Câmara deve mais de R$ 6,5 milhões - Jornal Fato
Política

Câmara deve mais de R$ 6,5 milhões

Dívidas serão quitadas daqui a 15 anos, e segundo o presidente da Câmara de Cachoeiro, Júlio Ferrari (PV), o débito é herança de presidentes anteriores a 2009


 

Wanderson Amorim

 

A dívida atual da Câmara de Vereadores com o Instituto de Previdência do Município de Cachoeiro de Itapemirim (Ipaci) e com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é de R$ 6.664.620,50. Parcelado em 20 anos, o presidente do Legislativo, Júlio Ferrari (PV), afirmou nesta semana que o débito com os dois institutos é uma herança de presidentes anteriores ao ano de 2009. 

 

De acordo com Júlio Ferrari, em 2009, quando David Lóss (PDT) assumiu a presidência da Câmara, o Poder Legislativo Municipal tinha uma dívida com o INSS e o Ipaci de pouco mais de R$ 5 milhões. "Parcelamos a dívida em 240 vezes com o INSS, e em 150 vezes com o Ipaci. Com os juros, o débito foi para R$ 8 milhões, porém estamos com os parcelamentos em dia", afirma. 

 

Dados do Portal da Transparência da Câmara, com data do último dia 31 de janeiro, apontam que a dívida com a Previdência Social só deverá ser quitada daqui a 15 anos. Ainda faltam serem pagas ao Ipaci 100 parcelas de R$ 16.702,97, que, ao fim, totalizam R$ 1.670.297,00. Já com o INSS, a dívida atual é de R$ 4.994.323,50, restando 219 parcelas a serem pagas, sendo 117 de R$ 21.833,58 e 42 de R$ 26.899,52. 

 

Para Júlio Ferrari, os gastos dos gestores da Câmara em anos anteriores a 2008 eram exorbitantes. "O Ministério Público fez uma auditoria de 10 anos em parceria com a Câmara e o Tribunal de Contas e está ciente da situação. Existe uma ação que determina que um ex-presidente, que não vou citar o nome, pague uma multa de meio milhão pelo não pagamento dos encargos sociais dos servidores. Isso ocorreu de 2009 para trás", alega. 

 

"Quando foram descobertos os desvios, foi muito difícil para mim. O funcionário envolvido no esquema foi punido com 16 anos de cadeia. Essa foi a primeira vez que a Câmara e o Judiciário tomaram medidas severas contra um servidor. A 'caixa preta foi aberta' e o que vem acontecendo hoje é por causa do câncer de ontem, que se ramificou e que graças a Deus conseguimos acabar com ele. Foi uma luta difícil", diz o presidente Júlio Ferrari. 

 

Redução de gastos  

Esse é o quinto ano de Júlio Ferrari como presidente da Câmara. Esta semana, no uso da tribuna, ele garantiu que várias medidas foram adotadas durante o período em que está à frente do Legislativo para reduzir gastos e evitar roubo de recursos do contribuinte. 

 

"Acredito que não teremos mais problemas de desvios de recursos na Câmara, pois criamos a Comissão de Licitação, a controladoria, implantamos o ponto eletrônico, acabamos com a utilização de cheques. Hoje, todo pagamento é realizado com senha eletrônica. Em 2011, as diárias pagas a vereadores que iam a Vitória era de R$ 140,00. Atualmente, a diária é de R$ 70,00. O pernoite era R$ 680,00, e hoje foi reduzido para R$ 140,00. A Câmara de Cachoeiro é a terceira que menos gasta no Estado", assegura.

 

Nova estrutura

Para Júlio Ferrari, é preciso uma mudança na estrutura da Câmara, para que o futuro presidente consiga pagar todas as contas.

 

"Temos que fazer um estudo para criar uma nova estrutura. Dezenove vereadores não é muito para a cidade. Podemos ter até 21 cadeiras nesta Casa. Só que o orçamento reduzido e a queda da receita não nos permitem continuar do jeito que está, e teremos que tomar alguma medida, que vai agradar a alguns e desagradar a outros. Mas será preciso mudança, pois 2017 vem aí, e o próximo presidente não vai conseguir nem pagar os funcionários. O estudo está sendo feito para a redução de quatro cadeiras, pois 15 vereadores será o ideal para se conseguir deixar as contas em dia e a economia será de mais de R$ 1 milhão", defende Ferrari. 

 

Júlio promete que a discussão em torno da redução do número de vereadores e aumento de salários será realizada de forma transparente. "Vamos fazer tudo de forma transparente. Sentaremos com vereadores, população e imprensa. Esse ano serão realizadas essas mudanças. Mudanças em relação ao quantitativo de vereadores, salários dos vereadores, secretários, prefeito e vice-prefeito. A discussão vai começar agora. Se a Câmara ficar como está, haverá problemas no futuro".

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