Mensagens de ódio nas redes sociais - Jornal Fato
Política

Mensagens de ódio nas redes sociais

Devido às opiniões divergentes sobre política, as mensagens de violência e ódio ganharam um grandioso espaço nas redes sociais


A internet tornou-se nos últimos anos o principal meio de protesto para a maioria da população. Sites, redes sociais e blogs aumentam a capacidade de interação entre pessoas e também de negócios. Mas, além disso, devido às opiniões divergentes sobre ideologias, e, principalmente nos últimos dias, sobre política, as mensagens de violência e ódio ganharam um grandioso espaço nas redes sociais em todo o Brasil.

 

O jornal ES de Fato ouviu alguns formadores de opinião de Cachoeiro de Itapemirim sobre a repercussão dos protestos na internet, e também sobre as manifestações de violência.

 

O advogado Ivan Malanquini Ferreira diz que a repercussão das manifestações é imediata, porém, perigosa.  "Verifico de todos os lados (sem me apegar ao dualismo direta x esquerda) que muitos compartilham coisas sem ao menos verificar a fonte e que há, de fato, uma guerra de informação e desinformação. Eu particularmente ajo com cautela e exprimo minhas palavras procurando trazer o mínimo de palavra dos outros, exceto quando o texto compartilho compactua com algo coerente com minha linha de pensamento.

 

Quanto à mensagem de ódio, entendo ser uma reação a uma ação. A extrema direita que surge agora, nada mais é do que um reflexo do avanço da esquerda nesses últimos anos de governo. Não há um meio termo ou intermédio de ideias. Todavia entendo que acontece com mais força nas redes sociais, creio, porém, que isso se intensificará em um caminho perigoso."

 

Saulo Batista Calazanz, também advogado, falou sobre os atos de violência sob os aspectos jurídicos. "O discurso do ódio, pelo entendimento jurídico, é qualquer tipo de discurso, conduta, gesto escrito ou representado, proibido por lei que pode incitar violência, ofensas ou ações contra alguém ou um grupo de pessoas. De forma genérica, o discurso do ódio é qualquer ato de comunicação que inferiorize uma pessoa por características como etnia, raça, religião, orientação sexual, nacionalidade, posição política, ou seja, é a generalização de discriminação.

 

Com efeito, a proibição do discurso de ódio é vista, pelo contrário, como uma forma de garantir a liberdade de expressão. Ocorre, no entanto, que o discurso de ódio, ao contrário de outras expressões da sociedade democrática, não visa ao diálogo e busca apenas silenciar, quando não suprimir, a expressão de minorias. De forma geral, o discurso de ódio silencia a vítima e não permite que ela se expresse livremente. Neste esteio, eu vejo com os piores olhos possíveis o crescimento das manifestações de violência e ódio nas redes sociais. Vivemos uma época de pouca aceitação dos entendimentos diversos e isso para a democracia é muito perigoso."

 

 

Confira as demais opiniões

 

 

Pedro Paulo Biccas Junior, filósofo, jornalista, escritor e especialista em marketing político e redes sociais. Atualmente é responsável pela pasta de Comunicação em Presidente Kennedy.

 

"Não se apaga fogo com fogo. A oposição tem em suas mãos a oportunidade de não se igualar ao atual governo que em nome de sua ideologia, atropela todos os ditames e valores legais e morais

 

É preciso muita cautela no limiar entre prudência e passividade.

 

O último parágrafo do livro a Revolução dos Bichos, de George Orwel diz: 'Doze vozes gritavam, cheias de ódio, e eram todas iguais. Não havia dúvida, agora, quanto ao que sucedera a fisionomia dos porcos. As criaturas de fora olhavam de um porco para um homem, de um homem para um porco e de um porco para um homem outra vez; mas já era impossível distinguir quem era homem, quem era porco.'"

 

 

Romário Mazoli, psicólogo. 

 

"Na atual conjuntura politica que o país vem atravessando, percebe-se que instintos agressivos reprimidos associados à insatisfação pela má distribuição de renda e toda a forma de corrupção, enquadram a população em uma condição limítrofe, seria como "apagar fogo com gasolina".

 

É bastante preocupante quando forças de partidos políticos disputam o poder de governo em uma nação, e se apropriam de sujeitos que facilmente influenciados, tornam-se "kamikazes politizados."

 

Tauã Lima Verdan Rangel, Doutorando vinculado em Sociologia e Direito, Mestre em Ciência Jurídicas e Sociais e Professor Universitário do Curso de Direito da Multivix. 

 

"Em um Estado Democrático de Direito, a divergência de opiniões é algo salutar, construtivo e emancipatório, contribuindo, diretamente, para o crescimento de cada indivíduo. Contudo, em decorrência do cenário épico em que a política brasileira está inserida, verifica-se o fortalecimento de um discurso essencialmente dualístico, no qual há um "nós contra eles", sobretudo nas redes sociais (facebook e twitter). Há uma intolerância com o diferente, com o discurso que se afasta da ideologia comungada. Logo, são cavados fossos em que a oposição, ofensas e discursos de intolerância ganham volume. "Ou está do nosso lado, ou está contra nós!". Mas qual é o lado correto? E a democracia enquanto mais lídima manifestação do povo? E a liberdade de livre manifestação e opinião? Em tal cenário, parece que isso vai aos poucos se perdendo, em especial devido à intolerância de posicionamentos divergentes. Em um momento tão nebuloso, é necessário ter sabedoria na condução dos debates... Mais do que isso, não há um "nós" nem um "eles", o que, de fato, há é um povo brasileiro, historicamente sofrido com um cenário político indiferente às necessidades da população e sensível aos interesses escusos de poucos... "

 

Giuseppe Dalle Vedove, escultor.

 

"As Redes Sociais são um meio para compartilhar as nossas ideias com outras pessoas. Isso amplifica o poder de pressão, pois é como juntar soldados isolados num bloco homogêneo, o poder de fogo aumenta, tanto no ataque como na defesa.

Eu não apoio nenhum ato de violência a menos que não seja para defender a própria integridade física. Os protestos dos movimentos contra o Governo foram pacíficos, pois na sua maioria são efetuados por pessoas democráticas. O Governo atual é sustentado por ideologias de matriz marxista as quais contém no seu DNA a violência contra quem não pensa igual. A luta de classe contém em si o embrião do ódio pela liberdade, porque  ela é a asa que leva as pessoas a se diferenciar, a crescer, a empreender, a contestar....e todas essas coisas batem de frente com o "Achatamento popular" que diz que todo mundo deve ser igual."

 

 

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