Internos e agentes ficam feridos durante motim em unidade do Iases, em Cachoeiro - Jornal Fato
Polícia

Internos e agentes ficam feridos durante motim em unidade do Iases, em Cachoeiro

Os menores aproveitaram o baixo quantitativo de agentes para tentar se rebelar


Um motim terminou com três agentes socioeducativos e três adolescentes feridos, na tarde desta quinta-feira (14), na Unidade de Internação Sul (Unis Sul), em Cachoeiro de Itapemirim.

 

Segundo o presidente do Sindicato dos Servidores do Iases, Bruno Dalpiero, o motim começou no momento que os adolescentes estavam no convívio aberto da casa um, do grupo solidariedade. "Cerca de 40 internos estavam no alojamento com apenas quatro agentes socioeducativos fazendo o acompanhamento. Os adolescentes fizeram um movimento brusco conhecido como 'cavalo doido'. Eles se rebelaram e começaram a quebrar a moradia. Se apossaram de pedras e 'chuchus', armas fabricadas com objetos perfurocortantes. O objetivo deles era tentar invadir as moradias onde ficam os adolescentes de facções rivais."

 

O motim durou cerca de duas horas. Durante a intervenção, agentes socioeducativos foram feridos com as armas fabricadas pelos menores. "Infelizmente mais uma vez houve feridos durante a intervenção para acabar com o motim. A tentativa de rebelião aconteceu devido ao baixo quantitativo de servidores. Um problema crônico no Iases. A unidade de Cachoeiro tem capacidade para abrigar 90 adolescentes, mas está lotada com 106. Durante o motim tinham apenas 15 agentes socioeducativos fazendo a movimentação dos internos. Segundo o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase), era para no mínimo nesta unidade atuando com os menores 25 agentes socioeducativos por plantão." Informou o presidente do sindicato.

 

Após o motim, os adolescentes e agentes socioeducativos feridos foram socorridos para o Pronto Atendimento público do município, em seguida foram encaminhados para a delegacia para o registro do boletim de ocorrência.

 

Quebra-quebra

 

Segundo o Sinases, os adolescentes envolvidos no motim destruíram a moradia. O quebra-quebra, que voltou a ser cotidiano dentro das unidades do Iases, inviabilizou o uso do espaço pelos adolescentes. Os internos destruíram torneiras e chuveiros.

 

A unidade de internação de Cachoeiro também carece de estrutura para evitar que motins e rebeliões se transformem em carnificina. O Sindicato constatou que o local não possui gerador elétrico. "Se a energia acabar por qualquer motivo, os agentes não têm condições nenhuma de intervir. O Iases não fornece lanterna para os profissionais trabalharem no escuro." Denunciou Bruno.

 

Casos de estupros e agressões

 

Segundo o presidente do Sindicato dos Servidores do Iases, são frequentes casos de agressões e até estupros dentro da unidade de internação de Cachoeiro. "Há dois meses um adolescente de 16 anos foi brutalmente agredido dentro da unidade. Esse adolescente era de uma facção rival e foi colocado no alojamento do grupo contrário. Os internos aproveitaram um apagão da energia elétrica para se vingarem. O adolescente de 16 foi agredido com socos e chutes, principalmente na cabeça, até ficar desacordado. Os agentes só perceberam que ele estava desmaiado quando a luz foi reestabelecida. O garoto foi socorrido as pressas para o pronto socorro. Por causa disso o pai está processando o governo do estado." Relatou Bruno.

 

Um caso de estupro também aconteceu na unidade. O crime aconteceu no dia 13 de outubro (Bolitim de Ocorrência anexo). "Um adolescente mais novo foi colocado com outro de maior idade. O estupro aconteceu dentro da unidade. O caso foi levado para a delegacia. Exames comprovaram o abuso. Nós do Sindicato estamos recebendo diversas denúncias de que a direção da Unis Sul está evitando, a todo custo, castigar os internos que cometem crimes e não aceitam o processo da socioeducação. Essa falta de punição estaria insuflando os internos a se rebelarem." Relatou Bruno Dalpiero.

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