fotógrafo, da sua janela e viu as nuvens do fim de tarde, viu as torres da Catedral de São Pedro, viu a paisagem da Praça Jerônimo Monteiro, viu, finalmente a imponência do Bernardino Monteiro... e tirou a foto... simplesmente.

Ora, disse tudo, mas espantou-se com meu espanto pela foto, enquanto eu me espantava pela palavra que ele pronunciou para justificar a foto - dissera simplesmente "simplesmente".

Eu que já venho aumentando meu entendimento de que são as "coisas simples do cotidiano" que realmente fazem os grandes momentos da humanidade, entendi de parar de escrever, por aqui, neste dia, e postar a foto inteira e majestosa que o leitor com certeza já admirou, antes de ler essas poucas frases e palavras - se é que ele (você) realmente as leu. Simplesmente.

 

Lição de Geografia

Pelos meus 10 anos de idade, no primeiro ano do ginásio, lá no Alegre, apaixonei-me pelos astros e estrelas do firmamento. Professora excelente de Geografia, era a Dona Yole. Li e reli, inúmeras vezes, o primeiro capitulo do Moisés Gicovate, esse era o autor do livro de Geografia de então, se bem me lembro e a memória não me falha.

Para alguém com 10 anos, algumas coisas, naqueles tempos, eram impossíveis de entender. Como era possível estrelas se movimentarem nos céus (de leste para oeste, acho)? Olhava e olhava para o céu e as estrelas estavam sempre lá, no exato lugar em que foram colocadas, paradinhas, paradinhas. A Lua sim, dava para ver que se movimentava. Mas estrelas, difícil acreditar que transitavam por caminho semelhante.

Passaram-se anos e eu nada de acreditar naquela história de estrelas andarem. Até que um dia pude sentir que elas andam. E vou passar aqui a maneira que descobri. Simples, basta o leitor fazer o que fiz.

É o seguinte: Lá pelas 11 da noite perca o sono. Puxe uma cadeira, instale-se numa varanda e escolha uma estrela grande, dessas que não nos deixa confundir com as outras. Ela tem que estar bem lá no alto. Procure um ponto qualquer no horizonte. O que eu achei foi a torre da igreja, mas serve qualquer ponto mais elevado.

Sono perdido, fique atento até lá pelas 4 ou 5 horas da manhã. Nem precisa de relógio, é naquelas horas em que só o galo canta e o sol ainda não chegou. Fique olhando quase que fixamente para a estrela e para a torre da igreja. Não mais que essas 5 ou 6 horas passadas e você terá vivido a mesma experiência minha. Não é só teoria. É prática pura.

Por isso que agora eu sei que as estrelas andam. Devagar sim, mas como andam. Numa noite só, cruzam todo o firmamento (do leste para oeste, acho), mesmo que seja Carnaval na Terra.

Engraçado; contando assim, parece não custar nada a experiência, a não ser o incômodo provocado pelo ficar sentado. Mas vivida, dá dor em certas partes da alma da gente, que chega a ser insuportável.

Não tenha medo, só dói. Bom é que, às vezes, passa.

(Crônica que escrevi a uns 25 ou 30 anos, não sei bem e nem sei se foi publicada antes - fazia parte de um livro também não publicado).


Higner Mansur Advogado, guardião da cultura cachoeirense e, atamente, vereador

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