Estado se prepara para chegada de onda de lama no Rio Doce - Jornal Fato
Política

Estado se prepara para chegada de onda de lama no Rio Doce

Há doze dias o Espírito Santo se prepara para chegada da onda de lama que desce o Rio Doce


Desde que as barragens da Samarco se romperam, no último dia 5, a onda de lama e dejetos que desde o Rio Doce é esperada no Espírito Santo. Há 12 dias o Estado se prepara para encontrar o que alguns classificam como o maior desastre ambiental registrado na história brasileira. O objetivo das autoridades é minimizar os impactos já vistos na parte mineira da Bacia do Doce. Ontem foram anunciadas as ações que serão feitas para garantir o abastecimento de água nas cidades atingidas.

A chegada da onda de lama ao Estado não tem previsão exata. Atualmente os rejeitos provenientes do rompimento da barragem de Mariana (MG) estão próximos ao município de Aimorés (MG). Um reservatório de água do município mineiro, localizado na divisa com o Espírito Santo, está sendo usado para auxiliar na retenção do material até o Rio Doce aumentar o atual volume de água em sua calha. Esses fatores devem alterar a velocidade da onda e a turbidez da água que vai chegar ao território capixaba.

"A lama ainda vai passar pelas represas de Aimorés e Mascarenhas. Estamos acompanhando os trabalhos que estão sendo realizados nestes locais", informou o governador Paulo Hartung (PMDB). "Nossas ações são muito importantes para enfrentarmos um momento grave como esse, que está sendo caracterizado por analistas como o maior desastre ambiental de nosso país e um dos maiores do mundo", quantifica o governador.

 

Abastecimento

A primeira cidade a ser atingida pelos dejetos será Baixo Guandu (a 186 km de Vitória), na divisa com Minas Gerais, onde vivem mais de 30 mil pessoas. Logo depois a onda chega em Colatina, que tem mais de 120 mil moradores - Linhares também será atingida. "Já estamos preventivamente prontos", afirma o ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, que participou de coletiva junto ao governador Paulo Hartung na manhã desta segunda (16), na Residência Oficial do Governo, em Vila Velha. "Não faltará água em Baixo Guandu, nem em Colatina. O que podemos ter é uma diminuição da oferta e uma adequação na oferta do abastecimento de água", disse. 

O ministro reforça que na última sexta (13) amostras de água colhidas em Minas Gerais indicam que Governador Valadares poderá retomar a captação de água no Rio Doce. Occhi acredita é que a água chegará com menos dejetos ao Espírito Santo. "Entendemos que à medida que a água chega ao Espírito Santo, ela perde muito ainda da sua turbidez e incapacidade de captação. Isso poderá ser uma noticia importante de que todas as ações preventivas irão ficar de sobreaviso, mas que Baixo Guandu e Colatina poderão fazer a captação", reforça, frisando que o monitoramento de água será feito diariamente.

 

 

Colatina e Baixo Guandu se preparam

Para viabilizar a criação de um sistema alternativo para fornecimento de água aos moradores de Colatina, estão sedo feitas perfurações de poços artesianos para coleta de água no subsolo. A proposta são seis poços feitos próximos da estrutura de coleta e abastecimento de água, feita pelo Sanear. Com essa proximidade, a distribuição para pode ser feita usando a rede pública da cidade. Também está em avaliação a instalação de adutoras com engates rápidos para coleta de água nas lagoas do Limão e Batista.

Para realizar a distribuição e armazenamento de água serão utilizados reservatórios móveis e carros-pipa. Colatina recebeu 45 carros pipa para o caso de necessidade. Também foram enviados oito carros pipa para cidade de Baixo Guandu. O Governo informa que a cidade de Baixo Guandu já está apta para fazer a captação de água no Rio Guandu, afluente do Rio Doce. Antes a captação era feita no Rio Doce. Uma barragem da cidade também vai auxiliar no abastecimento.

 

Prontidão

Com o objetivo de auxiliar na logística e manutenção da ordem, o Exército brasileiro já montou um posto avançado de operações em Colatina. Desde domingo (15) uma companhia (150 homens) do exercito se encontra preventivamente no município.

O Comandante Militar do Leste, General de Exército Fernando Azevedo e Silva, explica a função humanitária e organizacional que será feita pelas forças armadas. "Nossa ajuda inicialmente é humanitária. A presença do soldado fardado impõe respeito, organiza. Ajuda praticamente na distribuição de água, liberando as polícias militar e civil para fazer o trabalho policial. Essa é nossa ajuda", disse.

 

 

Hartung encontra Dilma hoje

Agenda será realizada em Brasília para tratar do plano de recuperação do Rio Doce. Governador de Minas Gerais também participa

Os governadores do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), e de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), se reúnem com a presidente Dilma Rousseff (PT) nesta terça (17). A agenda será realizada em Brasília para tratar do Plano de recuperação do Rio Doce.

"Vamos estar com a presidente da república e esperamos que amanhã [hoje] já possamos dar um passo no olhar para além do emergencial. Num olhar estrutural no sentido da recuperação da região de Mariana [Minas Gerais] e da recuperação da bacia hidrográfica do Doce, que pode ser bem trabalhado e ser elemento importante no sentido de estruturar um projeto de gestão dos recursos hídricos e das bacias hidrográficas no nosso país", disse o governador Paulo Hartung em coletiva realizada na manhã desta segunda (16).

Na última quinta-feira (12), Hartung aproveitou a presença da presidente Dilma Rousseff em Colatina, para entregar uma proposta de Plano de Recuperação da Bacia do Doce, baseado no projeto Olhos D'água, do Instituto Terra, liderado pelo fotógrafo Sebastião Salgado. O documento pontua ações para recuperação de nascentes, cobertura florestal, bem como ampliação e modernização de sistemas de esgoto ao longo do rio e seus afluentes. O objetivo é que União e Governos Estaduais atuem conjuntamente com a iniciativa privada, sociedade e a Samarco, empresa responsável pelo rompimento das barragens em Mariana (MG).

 

 

Força-tarefa para acompanhar impactos

Grupo é formado por instituições que monitoram o meio ambiente

Um comitê de gestão para acompanhar a passagem e impactos da lama de rejeitos oriundas das barragens da Samarco na parte capixaba do Rio Doce foi criado em caráter imediato no último sábado (14) pelo Governo do Estado. O decreto que oficialmente instituiu o Comitê Gestor da Crise Ambiental na Bacia do Rio Doce foi publicado no Diário Oficial desta segunda-feira (16).

O Comitê irá atuar como uma força-tarefa do Estado e será vinculado à Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama). O objetivo é acompanhar as ações de socorro, assistência, resposta e mitigação ao desastre.

"Quanto mais água economizada dos rios capixabas, mais água vai chegar com vida no Doce para ajudar na sua recuperação. Este grupo criado pelo decreto tem uma ponte com realidade desse momento, mas projeta uma interligação com nossos Comitês de Bacias Hidrográficas e diversas outras instituições", disse o diretor-presidente da Agência Estadual de Recursos Hídricos (AGERH), Paulo Paim.

 

Membros

Além de Paim, participam do comitê o secretário de Estado do Meio Ambiente, Rodrigo Júdice; o secretário de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca, Octaciano Neto; o comandante geral do Corpo de Bombeiros Militar; Coronel Carlos Marcelo D'Isep Costa; comandante do Batalhão de Polícia Ambiental, Tenente Coronel Francisco José Silva Gomes; a diretora- presidente do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), Sueli Tonini, e o procurador geral do Estado, Rodrigo Rabello.

 

 

Apoio para resgatar peixes

 

Governo do Estado quer ajuda federal para transportar espécies do Rio Doce para outros mananciais

 

O Governo do Estado solicitou ajuda ao Governo Federal. O pedido é que especialistas nas áreas de ictiofauna (peixes), veterinária e engenharia de pesca e civil do Ministério do Meio Ambiente sejam enviados ao Espírito Santo. O objetivo é que os técnicos participem da elaboração do Plano de Resgate das espécies do Rio Doce. A solicitação foi feita na última sexta (13), por meio de uma carta enviada pelo governador Paulo Hartung à ministra do Meio Ambiente, Izabella Mônica Vieira Teixeira.

O pedido inclui solicitação de que a Marinha do Brasil participe do projeto. A Samarco também foi orientada a apresentar um plano nesse sentido. Por enquanto, a retirada dos peixes do Rio Doce e o transporte das espécies para mananciais em condições semelhantes está sendo feita por pescadores, voluntários de Organizações não Governamentais (Ongs) e técnicos do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes). Mais de 50 embarcações estão envolvidas.

 

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