Zedu coloca o bloco na rua - Jornal Fato
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Zedu coloca o bloco na rua

Entrevista com o Cachoeirense Ausente nº 1, José Eduardo Coelho Dias


 

Redação

 

Considerando uma "honra inigualável" entrar para o seleto rol de homenageados que engloba talentos de diversas áreas do conhecimento humano que Cachoeiro de Itapemirim exportou, José Eduardo Coelho Dias recebeu do prefeito Victor Coelho a "chave da cidade", na última segunda-feira, para abrir oficialmente a festa do município.

Advogado, o Cachoeirense Ausente Nº 1 de 2018, ciente de sua responsabilidade, se junta agora a outras personalidades locais do ramo, como - por exemplo -ninguém menos do que Sérgio Bermudes (homenageado em 1978) e Demisthóclides Baptista (Ausente Nº 1 de 1984), de quem se orgulha de ter recebido o diploma na FDCI.

"A gente acha até que não merece, porque cresce alimentando o imaginário de respeitar o Cachoeirense Ausente, ver na figura dele alguém que pode se espelhar na vida... Confesso que nunca tive uma honra, uma emoção como esta. Talvez a emoção que eu possa estar sentindo aqui é comparável à chegada de um filho", declarou.

Embora Zedu, como é conhecido, tenha iniciado o curso de Direito na UFRJ, o concluiu em sua cidade natal.Ele nasceu no ano de 1965 e passou a infância no bairro Guandu, onde morou no famoso "Beco do Alho".

Zedu estudou nas escolas Bernardino Monteiro, Tio Patinhas, Presidente Getúlio Vargas(Polivalente Aquidabã) e Guimarães Rosa.

É casado com a também advogada Kátia Regina Poleze, com quem tem dois meninos. Davi, de dez anos de idade, e Heitor, de 12.

Ele é pai de mais três filhos, concebidos em relacionamentos anteriores: José Eduardo (19 anos), Aline (29) e Marcela (28).

Em inspirado pronunciamento, o Cachoeirense Ausente de 2018 destacou o papel do Centro Operário e de Proteção Mútua, falou sobre, entre outros assuntos, a emoção causada pela homenagem, pessoas que lhe serviram de exemplo, artistas da terra e ainda, como não poderia deixar de ser, exaltouopopular bairrismo cachoeirense.

"Como disse o nosso cronista maior, Rubem Braga: modéstia à parte, eu sou de Cachoeiro de Itapemirim... Mas o que importa é que é festa... e como disse também o nosso cachoeirense querido Sérgio Sampaio, eu quero é botar o meu bloco na rua", concluiu.

 

Solo sagrado

"Estou pisando no que considero solo sagrado. O Centro Operário e de Proteção Mútua é um lugar de luta, lugar de briga pelo que é bom, pelo que é justo. É um lugar de defesa de direitos, lugar de solidariedade, lugar daquilo que é mais essencial ao ser humano: fraternidade, solidariedade, o espírito combativo".

 

Honra

"Fui escolhido Cachoeirense Ausente este ano, não foi um povo qualquer, foi uma cidade inteira, mas não é uma cidade qualquer, é a minha cidade.E como se não bastasse isso, a minha cidade é Cachoeiro de Itapemirim. Poucas pessoas, de uma lista muito seleta, tiveram a honra de estar no lugar que hoje eu ocupo. É claro que é uma sensação incrível. Se hoje estou representando todos os cachoeirenses que foram atrás do mundo, e que por obra do destino não puderam voltar definitivamente, isso só pode significar uma honra para a gente".

 

Talentos

"Mas eu não posso deixar de me lembrar de muita gente que também poderia estar aqui. Posso falar, por exemplo, no campo da música, do maestro Dalton Coelho. Posso falar do grande músico Marcos Levy (guitarrista e produtor radicado em Portugal)... posso falar, no campo das letras - por exemplo - de ArílioDias, que poderia estar aqui. Posso falar de tanta gente, mas de tanta gente, que seria injusto se eu me alongasse mais...Porque cachoeirense tem essa coisa, cachoeirense não cabe, cachoeirense é mais, cachoeirense se expande. Cachoeirense vai além, é insatisfeito, é questionador,não se contenta com pouco...cachoeirense quer o mundo".

 

Referências

"Vejo pessoas aqui que fazem parte da minha história, que são essenciais na minha vida. Vou citar aqui Orlando Novaes e Vicente Paulo de Miranda. Cito eles porque meu pai, talvez o cachoeirense com uma alma de cachoeirense como poucos, mas que não nasceu em Cachoeiro de Itapemirim, nasceu em Caiana, em Minas Gerais, mas que fez de Cachoeiro de Itapemirim a sua vida, uma cidade que ele amava, uma cidade que ele honrava e respeitava... seuJosé Dias Netto, meu pai, era apaixonado por Cachoeiro de Itapemirim. E não admitia sequer que fosse comparado com qualquer outro lugar no planeta. Era um cachoeirense assim como Regina Monteiro. Era um cachoeirense presente que não nasceu, mas sempre esteve aqui. Porque citei doutor Vicente e doutor Orlando? Porque o estrangeiro que chega encontrou apoio para prosperar nestas duas pessoas. Meu pai dizia que tio Vicente era o seu melhor amigo. Cresci aprendendo a admirar a honra, o trabalho, a luta, o desprendimento. Então, isso forja o meu caráter e espero que se transmita também para os meus filhos. Vejo aqui meu professor Rogério, do Polivalente, e minha professora Marília (de Medeiros Mignone), da Faculdade de Direito. Vejo colegas, advogados. Vejo tanta gente importante, não vou falar de todo mundo, senão vou acabar esquecendo alguém...Vejo gente da minha família, Rosana(Santos Coelho Mucelini, prima), tio Gastão (Coelho).Vi minha família lá na chegada, o que me deixou praticamente sem voz..."

 

Raul Sampaio

"Mais feliz do que ter sido escolhido Cachoeirense Ausente, foi ter sido escolhido no ano em que o poeta da paixão -aquele homem que fez as mais belas canções, integrante do Trio de Ouro, o compositor do hino da cidade e do meu time de coração, Estrela do Norte -, Raul Sampaio, também é homenageado. O Raul é o pai do Zé Cocco, amigo de infância, que também foi me receber. Ser homenageado junto com Raulé um privilégio muito grande".

 

Bairrismo

"O professor João Baptista Herkenhoff ressaltou em artigo recente, na sua coluna no jornal A Gazeta, a alma do cachoeirense. O que é a alma do cachoeirense... Honrou-me muito está aqui neste rol, destas pessoas que sustentam esta alma. Conversei com Marcos Levy ontem. Ele me ligou de Portugal, me parabenizando... e me disse o seguinte: Zedu, estou em Portugal há décadas, e eu já não digo que sou brasileiro. Mas nunca deixo de dizer que sou de Cachoeiro de Itapemirim. Cachoeiro de Itapemirim, aliás, deveria ter embaixada e a gente deveria cobrar ingresso para entrar aqui".

 

Agradecimento

"Eu queria agradecer pela presença de cada um de vocês aqui... sobretudo, e evidentemente, à mulher que divide o que há de melhor e pior em mim, minha esposa, Kátia. Agradecer aos meus filhos, que são companheiros, estão juntos sempre, são meus parceiros...estão aqui o José, o Heitor e o Davi... aAline e a Marcela vão chegar a tempo de aproveitar a festa...Tenho muitos agradecimentos a fazer, tenho agradecimento especial a fazer à Marilene Depes... é uma daquelas pessoas também que a gente cresce com o imaginário: meu Deus, um dia eu quero conhecer esta mulher... uma pessoa fascinante... Ao prefeito Vitor; ao vice Jonas (Nogueira), meu colega de grupo de WhatsApp;  à advogada querida (e vereadora) Renata (Fiório)... a todos vocês".

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