Vereadores são contra redução de salários - Jornal Fato
Política

Vereadores são contra redução de salários

Atual presidente e ex-presidente da Câmara não concordam com a diminuição que movimento quer propor


O presidente da Câmara de Cachoeiro de Itapemirim, Júlio Ferrari (PV) e o ex-presidente David Lóss (PDT) são contra a redução do salário dos vereadores. A proposta deve ser apresentada na Câmara em projeto de iniciativa popular.

 

Atualmente, os vereadores têm salário de R$ 6,9 mil, mas o Movimento Popular "Todo Poder Emana do Povo", coordenado pelo estudante de direito e instrutor de trânsito Clodoaldo Gonçalves, quer a redução do valor para R$ 2,5 mil. Para apresentar a proposta, no entanto, ainda falta coletar assinaturas de cerca de 7 mil eleitores, como exige a lei.

 

Mas, segundo Júlio Ferrari, os vereadores não possuem qualquer tipo de benefício extra ao assumir a cadeira na Câmara. "Nós ganhamos líquido, hoje, em torno de R$ 5,3 mil, valor inferior ao auxílio moradia de um juiz ou promotor de Justiça. Quando a população precisa é o vereador que ela procura. Então por que não cobram a redução do salário de membros dos outros poderes? Sou contra a redução, mas vamos receber a proposta de iniciativa popular e colocar para a Casa analisar", afirmou.

 

Embora uma das propostas do movimento popular seja utilizar o valor economizado para "tocar obras paradas" através da devolução dos recursos à Prefeitura. Ferrari crê que seja inviável, já que a Câmara teve milhões desviados de suas contas no passado, e deve cerca de R$ 8 milhões ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e ao Instituto Previdenciário de Cachoeiro (Ipaci), cujo débito foi parcelado em 240 meses.

 

O ex-presidente da Casa, David Lóss, que durante sua gestão devolveu recursos, diz que os salários dos parlamentares já estão defasados. Segundo ele, de 2009 a 2015, enquanto os vereadores tiveram o reajuste acumulado de 11,6%, o trabalhador que ganha um salário mínimo teve 69%.

"Nossos salários estão congelados há dez anos e poderia estar ganhando de acordo com a legislação, 50% do que ganha um deputado estadual, ou seja, em torno de R$ 12,5 mil. A gente tem que ressaltar que a Câmara é o poder mais importante para a cidade. Reduzir o salário e o número de vereadores é um retrocesso. Seria como pedir a ditadura, pois aumentaria o poder do prefeito. E detalhe: muitos vereadores deixam seus trabalhos para se dedicar exclusivamente ao mandato", disse.

David Lóss disse ainda que com a redução dos salários, o cidadão com menos recursos, "aquele que trabalha como pedreiro", não iria se candidatar a vereador, já que teria que deixar sua profissão para se dedicar ao mandato, cujo salário não daria para suprir o que ganharia em seu exercício profissional.

Mas, mesmo hoje, não há pedreiro entre os 19 parlamentares que compõem a Câmara

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