?Fui ameaçado de morte?, diz vereador que foi preso - Jornal Fato
Polícia

?Fui ameaçado de morte?, diz vereador que foi preso

Alexandre de Itaoca, preso no último sábado(30), por desacato e outros crimes


 

O vereador de Cachoeiro de Itapemirim, Alexandre Andreza Macedo (PR), conhecido como Alexandre de Itaoca, já está solto. Ele foi preso na noite de sábado(30), quando tentou liberar amigos que estavam de moto, mas com documentação irregular.  O caso ocorreu em São Vicente e o vereador diz que foi ameaçado de morte por um dos PMs.

Alexandre é acusado de desacato, dano ao patrimônio público e advocacia administrativa qualificada - quando um agente público utiliza o cargo em benefício de algo. Ele, no entanto, alega ser inocente.

O juiz Robson Louzada, que estava de plantão, relaxou a prisão no dia seguinte, sem fixação de fiança. Segundo o magistrado, havia inconsistências no auto de prisão realizado pelo delegado Augusto Lago Garcia. Mas isso não impede que a Polícia Civil de seguimento ao inquérito e encaminhe o processo criminal ao Poder Judiciário.

Dentre os vários crimes que o vereador foi autuado, o mais grave deles se refere ao dano contra o patrimônio público, por esse motivo, o inquérito foi encaminhado para a Delegacia de Crimes Contra o Patrimônio (Depatri).

De acordo com o delegado Augusto Giorno, titular da Depatri, ele não havia analisado o inquérito até à tarde de ontem, mas que tem o prazo de 30 dias para fazer um relatório e encaminhar o processo ao Judiciário, para que sejam adotadas as medidas legais em relação aos possíveis crimes praticados por Alexandre de Itaoca.

 

Prisão

De acordo com o boletim de ocorrências, confeccionado às 19h00 de sábado, militares realizavam a abordagem a quatro motociclistas, que estariam com irregularidades nas documentações, quando Alexandre de Itaoca passou de carro por São Vicente, parou seu veículo e se apresentou como vereador.

Ele teria afirmado aos policiais que conhecia os rapazes e pediu para que fossem liberados com suas motocicletas, dizendo que era uma injustiça a ação praticada por eles. Depois de negado o pedido, o vereador teria ficado alterado e chegou a dizer que os "policiais estavam de sacanagem, que estariam loucos ou bêbados".

Ainda segundo o boletim de ocorrência, ao ser advertido de que poderia ser preso, continuou as ofensas, afirmando que os policiais "não teriam competência para prendê-lo". Nesse momento, recebeu voz de prisão. Segundo a polícia, ainda tentou fugir, mas foi contido, algemado e colocado na gaiola que fica no porta-malas da viatura, onde teria quebrado um amortecedor que sustenta o porta-malas do veículo, fato comprovado em perícia realizada pela Polícia Civil no domingo.

Na delegacia, Alexandre de Itaoca se recusou a fazer o teste do bafômetro, mas mesmo assim foi autuado por embriaguez ao volante. Ele também foi indiciado por desacato, dano ao patrimônio público e advocacia administrativa qualificada, cujas penas se somadas, ultrapassam quatro anos de prisão. Nestes casos, cabe ao juiz definir se arbitrará ou não uma fiança para que o detido responda ao processo em liberdade.

 

 

 

Vereador contesta versão de policiais

 

Segundo o vereador Alexandre de Itaoca, por volta das 16h00 de sábado, ele seguia em seu carro, no banco do carona, sentido a localidade de Independência, no distrito de São Vicente, onde iria participar de uma partida de futebol beneficente, quando se deparou com quatro rapazes de moto, "conhecidos dele", sendo abordados por uma equipe da Polícia Militar, e resolveu parar para ver o que estava acontecendo.

"Quando sai do carro, logo fui reconhecido por um dos policiais que estava fazendo uma anotação. O outro militar chegou falando: guincho, guincho! Perguntei se os meninos que são meus conhecidos poderiam terminar de chegar em casa para depois realizarem a apreensão, pois estavam a cerca de quatro quilômetros de suas residências, então o policial me disse que eu estava atrapalhando o trabalho deles e que não teria conversa. Foi após esse momento que começou a confusão", disse Alexandre de Itaoca.

Ainda segundo o parlamentar, um dos rapazes abordado estava com a moto regular, mas não estava com o comprovante do pagamento do IPVA em mãos. Pedida a autorização para que o jovem pudesse seguir com o vereador até a sua residência para pegar o documento, o policial teria negado, dizendo que não poderia sair do local.

Alexandre afirma que se afastou dos abordados e dos policiais para fazer uma ligação para os familiares de um dos jovens, quando um militar se aproximou e teria o ameaçado de morte.

"Eu estava longe da visão de todos, foi aí que o PM se aproximou com arma em punho, a apontou para a minha cintura, e disse que se eu não colocasse a algema me mataria e iria dizer que foi em legítima defesa, já que eu teria tentado agredi-lo. Nesse momento me afastei e tentei ficar em local onde pudesse ser visto por outros, e o policial rasgou minha caminha com uso de força, dizendo que eu estava preso", afirma o vereador.

A partir do momento em que recebeu voz de prisão, Alexandre disse que pediu para ser conduzido no banco da viatura até a delegacia, mas foi colocado a força no cofre do veículo (compartimento no porta-malas onde o preso é transportado).

O parlamentar pretende denunciar os policiais a Corregedoria da PM e processá-los por danos morais.    

 

 

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