Manato fala sobre seus planos para o Espírito Santo - Jornal Fato
Política

Manato fala sobre seus planos para o Espírito Santo

Polícia de divisas, menos secretarias, escola militarizada - entenda o que o candidato ao governo propõe


Foto: Ronaldo Santos

Após quatro mandatos consecutivos como deputado federal, premido por sua assiduidade na Câmara, Carlos Manato (PSL) decidiu se candidatar ao Governo do Estado no fim do prazo para as convenções partidárias. Se os arranjos de seus concorrentes levaram meses, a sua definição não demorou três horas, embora, confesse, não estivesse em seus planos.

Manato abriu mão de tentar a reeleição "com 90% de chance de vencer" em nome de projeto maior que o seu: o do seu colega de partido e bancada Jair Bolsonaro, candidato à presidência. O sacrifício de sua candidatura a deputado federal, representou a agregação, no Espírito Santo, do PR, do senador Magno Malta, vice dos sonhos de Bolsonaro, e do PRB, de deputado estadual Amaro Neto, apresentador popular que, por pouco não venceu, em 2016, as eleições para a Prefeitura de Vitória e era cotado para disputar o Senado.

As adesões representaram acréscimos importantes para a coligação na campanha eleitoral na televisão, com cerca de 1',12''. O ideal, para Manato, seriam no máximo cinco partidos, mas com os três que conseguiu, acredita que pode chegar ao governo "Sem depender de arca de Noé", como trata a ajuntamento de siglas em excesso.

"Qual o preço que paguei? Foi a própria coligação. Não me pediram nada. Já o projeto com 18 partidos, um falava mal do outro até pouco tempo, cada um pegou seu lugar e já sabe para onde vai, em caso de não ganhar a eleição", diz em relação à coligação do ex-governador Renato Casagrande (PSB).

A expectativa de seu grupo eleger no máximo sete deputados estaduais não será suficiente para formar a maioria na Assembleia, com 30 componentes. O candidato, no entanto, ressalta que não vai trocar cargos por apoio político.

"Não vou me envolver na escolha do presidente da Assembleia e nem das comissões. Quando não se envolve, não tem que negociar nada. Vou chamar um por um e oferecer parceria dentro dos preceitos do programa de governo, levando obras e ações para as regiões. Eles podem até participar da escolha de alguns cargos, nas respectivas regiões, respeitando o perfil técnico. Não vou aceitar faca no peito".

 

Entrevista

Na semana passada, Manato esteve no sul do Estado, para uma série de compromissos de campanha, dentre os quais, entrevistas a rádios e, também, ao jornal Espírito Santo de FATO, onde, sua primeira providência, ao chegar, foi entregar sucinto programa de governo, sobre o qual trabalhou por cinco meses.

"Enquanto os partidos pensavam em coligações, nós produzíamos nosso plano de governo, para só depois definir o nome que o implantaria. Acabou que eu fui o escolhido".

No próprio documento, Manato diz que não se trata de obra definitiva, pois aceita aperfeiçoamentos. Ainda assim, os pilares estão postos. E se inspiram no modo bolsonariano de enxergar a gestão pública, com as adaptações que requerem as peculiaridades capixabas. Contém medidas com pretensão moralizadora e de apelo popular.

 

Gestão

Na reforma administrativa, garante o corte 20% de secretarias, subsecretarias e cargos comissionados. No secretariado, não serão aceitos políticos que tenham pretensões eleitorais para 2020. Segundo Manato, o objetivo é prevenir a descontinuidade administrativa. "Com economia do enxugamento da máquina, pretendo investir na valorização dos servidores com capacitação e treinamentos".

São ações pensadas no macro, mas também cuida de despesas menores, como a proibição do uso da frota do governo para o trajeto entre casa e local do trabalho do servidor. Na casa oficial do governador, sua primeira providência será esvaziar a despensa e extinguir o expediente dos funcionários aos finais de semanas e feriados. "Caberá ao governador abastecer a casa, sempre, e o pessoal do fim de semana", define.

 

 

Segurança

O candidato tem apreço especial pelas questões de segurança. Em seu programa, uma das medidas diferentes é a criação de uma polícia estadual de divisas. Com 600 policiais militares patrulhando as entradas e saídas do Espírito Santo, pretende dificultar a vida de traficantes de armas e de drogas, impedindo que recebam os produtos ilícitos que vêm de outras unidades da federação. A lógica é simples: não há fábrica de armas e nem plantações de cocaína no Estado. É, em versão capixaba, algo que Bolsonaro já disse que pretende fazer nas fronteiras nacionais.

Sem falar em reajusta salarial, uma das bandeiras é a valorização dos policiais, que, em sua gestão, passariam a indicar o comandante geral da PM, a quem caberia apresentar plano de policiamento, dependente da anuência do governador. Os concursos públicos passariam a ser regionalizados.

Manato, caso eleito, pretende anistiar administrativamente - a criminal ele já conseguira aprovar em Brasília - os policiais que participaram da greve de 2017. Perguntado como agiria ante nova paralisação, diz que resolveria "com diálogo'.

 

Esporte

O candidato pretende dar estrutura a campos de várzeas e de escolinhas de futebol, dentro do programa Campo Bom de bola, que já atende a 45 mil pessoas. O material como bolas, redes e até uniformes seriam confeccionados por presidiários. E a utilização, em parceria com centros de educação física, com a cessão de estagiários.

 

Saúde

Para Manato, a correção da defasagem entre demanda e recursos repassados pelo Estado aos hospitais filantrópicos, que absorvem boa parte da demanda na região sul, se dará com a compra e aumento de cotas de serviços, como exames, a preços praticados pelo Sistema Único de Saúde, pelo Governo do Estado. Seria, a seu ver, maneira de diminuir as filas de pacientes e ainda ajudar financeiramente as instituições. Ele pretende acabar, por exemplo, com mutirões como o de cirurgias de catarata, que levam pacientes para realizar o procedimento em Vitória, quando há condições de realizá-los em hospitais como o Evangélico, em Cachoeiro. A ideia é realizar caravanas aos finais de semana e feriados.

"A Rede Cuidar é programa interessantíssimo. Tem que ser estimulado. Mas é para coisas mais eletivas. Aprovo, acho que tem que aumentar, ir para mais regiões, através de parceria com os municípios, que as administrariam em consórcio".

Sobre o hospital do Aquidaban, em Cachoeiro, que jamais funcionou, diz que o primeiro passo é fazer auditoria, desenvolver novo projeto e depois oferecer parceria a iniciativa privada ou hospitais filantrópicos.

 

Educação

O candidato pretende implantar escolas militarizadas. O intuito é "restaurar o respeito dos alunos em relação aos professores". A medida enseja alterações na grade curricular, com inserção de disciplina como Moral e Cívica, assunto que, garante, será debatido com os educadores.  A escola, será sem partido, e a ideologia de gênro não vai ter lugar na rede estadual.

Os projetos exitosos, como considera a Escola Viva - de tempo integral - serão mantidos. "É também um projeto interessantíssimo, que precisa de aperfeiçoamentos. Mas vai continuar. É algo que começou com o Ciep (de Leonel Brizola, no Rio de Janeiro) em 1982. E quantas mais pudermos, vamos fazer".

 

Rural

Para o meio rural, Manato diz que dará prioridade a recuperar trechos pavimentados nos últimos 12 anos pelo programa Caminhos do Campo, antes de iniciar novos. E pretende, também, construir pontes rurais, em parceria com as prefeituras.  O objetivo é erguer tantas quantas forem necessárias. Além de medidas não pormenorizadas de estimulo à produção e diminuição do êxodo rural. 

 

Projetos

O candidato do PSL pretende criar a chamada "Casa dos Prefeitos e Vereadores", em que o governo do estado, em parceria com o Crea, faria projetos arquitetônicos padronizados a serem encaminhados às Prefeituras e adaptados. Servirão, no planejamento de Manato, de base para a captação de recursos federais ou estaduais para executá-los.

 

Ferrovia

A extensão da ferrovia Vitória x Minas até a região do Porto Central de Presidente Kennedy - considerada importante para o desenvolvimento sulino - não consta no programa de governo. A Vale chegou a sinalizar que faria o investimento, mas o governo Federal pretende levar a contrapartida pela antecipação da renovação da concessão do trecho para o centro-oeste. Desde então, a situação está judicializada. Perguntado sobre o assunto, Manato é conciso. "Ou a Vale faz, ou colocaremos nossa fiscalização lá dentro, como ela jamais viu antes".

 

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