Candidatos ao governo falam de saúde e educação - Jornal Fato
Política

Candidatos ao governo falam de saúde e educação

No encerramento do ciclo de entrevistas promovido pela ADI-ES, candidatos falam sobre as maiores demandas do estado na reta final da campanha


Por Lorena M. Giordina 

A série de entrevistas promovida pela Associação dos Diários do Interior (ADI-ES), termina com dois assuntos fundamentais na gestão do Governo: Saúde e Educação. Os seis candidatos responderam sobre os temas e projetos que a atual gestão deixa, como a Escola Viva que ao ser implantada gerou protestos dos estudantes e hoje é aclamada em todo o Estado. E a Rede Cuidar centros especializados no interior para atender a população capixaba evitando os deslocamentos para a Grande Vitória. Os candidatos defenderam seus planos de governo que vão desde a volta do ensino no campo, até a implantação da cultura militar nas escolas.

Para a saúde, candidatos criticaram a atual gestão e outros se disseram mais gabaritados para assumir este tipo de demanda, chegando a afirmar que com R$ 30 milhões é possível resolver a saúde pública capixaba, enquanto outros acreditam que é preciso parar de transformar ambulâncias em hospitais.

Confira as perguntas: 

 

O Estado implanta a Rede Cuidar para descentralizar o atendimento à saúde. No entanto, ainda existem carências no atendimento hospitalar no interior do Estado, obrigando o deslocamento de pacientes para a grande Vitória. O que o povo do interior pode esperar do futuro governo, no quesito saúde?

 

Carlos Manato (PSL) - Segurança e saúde e educação vou olhar com muito carinho, a saúde é minha praia, sou médico há 37 anos, há 16 anos na seguridade social e da família. Existe a alta complexidade em exames toda reprimida, temos hoje 20 mil ressonâncias no estado para fazer, e o estado não contratualiza o suficiente. Uma ressonância magnética de crânio custa R$ 1.200 e pelo SUS R$ 268,00. Vou dar o exemplo do que fazer, começando pela região do Alto Caparaó. Lá, em Dores do Rio Preto, tem 112 para fazer, e eles só fazem duas por mês. Os outros candidatos não têm solução para isso, mas eu tenho. A solução é bipartite. Vou autorizar a fazer ressonância fora dos horários, vai ter sábado, domingo e feriado, e vou mostrar já na primeira semana que dá para eliminar a demanda reprimida. Quando acabar a demanda da ressonância, vamos começar a da tomografia, ultrassonografia e assim por diante.

Vamos ampliar a Rede Cuidar, com menos de R$ 30 milhões eu resolvo a saúde, com polos de radioterapia, comprando serviços nas redes privadas e fazendo parcerias. Os governadores não querem cuidar das pessoas, eles querem grandes obras para marcar seus nomes. Já na primeira semana de janeiro, os pacientes que estão esperando na região da Grande Vitória vamos zerar com a parceria público privada. Eu não vou tolerar maca no corredor de hospital! 

Aridelmo Teixeira (PTB) - Vou criar um fundo para a saúde, a especialização e a internação é do estado. Mas quando você investiga esse tipo de paciente vê que ele não foi cuidado direito e isso gera ainda mais gastos, vamos desafogar os hospitais, os exames, e vamos trabalhar com a prevenção. Quando consolidar a saúde e a educação, podemos ir para a segurança, quando não se tem saúde, aumenta a revolta do indivíduo, que é aquele que também não tem estudo. 

André Moreira (PSOL) - Hospital no interior não pode ser ambulância, o que tem acontecido? Coloca se o cidadão dentro da ambulância e traz para Vitória. A gente está falando de gente que precisa pegar van para vir fazer um exame, em pleno século 21, quando médicos já operam por câmera. Os municípios vão debater, não dá para criar hospitais em todos os municípios. Vamos delimitar o deslocamento e colocar o aparelho público de saúde naquela região. No Espírito Santo, temos grande índice de atendimentos hospitalares que são sensíveis ao atendimento ambulatorial. Porque não teve atendimento ambulatorial, virou caso de internação, gerando mais custo, aumentando a complexidade do caso, e colocando a vida em risco do paciente. Temos que lembrar que os espaços têm de ser delimitados para que não haja tantos deslocamentos. Também precisamos de posto ambulatorial em cada município para diminuir internações sensíveis ao atendimento ambulatorial, trabalhando sempre a prevenção.

Renato Casagrande (PSB) - Vamos auxiliar o município na atenção primária, ajudando no modelo de gestão da área de saúde, ao mesmo tempo, ampliaremos as parcerias com os consórcios municipais. Desejo reduzir as filas e o tempo de espera na saúde. Vamos colocar os centros de especialidades para funcionar e aumentar as unidades móveis, para consultas com especialistas e alguns exames.

 Rose de Freitas (Podemos) - Vamos ampliar toda a Rede Cuidar no Estado, e equipar melhor os hospitais para atender a população.  

Jackeline Oliveira Rocha (PT) - Pretendemos descentralizar o atendimento à saúde capixaba, de modo que seja possível o aumento gradativo de profissionais especializados. Não podemos considerar normal esperar por meses em filas, para simples tratamentos dentários, por exemplo. Em nosso governo, temos perspectiva de diálogo com as prefeituras, para saber quais são as reivindicações, e, assim, atender da melhor maneira possível as suas reivindicações. Tal diálogo também deve existir, para que antigos projetos saiam do papel, como o Hospital de Cachoeiro, por exemplo. Evitando, assim, que a população cachoeirense tenha que recorrer a outros centros para buscar soluções para suas emergências. Em nosso governo, lutaremos por novos leitos, apoio aos hospitais filantrópicos, e também grande apoio à medicina preventiva. 

 

ADI-ES - Os Índices de Desempenho de Educação Básica (Ideb) mostram um avanço do Espírito Santo no ranking nacional, chegando a liderá-lo. Entretanto, ainda está abaixo das metas do Ministério da Educação (como todo o país). Como acelerar ainda mais este desempenho?

 

Carlos Manato (PSL) - Vou trabalhar para atingir a meta de 5.1 do Ideb. Vamos ter o PNE - Plano Nacional de Educação. A Escola Viva, vamos discutir o que pode melhorar, porque é um projeto excelente. Os diretores serão escolhidos pelas comunidades escolares, nós não vamos influenciar, vamos capacitar esses diretores. E vamos botar cultura militar nas escolas do Espírito Santo. O que é isso? É a cultura do civismo, do patriotismo. Na minha época, chegava toda sexta-feira e cantava o hino e jurava bandeira. Escola ensina as disciplinas, mas educação quem da é o pai. Vamos incentivar o estudante com medalhas por bom comportamento, que se destacam com notas. E vamos punir com rigor, não tem ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). Vamos chamar o pai para conversar, não resolveu, põe para fora da escola. 

Aridelmo Teixeira (PTB) - Por lei o estado fica com ensino médio e os municípios, com o fundamental, o infantil e a creche. Para a educação, o segundo ciclo do fundamental que é da sexta ao nono ano, o município que quiser, o estado vai assumir. E será em tempo integral também, porque os pais precisam ficar tranquilos sabendo que aquelas crianças estão o dia todo na escola. Em todo município terá escola de tempo integral, com isso vamos produzir vocações para o local, porque a Escola Viva tem as trilhas, ela encaminha o aluno. Se a escola estiver no meio agrícola, vamos estudar a área da cadeia de valor, incluindo matérias de acordo com a vocação do município. Vou cuidar do ciclo da educação infantil e da creche, ampliar o Paes (Pacto pela Aprendizagem no Espírito Santo). No meu governo, 50% das crianças vão ter creche e 100% vão ter da 4ª a 5ª série. Também vamos ter a pré-escola de tempo integral, para o pai trabalhar com tranquilidade. O IDEB - 2011 a 2014 o desempenho caiu quase 0,5 pontos. Nós recuperamos nestes últimos quatro anos. A Escola Viva, Jovens do Futuro e Paes foram programas que eu trouxe. Eu não tinha cargo, mas era voluntário, pegando dinheiro da iniciativa privada e viabilizando projetos dentro da Sedu.  

André Moreira (PSOL) - O índice do Ideb aumentou porque fechou o ensino regular noturno e quando você fecha esse tipo de ensino acaba matando totalmente a evasão escolar, não porque aumentou a presença, matou o local que tinha evasão.  As escolas bem ranqueadas são, em sua maioria, dos municípios, pertencem ao primeiro ciclo, não do Governo do Estado. Os professores que têm amor pela educação e nas piores condições fazem a escola funcionar. Vamos ampliar o orçamento de 25 para 30%. Desde 2011, desde Casagrande, não tem sido garantido os 25% do orçamento para a educação. Isso foi inclusive denúncia do deputado Sergio Majeski sobre Hartung, mas vale para o Casagrande também. Desde MDE (Manutenção e Desenvolvimento do Ensino), o dinheiro está sendo tirado para colocar em outros lugares, deixando déficit da educação, é uma pedalada fiscal. Uma forma de maquiar o cumprimento das metas orçamentárias.  

Renato Casagrande (PSB) - Educação é trabalho continuo e permanente. O resultado que conquistamos hoje, foi plantado nos últimos anos. Ainda temos 50 mil jovens fora da sala de aula. Precisamos fortalecer escolas do campo, o ensino de jovens e adultos. Vamos ampliar a educação de tempo integral, e dar condições adequadas de ensino para escolas de tempo normal. Também teremos política permanente de formação dos professores com parceria junto ao Ifes (Instituto Federal do Espírito Santo) e Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo). 

Rose de Freitas (Podemos) - Nós ficamos em segundo lugar no Ideb, mas em nível de escola pública, ainda estamos atrás. Temos que alcançar o melhor. A educação privada ainda está em primeiro lugar e a ideia é fazermos parceria com a educação privada e com instituições como o Ifes que tem em todo o Estado.  

Jackeline Oliveira Rocha (PT) - Como em todas as outras áreas de nosso plano de governo, com a educação não é diferente: o diálogo sempre estará presente. Teremos colaboração constante com os municípios capixabas, para ampliação ao atendimento da educação infantil, já que a base é responsável pela primeira formação do cidadão. Iremos lutar pela continuação da oferta de escola em tempo integral, mas sempre lembrando de que não pode ser ofertada apenas para alguns. É preciso que haja política de ação que realmente democratize a educação integral, favorecendo o ensino de todos os cidadãos capixabas. Lutaremos Universalização, até 2020, do atendimento escolar para toda a população de 15 a 17 anos e elevar, até o final do período de vigência do PNE, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para 85%. Teremos diálogo contínuo com os municípios, de modo a estarmos cientes de suas reivindicações, e lutarmos de forma gradativa para melhoria constante de nosso quadro educacional.

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