"Não fui eu que coloquei o Espírito Santo no limite da Lei de Responsabilidade Fiscal. Eu já tomei posse com o Tribunal de Contas notificando o Espírito Santo" (Foto: Leonardo Duarte)

 

O governador Paulo Hartung deu posse ontem aos integrantes do seu novo secretariado. O mandatário aproveitou a ocasião para se posicionar sobre a grave crise na segurança que o Espírito Santo passou, e para reforçar sua política de austeridade fiscal.

 

Em seu discurso, reforçou a importância da equipe e elogio o time que montou para governar o Espírito Santo.

 

"Não acredito em ação individual, não acredito no eu. As minhas crenças, marcadas pela minha ação, não estão ligadas ao personalismo e ao individualismo. O eu sozinho não faz a diferença, mas o nós, a capacidade de unir e de arregimentar faz a diferença. Não conheço obra importante na caminhada civilizatória humana, que tenha relevância, que tenha sido feita por ninguém sozinho. As grandes obras e ações são realizadas coletivamente", disse.

 

Na sequência, mais alguns trechos do discurso de Hartung.

 

Desafio

 

Nós enfrentamos um baita desafio nos últimos dias, e ele foi enfrentado por um time. O Brasil parou para nos observar. Estava vendo o Espírito Santo pontuar em todas as questões, com uma desenvoltura diferenciada. Queria saber o que nós íamos fazer e como iríamos enfrentar o desafio. Por nós, mas muito por eles. Porque o desafio que bateu na nossa porta já estava com a mão na direção de mais 26 portas do estado federado brasileiro.  Nós temos time. O governador estava no Centro Cirúrgico, mas o vice-governador e a equipe assumiram a tarefa. Quem trouxe a força nacional de segurança e as forças armadas para o Espírito Santo desta vez não fui eu, eu já trouxe no mandato passado, mas quem trouxe dessa vez foi a equipe de governo coordenada pelo César Colnago.  Tem time. E esse time foi reforçado hoje com pessoas talentosas em várias áreas, porque a gente precisa misturar o talento do conhecimento técnico-científico com a sensibilidade social e com a habilidade política.

 

Dinheiro público

 

Esses episódios que estamos vivendo aqui no Espírito Santo ensinam aos capixabas e brasileiros o que é dinheiro público. Dinheiro público pertence aos cidadãos que pagam os seus impostos. Devagarzinho nós vamos aprendendo as coisas e entendendo que responsabilidade fiscal não tem contradição com responsabilidade social, muito pelo contrario. É a responsabilidade fiscal que permite a responsabilidade social. Se nós não tivéssemos feito o ajuste antes de eu tomar posse teríamos descontinuado os serviços públicos do Estado, assim como eles estão descontinuados na nossa vizinhança. E quando os serviços públicos do Estado estão descontinuados, quem mais sofre? Os pobres, que são os principais usuários dos nossos serviços. Numa recessão como essa, que é a pior recessão que esse país já viveu, você ter serviços públicos descontinuados de saúde, de educação, de assistência social, convivendo com um nível de desemprego como esse que estamos vivendo. E ai nós precisamos, como sociedade, parar de olhar para o umbigo e para o dedão do pé.

 

Todos perdem

 

Nós precisamos olhar para o horizonte, onde está nosso futuro, onde estão nossas futuras gerações.  Numa crise dessas todo mundo perde. Nós não temos ninguém ao nosso entorno que não perdeu com uma crise dessas. Você pega um profissional liberal que estava nadando de braçadas há alguns anos atrás e o faturamento dele está 40%, 50% menor. Você pega um empresário, um comerciante, perdeu muito, isso quando não está em recuperação judicial sua empresa. Todos estão perdendo. Ou temos clareza disso ou só temos conversas de compromisso social da boca para fora.

 

 A conversa do "compromisso social é para proteger meu grupo" ai não dá. Isso não se faz uma a sociedade. Não se coloca uma sociedade de pé desta forma. Quem mais sofre é quem não conseguiu uma correção inflacionária do seu salário ou quem perdeu o seu salário? O trabalhador da construção civil não tem estabilidade no seu emprego, o trabalhador metalúrgico não tem estabilidade no emprego, vamos olhar para o nosso umbigo ou vamos olhar para a sociedade que nós queremos?

 

Fundo do poço

 

Se depender de mim, coragem não falta, determinação não falta, espírito público não falta. Vamos olhar é para o nosso futuro. Liderar na direção certa. Não é difícil entender duas coisas que eu vou falar. Olha o buraco que nós estamos dentro dele. Segundo o professor Bruno Funchal, que é Doutor em Economia e agora o nosso Economista chefe, usando a linguagem dos nossos economistas, repito, é a pior recessão que o nosso país já viveu. Por que nós chegamos nisso? Por irresponsabilidade fiscal, porque meteu o pé na jaca, gastou o que não tinha, achou que a conta não vinha, mas toda conta vem. E a conta bateu na porta, desorganizou esse país e gerou esse desemprego e essa paralisia que o país está vivendo.

 

Irresponsabilidade

 

Uma presidente da República, legitimamente eleita, foi tirada do poder. O fundamento era o descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal, não entro no mérito disso, agora, como é que tira uma presidente que foi eleita pelo povo e depois vem prescrever para os Governos "dá um aumentinho mais", quando o Governo já está no limite da Lei de Responsabilidade Fiscal. Não fui eu que coloquei o Espírito Santo no limite da Lei de Responsabilidade Fiscal. Eu já tomei posse com o Tribunal de Contas notificando o Espírito Santo. O Governo do Espírito Santo, já no limite de alerta da Lei de Responsabilidade Fiscal. Faz sentido um país, que foi inclusive para a rua para tirar uma presidente e alegar que o motivo era o descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal, não olhar no branco do olho e falar a verdade?! O Tribunal de Contas do Estado já disse que o Executivo Estadual não pode dar aumento, não para a categoria A, B, C ou D, mas para todas as categorias até que a receita cresça e até que a gente consiga, com o crescimento da Receita, diminuir o custo da folha, R$430 milhões, com o percentual da receita. É isso que manda a Lei de Responsabilidade Fiscal.  Responsabilidade fiscal em uma mão permite responsabilidade social na outra.  O resto é o velho populismo atrasado.

 

Medo

 

Eu estou morrendo de medo desse país continuar embarcando em uma canoa furada do populismo e acabar colocando na Presidência da República um dos exemplares do populismo latino-americano. Quem acha que já estamos no fundo do poço, saiba que não estamos. Tenho uma má notícia: esse poço não tem fundo. É só olhar nossos vizinhos latino-americanos, onde que eles já foram parar.

 

Polícia

 

A nossa Polícia Militar, que tem uma história bonita no nosso Estado, eu que tenho muito orgulho dela, irá sair desse episódio e será muito melhor para os capixabas do que sempre foi. Agradeço a Assembleia porque nos deu um instrumento legal importantíssimo, nessa espécie de refundação dessa nossa instituição mais que centenária.

 

Leme

 

Vamos manter o leme com firmeza como a gente vem mantendo aqui, porque se a gente continuar essa travessia do jeito que nós estamos fazendo, ninguém segura esse pequenino Estado chamado Espírito Santo.  Em plenos desafios, nós estamos cuidando de dotar o Espírito Santo de uma nova ferrovia, de mais quatro linhões de transmissão de energia. Em pleno desafio que eu estava vivendo, pessoal, e desafio da ação de governar o Espírito Santo, nós estamos colocando de pé mais um projeto de porto, agora privado, em terras capixabas. Acho até que a BR 262 vai começar a andar. Estamos trabalhando com um olho no gato e outro no peixe, para empurrar esse Estado para frente e para gerar novos empregos. A diferença nesse pós-crise, que eu estou rezando para que chegue logo, é quem vai sair organizado e desorganizado. Nós vivemos um desafio grave, doloroso para todos nós, vidas de irmãos nossos foram perdidas no meio desse desafio, com uma violência brutal que a gente recrimina em todos os sentidos. Nós saímos do desafio transmitindo uma lição para o Brasil, e saímos do desafio inteiro.

 

Pós-crise

 

Somos a diferença nas contas em dia e na inovação de políticas públicas a Escola Viva, com a Ocupação Social, com a Rede Cuidar. Inovamos com o nosso programa de barragens. Nós inovamos em políticas públicas em plena crise. Estamos posicionando o Espírito Santo de forma diferenciada no Brasil no pós-crise. E com esse time renovado agora, nós vamos ralar mais, criar mais, trabalhar mais e confiar nesse time bom nosso, como diz o nosso povo, para a gente empurrar o Espírito Santo no final dessa crise e sair do outro lado inteiro e de cabeça erguida, colhendo as oportunidades do pós-crise. Guardem isso. Só colherá as oportunidades do pós-crise quem sair dessa encrenca de pé. Nós estávamos de pé, fomos desafiados, continuamos de pé e, se Deus quiser, se depender de mim, se depender desse time, e acho que se depender dos capixabas, nós vamos sair dessa crise como o Estado melhor posicionado de todo Brasil.