Cachoeirenses são investigados na Lava Jato - Jornal Fato
Política

Cachoeirenses são investigados na Lava Jato

As denúncias são dos delatores Amaury Medeiros e Roberto Cumplido, de que houve repasses ao grupo de políticos


O deputado estadual Rodrigo Coelho e o secretário estadual Carlos Casteglione negam terem recebido doações da Odebrecht 

 

A retirada do sigilo sobre delações e executivos da Odebrecht abalou a política capixaba e atingiu também lideranças oriundas de Cachoeiro de Itapemirim: o senador Ricardo Ferraço (PSDB), o secretário de Estado de Trabalho e Assistência Social, Carlos Casteglione (PT), o deputado estadual Rodrigo Coelho (PDT) e o ex-presidente do PT em Cachoeiro, José Irineu, que foram citados como receptores de recursos não contabilizados nas campanhas de 2010, 2012 e 2014. Todos se dizem inocentes.

 

A participação do secretário e do deputado não está pormenorizada, mas seus nomes aparecem em lista que inclui outros políticos, como o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB).

 

As denúncias são dos delatores Amaury Medeiros e Roberto Cumplido, de que houve repasses ao grupo de políticos por conta de interesses da Odebrecht "em garantir contratos no setor de saneamento de municípios do Rio de Janeiro".

 

Cachoeiro não fica no Rio de Janeiro, mas, a Odebrecht realmente opera o serviço de água e esgoto no município. A concessão foi comprada em julho de 2008 da então detentora Citágua, empresa do grupo Águia Branca, após dez anos de operação. Pouco antes da transferência, em 2006, o prazo do contrato, que era de 30 anos (até 2028), prorrogável por mais 20, foi estendido para 37 anos (até 2035), ainda prorrogável. Até 2014 operou com o nome Foz do Brasil, que então foi alterado Odebrecht Ambiental, como até hoje.

 

Casteglione assumiu a prefeitura em janeiro de 2009, logo depois da venda da concessão e, reeleito em 2012, permaneceu até o fim de 2016.  O ex-prefeito afirma que todas as suas contas foram apresentadas, apreciadas e aproadas pela Justiça Eleitoral e que desconhece os motivos de ter sido citado nas delações.

 

O deputado estadual Rodrigo Coelho se disse perplexo com a inclusão de seu nome no rol. Ele afirma que não há nenhuma prova contra ele e que vai se defender. "É o maior constrangimento que já passei e nem sei o porquê".

 

Entre 2009 e 2010, Coelho foi secretário de Governo de Cachoeiro e depois disputou vaga na Assembleia, mas não se elegeu, com o apoio do então prefeito Carlos Casteglione, ambos eram correligionários no PT.

 

O hoje deputado conseguiu se eleger em 2014, ainda pelo PT. Saiu contado para suceder Casteglione na prefeitura, mas às vésperas das eleições de 2016, deixou o partido, alegando indignação com a revelações da operação Lava Jato, que atingiam lideranças petistas.

 

Outro que aparece na lista é o advogado José Irineu de Oliveira, candidato a vice-prefeito de Cachoeiro no ano passado. Ele presidiu o PT cachoeirense durante a maior parte do perído a que os delatores fazem referência. À reportagem disse estar tranquilo e que não tem conhecimento da denúncia.

 

"Não tenho conta nem espaço com o governo. O que acontece é que eu sou compadre de Casteglione e de repente resolveram me denúnciar de algo que eu nem sei ainda, mas se houve denúncia eles terão que provar. E eu posso garantir que não fiz nada errado".

 

Ele ainda defende Casteglione comentado que o ex-prefeito tem todas as suas contas aprovadas e que também não tem com o que se preocupar. "Eles terão que provar. Irei me defender e não tenho motivo algum para temer qualquer coisa. Certamente será provada a minha inocência".

 

Além dos políticos cachoeirenses, a lista do relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin - que determinou a abertura de inquérito contra 108 alvos da operação, entre eles, oito ministros do governo Temer, 24 senadores e 39 deputados federais - tem o nome de outros quatro capixabas: o governador Paulo Hartung, o ex-governador Renato Casagrade (PSB) e seu assessor Paulo Brusque, o prefeito e Vitória, Luciano Rezende.

 

De acordo com a delação, o governador Paulo Hartung teria recebido mais de R$ 1 milhão em propinas nos anos de 2010 e 2012, quantia usada em campanhas eleitorais. Em nota, Hartung se defende dizendo que a acusação não é verdadeira e que ele não disputou as eleições nos anos de 2010 e 2011.

 

Já o ex-governador Casagrande e seu assessor Paulo Brusque foram indicados por terem recebido nas campanhas de 2010, 2012 e 2014 cerca de R$ 2,3 milhões.

 

Casagrande se manifestou através das redes sociais dizendo que "o partido recebeu apenas doações oficiais da Odebrecht e que provará, de uma vez por todas, a legalidade dos fatos".

 

O prefeito de Vitória Luciano Rezende, natural de Cachoeiro, através de redes sociais, informou que as doações foram feitas de forma legal e menciona "que foi registrada no TER por meio do Diretório Nacional do PPS" à sua campanha para prefeito no ano de 2012, conforme legislação vigente, como pode ser comprovado na prestação de contas públicas que recebeu aprovação.


 

Confira AQUI a lista dos denunciados na delação de Fachin

 

Leia mais em: Alvo da Lava Jato, Ricardo Ferraço nega caixa dois

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