Subsídio ao transporte não garante preço da passagem - Jornal Fato
Política

Subsídio ao transporte não garante preço da passagem

Retroatividade do subsídio a janeiro deste ano é outro ponto polêmico levantado pelos vereadores


Diretor-presidente da AgersaVanderley Teodoro deu explicações na Câmara: com subsídio, aumento será menor

A Prefeitura de Cachoeiro pretende subsidiar, inclusive retroativamente, o valor cobrado pela passagem, atualmente em R$ 3,20. O município quer complementar este valor, inclusive por indenização, a partir de janeiro deste ano, em R$ 0,15 por viagem, o que pode implicar em gastos de até R$ 1,6 milhão por ano. Mas, nem isso é garantia de que a tarifa não subirá no ano que vem.

A proposta está no projeto de Lei 138/2018, debatido na tarde de ontem, na Câmara Municipal.  O diretor-presidente da Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Cachoeiro de Itapemirim (Agersa), Vanderley Teodoro de Souza, deu explicações aos vereadores em audiência pública.

Ele foi convidado pelo vereador Antônio Geraldo para esclarecer o motivo do repasse da prefeitura. "Temos uma preocupação muito grande em relação a este subsídio, que é retroativo. A prefeitura arca com este valor agora, e, a partir do ano que vem, porque isso vai acontecer, a passagem irá aumentar de qualquer forma. E quem paga por isso é a população", comenta o parlamentar.

Vanderley apresentou tabela com os gastos da empresa de transporte público de estudo feito pela Agersa a partir de março. "A empresa de transporte queria, no início do ano, o valor de R$ 3,60 na passagem. A Agersa concedeu R$ 3,20. Mas a partir dos estudos e levantamentos realizados, vimos que o valor da tarifa deveria ser de R$ 3,35, para que a empresa conseguisse ter um alívio financeiro", diz o diretor-presidente.

Vanderley reconheceu que, mesmo subisidiada, a tarifa pode subir no ano que vem, a depender do valor do diesel e reajuste salarial dos funcionários. Contudo, o subsídio aliviará o valor do próximo aumento.

A Flecha Branca, conforme explicitou Vanderly, teve um gasto, com tributos, em 2017/2018 de R$ 3.128.835,57. A queda do número de passageiros contribuiu para o desequilíbrio financeiro. Em 2015, cerca de 1,4 milhão de passageiros utilizou o transporte público. Já em 2017, o número de usuários caiu para 933.988.

O vereador Carlinhos Miranda (PDT) relatou que não é contra o subsídio, contudo, a retroatividade, para ele, não faz sentido. "Querem fazer um subsídio deste ano, do valor de uma passagem que todos os cachoeirenses já pagaram, para daqui a pouco aumentarem de novo esse valor de passagem. Deveriam estar pensando num subsídio futuro e não retroativo".

O parlamentar destacou ainda que também não há coerência em fazer um subsídio se não há estrutura para o uso do transporte público e afirmou que se a empresa não tem mais condições financeiras, pode desistir de atuar no município.

"Há mais de dois mil pontos de ônibus em Cachoeiro, a maioria não tem abrigo. Muitos ônibus estão velhos e é preciso ainda fiscalizar mais os horários em que passam. Se a empresa não está bem, pede para sair. Outro processo é aberto para contratar outra que possa oferecer o serviço de transporte na cidade".

O Projeto de Lei ainda será votado pelos vereadores.

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