?É hora de conversa, não de embate? - Jornal Fato
Política

?É hora de conversa, não de embate?

Sindicalista explica mudança de comportamento na atual gestão. ?Está havendo diálogo como nunca antes?


Jonathan Willian diz que a prefeitura tem feito ações concretas e espera até o fim do ano ver novo plano de carreira elaborado (Foto: Arquivo/Fato)

 

O presidente do Sindimunicipal - Sindicato dos Servidores Públicos de Cachoeiro - Jonathan Willian tem adotado postura menos beligerante em relação à atual gestão. O momento, na sua avaliação, é de conversa e não de embate.

 

Enquanto vereadores, lideranças comunitárias e boa parte da sociedade, organizada ou não, acusam dificuldade de diálogo com a administração do prefeito Victor Coelho (PSB), o Sindimunicipal encontrou, neste início de gestão, abertura que jamais teve em governos anteriores.

 

Num passado recente, o sindicato promoveu greves, protestos e atos simbólicos como a lavagem de escadarias do Palácio Bernardino Monteiro - sede da Prefeitura - como se, dali, limpasse também a corrupção. Porém, desta vez, mesmo com a perspectiva de mais um anosem reajuste - seria o terceiro consecutivo - enxerga luz no fim do túnel e, por isso, muda a estratégia.

 

Diferente dos movimentos paredistas dos últimos 10 anos, o sindicalista tem sentado à mesa para discutir com representantes da Prefeitura aquilo que julga ser prioritário: a reformulação do plano de carreira e a consequente atualização da tabela de vencimentos, hoje defasada em mais de 60%. Hoje, oito em cada dez servidores tem salário-base inferior ao mínimo vigente.

 

Apenas essa correção - trazendo o piso para o valor do salário mínimo -, analisa, representaria ganhos reais para a maioria dos servidores, mesmo que nenhum centavo de reajuste salarial seja aplicado, pois o valor da tabela impacta nas promoções.

 

Para isso, foi criada comissão, que começa a se reunir na próxima terça-feira. A expectativa de Jonathan, um dos dois representantes do sindicato no colegiado de nove pessoas, é de que até o final deste ano o trabalho seja concluído.

 

Reações

 

A mudança de comportamento do sindicalista tem provocado perplexidade e rumores de todo tipo. Reforçados, ainda mais, pela promoção que recebeu recentemente. Tinha direito, mas, pela afabilidade quem tem dedicado à Prefeitura, é questionado.

 

Jonathan, no entanto, vê nas críticas apenas duas vertentes.  Na primeira, interesses políticos de alguns servidores "que decidiram ser oposição e esperam do sindicato a mesma postura". A segunda, por influência deste primeiro grupo e, também, por desinformação.

 

"Não posso parar por causa das críticas. O que faço é analisa-las e me adequar ao que tem fundamento. A questão da promoção, por exemplo, é direito de todo servidor. Muitos receberam também. Eu mesmo tenho outras atrasadas", explica.

 

Secretariado

 

O sindicato também tem passado ao largo de outra polêmica que tem mobilizado os servidores: a reforma administrativa, que prevê reajustes generosos a comissionados de livre indicação pelo prefeito e até auxílio de R$ 1,7 mil para secretários oriundos de municípios mais de 100 quilômetros distantes, enquanto os demais servidores vão ter de esperar a elaboração de seus planos antes de qualquer recomposição salarial.

 

"Não posso condicionar a decisão de governo de fazer a reforma (administrativa) antes do plano de cargos e salários. O ideal seria fazer junto. Mas, seria também uma irresponsabilidade de minha parte abandonar as negociações. Represento os servidores e preciso manter o diálogo como nunca tivemos antes", analisa o sindicalista.

 

Até quando?

 

"O governo nos tem dado respostas concretas e cumprido. Como a própria criação das comissões. Não tenho motivo para desconfiar. Mas é claro que as coisas não podem se estender indefinidamente. Tem que ser algo com começo, meio e fim", explica Jonathan que acredita que o prazo até o fim do ano para concluir o planejamento seja razoável.

 

Tíquete

 

No início deste mês, o Sindimunicipal definiu em Assembleia a pauta de reivindicações trabalhistas.  Além da reforma do Plano de Cargos e Salário, uma dos pedidos mais palpitantes era o reajuste do vale-alimentação de R$ 511 para R$ 715, já que o reajuste salarial linear de 16,95% dificilmente será concedido neste ano.

 

O prefeito Victor Coelho anunciou reajuste bem menor, de apenas R$ 32,00 (pouco mais de 25% do solicitado), mas Jonathan pretende negociar para aumentar o valor, como forma de compensar a perda salarial. O fechamento da pauta ocorrerá em maio.  O vale alimentação está congelado desde 2013.

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