Cachoeiro de Itapemirim é celebrada - Jornal Fato
Festa de Cachoeiro

Cachoeiro de Itapemirim é celebrada


 

Marcos Leão

 

Berço de poetas, escritores, músicos - e de muitos outros talentos, em diversas áreas do conhecimento humano -, Cachoeiro de Itapemirim completou 150 anos em 25 de Março. Mas a festa é agora, em 29 de Junho, "Dia de Cachoeiro", quando toda "a mítica" envolvendo a cidade vem à tona. 

 

Criação do poeta Newton Braga no fim da década de 1930, a Festa de Cachoeiro teve a sua data muito bem programada. Não era conveniente fazer a comemoração no aniversário de emancipação política (25 de março) - período próximo ao Carnaval, além disso é um mês no qual o famoso "calor senegalês" da cidade torna proibitivos os ternos e vestidos que a ocasião exige. 

 

O dia escolhido então foi o de São Pedro, celebrado em 29 de junho, época em que a temperatura já está mais amena com a chegada do inverno.

 

BAILE DE GALA

 

 

Um dos pontos altos da Festa de Cachoeiro é o baile a rigor oficial, único evento "black tie" promovido atualmente no Espírito Santo. Realizado no Caçadores Carnavalescos Clube desde 1942, chega à 75ª edição.  

 

Tradicionalmente, a música Meu Pequeno Cachoeiro - de autoria de Raul Sampaio e imortalizada na voz do rei - é cantada ao final do baile de gala, quando uma das históricas bandas do município - a Lira de Ouro ou a 26 de Julho - faz uma performance no salão. O show costumava terminar nas ruas do Centro da cidade, com os "foliões" seguindo os músicos.

 

Fundado em 22 de maio de 1900, o Caçadores Carnavalescos Clube completou 117 anos de história. O fato de o sofisticado evento ser promovido por quase oito décadas no centenário clube é mais uma das peculiaridades de Cachoeiro de Itapemirim.  

 

"É o mais antigo baile de gala do Brasil. Não se tem notícia de um evento desse tipo realizado há tanto tempo", disse Regina Grafanassi, ex-diretora social do Caçadores e a primeira mulher a ser eleita Cachoeirense Presente Nº 1, em 2000. 

 

Palco de concorridos bailes de carnaval, de debutantes, recepções de casamento e de constantes e variadas atividades culturais até o princípio da segunda metade do século 20, o clube continua como um ponto de referência para celebrações festivas no Centro de Cachoeiro.

 

A tradição é mantida pelo presidente Cláudio Guimarães, com o apoio de voluntários e do empresariado cachoeirense.

 

O grande homenageado da noite é o Cachoeirense Ausente Nº 1. Há tempos o Cachoeirense Presente também é celebrado. 

 


ARTISTAS

 

No ano de 1962, não houve entrega do título de Cachoeirense Ausente. Por conta da morte do idealizador da Festa de Cachoeiro, foi prestada uma homenagem póstuma ao prórprio Newton Braga

 

Na "noite glamorosa", o salão do Caçadores já foi frequentado por ninguém menos do que Roberto Carlos (Cachoeirense Ausente de 1967), o compositor Raul Sampaio (Ausente de 1969), os atores Jece Valadão (1971) e Carlos Imperial (1973), o cantor José Lopes (1999), além do "cronista-mor" Rubem Braga (1951).

 

No ano de 1962, porém, não houve entrega do título. Conforme publicado no livro 'Cachoeirenses Ausentes desde 1942',  "por conta da morte do idealizador da Festa de Cachoeiro, foi prestada uma homenagem póstuma ao próprio Newton Braga, autor que registrou em verso e prosa o seu imenso amor pela terra natal".

 

O livro foi produzido pela Prefeitura de Cachoeiro em 2011 para celebrar o centenário de nascimento do poeta.

 

Roberto Carlos (Cachoeirense Ausente de 1967)                                     Jece Valadão (Cachoeirense Ausente de 1971)

 

Rubem Braga (Cachoeirense Ausente de 1951)                               Carlos Imperial (Cachoeirense Ausente de 1973)

 

HISTÓRIA

 

O historiador José Pontes Schayder lembra que Cachoeiro foi a cidade mais importante do Estado até o fim da década de 1920. Toda a economia capixaba era baseada na cafeicultura. Cachoeiro, além de ser o maior colégio eleitoral, era o centro financeiro, político e de transporte, por compreender movimentado entroncamento ferroviário.

 

A partir de 1930, o governo federal, exercido por Getúlio Vargas, faz intervenção no Espírito Santo, centralizando as decisões político-administrativas em Vitória.  Cachoeiro, fragilizado por causa da crise do café, não teve como competir. 

 

"A cidade começou a perder prestígio e influência, desde então vem tentando se recuperar. Percebo saudosismo, talvez o cachoeirense se ressinta de ter tido um passado tão glorioso e na atualidade, uma participação secundária no cenário estadual", observa o historiador, para concluir: "É preciso liderança política e união, que Cachoeiro volte a ter papel de articulador na região, para que faça valer a voz do Sul do Estado". 

 

O historiador José Pontes Schayder lembra que Cachoeiro foi a cidade mais importante do Estado até o fim da década de 1920

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