Familiares protestam por volta dos internos da Apac - Jornal Fato
Polícia

Familiares protestam por volta dos internos da Apac

Os 88 presos da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados de Cachoeiro foram transferidos para a penitenciária de Xirú


 

Uma passeata na manhã de terça-feira (01), em Cachoeiro de Itapemirim, reuniu cerca de 40 manifestantes, entre familiares e voluntários da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) de Cachoeiro de Itapemirim. Com faixas e cartazes de protesto, e até mesmo de apelo ao Governo do Estado, eles pediram a reabertura da instituição, no município, fechada há menos de duas semanas, no dia 24 do mês passado, por determinação da Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) sob a alegação de que havia irregularidades na forma de gestão na unidade.

 

A manifestação, com palavras de ordem como "Apac de volta: a sociedade precisa desse projeto" e "Fechar as Apac é voltar ao passado", entre outras, além de um apitaço, partiu da Rua Bernardo Horta e seguiu até o centro da cidade com objetivo de chamar a atenção da população para o caso.

 

Zilma Santos da Silva, que presta serviço voluntário na instituição, contou que 88 educandos foram transferidos e que a medida causa transtornos para cerca de 200 familiares.

 

"O lugar deles é aqui. Muitos estavam cursando o ensino fundamental e médio na própria unidade; outros seis estudavam fora: um no Instituto Federal (Ifes), dois em faculdades e três no Senai. A decisão da Sejus desestabilizou a vida de todos eles", reclamou.

 

O também voluntário Cristiano Mamebe criticou a iniciativa do governo do estado que, segundo ele, fechou a Apac e transferiu os internos "da noite para o dia" sem comunicação às famílias.

 

"Imagine os problemas com as visitas que são feitas apenas aos domingos e muita gente sequer tem dinheiro para se locomover até Xuri (em Vila Velha). Aqui, os educandos tinham a presença da família e apoio do nosso voluntariado. Pense bem a situação atual", disse.

Penha da Costa, que veio do município de Jerônimo Monteiro para participar do ato de protesto, disse que o marido estava matriculado no segundo período do curso de Serviço Social, numa faculdade de Cachoeiro, e teve seus estudos interrompidos.

 

"A cabeça dele 'está a mil'. Ainda não está entendendo bem a situação. Estive com ele um dia antes da transferência. Foi tudo muito rápido e ninguém procurou os familiares para avisar. Vamos continuar gritando pela volta do atendimento da Apac e dos nossos familiares", declarou.

 

A dona de casa Jacqueline Santos Andrade disse estar revoltada com o caso e vai, junto com um grupo, pedir ajuda ao governador Paulo Hartung (PMDB) para reverter a situação.

 

"É muito sofrimento para todos nós, principalmente os filhos ficarem longe dos pais. Não tenho condições de pagar passagem todos os finais de semana para ir até Vila Velha. Aqui, os internos tinham a possibilidade de estudo, a ajuda de parentes e do voluntariado, coisa que não terão na penitenciária. É um retrocesso", criticou.

 

 

Sem data para reabertura

 

A Secretaria de Estado da Justiça, por meio da assessoria de comunicação, adiantou que suspensão do convênio, bem como do repasse de recursos financeiros à associação, vai durar até que sejam sanadas as irregularidades identificadas na prestação de contas.

 

"A expectativa da Sejus é de que isso ocorra o mais breve possível e todos os detentos da Apac continuam a cumprir pena em regime semiaberto e estão custodiados na Penitenciária Semiaberta de Vila Velha, no complexo do Xuri. Assim como outras unidades prisionais do Estado, a Penitenciária Semiaberta de Vila Velha conta com diversas ações de ressocialização", encerra a nota.

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