Sorriso rico - Jornal Fato
Opinião

Sorriso rico


A pequena menina, dos cachos volumosos, correu em direção às escadas. Não havia mais cansaço algum em subi-los. Visto que não avistava mais os degraus, e sim os números fiéis em sua mente, tudo o que ela pensava era em matemática. Não que fosse sua matéria predileta, mas continuava sua jornada em disparada ao quarto.

Os cachinhos ainda concentrados em um rabo de cavalo, prendiam consigo toda a sua empolgação, estourada em sorrisos sinceros, logo após pegar sua bolsinha transparente e colocar ali mais uns trocadinhos.

- Um número bom, na verdade muito bom- pensava ela, enquanto fazia algumas continhas matemáticas de cabeça.

Havia acabado de acrescentar ali uma cédula de dois reais. Entregue pelo seu avó, o senhor dos cabelos desbotados. Sua irmãzinha mais nova, teimava em lhe pedir que ele tirasse a farinha da cabeça. - Mas que farinha netinha? É a velhice - ele dizia e todos apenas riam de tamanha criatividade da irmãzinha, que não conseguia acreditar que pudesse haver fios de cabelo assim, tão alvos.

O entusiasmo havia sido tanto, que a pequena menina só se deu ao prazer de agradecer ao seu querido vôzinho e correr em direção às suas contas. Contou, contou, contou.. e em sorrisos se acabou, correu novamente para contar aos pais, e lhes mostrou.

Pensou estar rica, e planejou comprar muitas coisas, fez sua listinha, e enfim se deu conta. Dentre tantas coisas, apenas uma poderia ser aprovada; não olhou nem sequer novamente a listinha, ela já sabia o que queria.

E lá se foram todos os seus queridos trocadinhos, trocados por livros novinhos. Algumas histórias infantis e bem coloridas, como a pequena menina sempre gostou.

E quando o fim do dia chegou, lá estava ela, se deliciando com uma história atrás da outra. Sem nem mesmo pensar naqueles trocados. Que por sinal foram muito bem trocados!

No fim das contas, não era mesmo que, a pequena menina estava rica. Rica de sonhos, e de grandezas em seu ser, farta de sorrisos e inocências, repleta de felicidade, amor, e cheia de uma infância bem vivida e verdadeira.  Adquirindo pela leitura a melhor riqueza da vida, o conhecimento.


Dayane Hemerly Repórter Jornal Fato

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