Ainda não há prazo para término de reparo em calçada - Jornal Fato
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Ainda não há prazo para término de reparo em calçada

Em 2021, Prefeitura de Cachoeiro desobstruiu sistema de captação de água de obsoleta rede de drenagem na Lacerda de Aguiar, mas trecho onde houve desmoronamento não foi contemplado


Em 2021, Prefeitura realizou obras para desobstruir galerias na região - Márcia Leal/Arquivo (2021)

No trecho de calçada que desmoronou na manhã de segunda-feira (01), ferindo um octogenário médico ortopedista, às margens da Avenida Francisco Lacerda de Aguiar, no bairro Gilberto Machado, equipe da Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim (PMCI) trabalha para reparar a antiga rede de drenagem colapsada, provável causa do impressionante acidente que teve repercussão nacional.

Além disso, será preciso aterrar e fazer a compactação do solo, para a reposição do calçamento. Mas ainda não há um prazo para o término da obra de reparo, informa a PMCI.   

Em 2021, a Secretaria Municipal de Manutenção e Serviços (Semmat) fez parte da desobstrução do obsoleto sistema de captação de água da rede drenagem da avenida.

O trecho onde está situado o pedaço da calçada que desabou não foi abrangido, porém. À época, a Prefeitura de Cachoeiro afirmou que "a maior parte das caixas de captação de água da avenida encontrava-se obstruída por causa de intervenções feitas por moradores e comerciantes ao longo dos anos. Isso tem contribuído para a ocorrência de alagamentos na região em períodos chuvosos, sobretudo na rotatória da praça da Unimed".

 

 

Além da construção de novas caixas de captação e desobstrução das que já existiam, a Semmat informou que estava fazendo a troca de manilhas da rede de drenagem que estavam danificadas.

O secretário municipal de Obras, Rodrigo Bolelli, contudo, admite que o antigo sistema de drenagem da região, em funcionamento há cerca de 40 anos, precisa ser completamente refeito.

Em entrevista à TV Gazeta Sul, o secretário disse que há projeto na Câmara de Vereadores que prevê a captação de recursos para o empreendimento.

A demanda foi identificada no "Plano de Drenagem Municipal", elaborado há quatro anos, em conjunto com a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

O estudo teria detectado a necessidade de seis grandes sistemas de macrodrenagem: no bairro Gilberto Machado, Marbrasa, Coronel Borges, Campo Leopoldina, Rui Pinto Bandeira, e Linha Vermelha, onde está sendo construído.

 

Câmara de Vereadores

O Poder Legislativo cachoeirense, contudo, alega, por meio de "nota de esclarecimento" divulgada hoje (03), que: "Atualmente, não há, na Câmara, nenhum projeto de lei protocolado pela Prefeitura que faça menção explícita a qualquer obra de drenagem em qualquer ponto do município".

Prossegue o texto: "No entanto, lembramos que, em 2019, a Câmara aprovou matéria autorizando a Prefeitura a contratar empréstimo no valor de R$ 85 milhões para utilizar em obras de infraestrutura, dos quais R$ 15 milhões seriam para obras de drenagem na cidade - sendo que, em 2021 foi realizada uma grande intervenção na Avenida Lacerda de Aguiar, do Posto Sena à Praça do Hospital Unimed, incluindo o exato trecho onde ocorreu o acidente, em que várias máquinas trabalharam por dias seguidos.

Sobre o novo projeto mencionado pelo Secretário, acreditamos que seja o Projeto de Lei 5/2024, em que a Prefeitura solicita à Câmara autorização para pegar mais um empréstimo, agora no valor de U$ 50 milhões, ou seja, cerca de duzentos e cinquenta milhões de reais, junto à Corporação Andina de Fomento, que é uma instituição com sede na Venezuela, para investir em obras de infraestrutura.

Ocorre que este projeto tem apenas trinta linhas, nenhum anexo explicativo, e não cumpre vários requisitos legais, ou seja, não traz nenhuma informação sobre quais são estas obras, em quantos anos este empréstimo vai ser pago, qual o valor das parcelas e qual o peso que essas parcelas teriam no orçamento do município. O projeto também não demonstra a idoneidade da instituição bancária e nem a capacidade do município para arcar com esta responsabilidade, até porque Cachoeiro já está pagando por outros empréstimos feitos no passado - será que teremos condições de arcar com mais um, sem comprometer os cofres públicos, sem prejudicar os serviços prestados à população?

Enfim, o projeto não traz informações indispensáveis para que a Câmara possa analisar se deve ou não autorizar o empréstimo. O que se sabe sobre a matéria foi apenas o que o Prefeito informou em reunião com alguns vereadores. Mas os dados precisam ser formalizados, para que os vereadores tenham certeza sobre o que estão votando. Não podemos dar um 'cheque em branco' ao prefeito, até porque isso seria totalmente ilegal".

 

 

 

 

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